Thursday, June 28, 2007

 

Homenagem a Nuvem Cigana....

Os picadinhos quadráticos de Mondrian vão emoldurar a parede do futuro...
As cores constrastando com o alvo, o negro e o mulato no escuro…
Um Sá, um são, unção, quiçá Carneiro, e luminárias novas alumiando o que é turvo...

Avencas, desavenças, despencando em pencas, aliterando e reiterando.
Cabelo duro, pé de moleque, o doce é light, o açúcar é zero, a Coca nos toca,
Dizia a artista: intimo o íntimo? Viramos estrangeiros em nós mesmos?

Dá-me vênia, foi semana de nuvem cigana....

O idílio foi de férias, saiu nela para longe, paragominas, para os barbudos...
As barbadas da vida; Ou depois barbados... onde se ganha fácil. Onde se cai do cavalo, onde não há orvalho... Dilapidado, ficamos na solidão, de ver a alma alva, a alma-alvo.

Mas as férias foram a trabalho, ensinei castelhano, ensinei barra-canos, ensinei
truques e vi seus abanos. Dei de comer, dei de mamar, abandonei o bar...
Voltei ao bar, voltei ao lar... Saí correndo, tremendo e doendo... Saí pra não falar....

Ficou o açodo, o açude seco, sem uma crença, apesar da brancura onde a mancha se encaixa com prefeição. Onde é fácil a absorção. Para quem canto mantras, executo tantras... E tantas as tentativas mas não sou patativa com vida-tiva...

De Assaré, nem quadros de Quinderé, já se anuncia que perdemos o fôlego,
O fole céltico nos anuncia... O tom fúnebre, sorriso mais korega do que kolinos,
Subo os montes, ouço sinos, vejo almas, fecho os pinos.... Vejo Deus e regozijo....

 

Ecclesiastes

Tudo tem um tempo próprio

Existe um tempo próprio para tudo, e há uma época para cada coisa debaixo do céu:

Um tempo para nascer e um tempo para morrer; um tempo para plantar e um tempo para colher o que se semeou;

Um tempo para matar, um tempo para curar as feridas; um tempo para destruir e outro para reconstruir;

Um tempo para chorar e um tempo para rir; um tempo para se lamentar e outro para dançar de alegria;

Um tempo para espalhar pedras, um tempo para as juntar; um tempo para abraçar, um tempo para afastar quem se chega a nós;

Um tempo para andar à procura e outro para perder; um tempo para armazenar e um para distribuir;

Um tempo para rasgar e outro para coser; um tempo para estar calado e outro tempo para falar;

Um tempo para amar, um tempo para odiar; um tempo para a guerra, e um tempo para a paz.

O que é que uma pessoa realmente obtém com o seu esforço?

Pensei nisto em relação às várias espécies de trabalho que Deus dá à humanidade.

Tudo tem o seu tempo próprio. Mas ainda que Deus tenha posto no coração do ser humano a ideia da eternidade, mesmo assim o homem não consegue atingir inteiramente o propósito das obras de Deus, desde o princípio até ao fim.

Aquilo que acontece agora, no presente, tanto como o que vai acontecer mais tarde, já se produziu no passado. Deus faz com que os fatos se repitam.

Monday, June 25, 2007

 

Saiu minha primeira tradussa



ECONOMISTA CLANDESTINO, O TIM HARFORD ISBN: 9788501076137 Editora: EDITORA RCB Número de páginas: 336 Encadernação: Brochura Edição: 2007 LANÇAMENTO
Leia a sinopse
De: R$ 44,00 Desc.: R$ 8,80
20%
Por:R$ 35,20
Prazo de entrega:Normalmente de 3 a 12 dias úteisClique aqui para mais informações.


Tim Harford mostra como os princípios econômicos estão por trás das mais corriqueiras atividades e explica sua influência em situações que vão desde os congestionamentos nas grandes cidades até o alto preço do café, por exemplo. O autor revela que eventos diários, sob a ótica dos economistas, tornam-se complexos jogos de negociação, disputas de forças e batalhas de inteligência.

 

Dor Física e Minha Cervical de Farofa

É impressionante o que a dor física, sobretudo quando aguda e constante, provoca em termos de reflexão.

Com efeito, em primeiro lugar, mostra-nos com muita clareza que a matéria é precária e fragilíssima, de maneira que o nosso corpo físico, que é o veículo de que nos valemos para transitar pelo planeta Terra, de repente, num átimo, fica travado, dependente de quase tudo e, às vezes, de tudo, à mercê da compreensão, da benevolência e da boa vontade dos familiares e dos amigos.
Em segundo lugar, mostra-nos que devemos valorizar, e muito, todos os instantes em que desfrutamos de saúde física plena, que nos permite a livre movimentação, o trabalho, o estudo, a própria reflexão, etc., uma vez que, em geral, não nos damos conta de que os ombros, os joelhos, as mãos, por exemplo, participam de todos ou de quase todos os nossos movimentos, de sorte que se essas estruturas estão bastante enfermas ou simplesmente não estão bem, mesmo que isoladamente, o nosso corpo físico passa a estar comprometido para os mínimos movimentos, para as mínimas coisas, por mais elementares que sejam. E isto para não citar, propositadamente, o que representam para a nossa existência física o coração, a visão, a respiração...

Em terceiro lugar, a dor física quando chega altera a nossa escala de valores, fazendo com que aquilo que muitíssimo valorizávamos há um minuto atrás, passe a não ter valor ou, pelo menos, a não ter o valor que lhe atribuíamos. Por outro lado, em geral, passamos a dar enorme valor à saúde física, ao mesmo tempo que nos recriminamos por não termos enxergado algo tão evidente, evidentíssimo.

Em quarto lugar, de um modo geral, a chegada da dor física torna-nos mais humildes, na medida em que percebemos a ampla fragilidade de nosso corpo físico, assim como que estamos aqui de passagem, já que a Terra é verdadeiramente um educandário, um hospital, de modo que nela não estamos em férias. Ao contrário, aqui nos encontramos para aprender, muito aprender, inclusive com a dor ou pela dor.

Por último e por outro ângulo, nessas brevíssimas observações, temos que convir que a dor física é também uma bênção, embora não pareça, exatamente por ser o aguilhão que nos recoloca no caminho da evolução, revelando-nos a importância da busca constante do auto-aperfeiçoamento e, por igual, servindo-nos de alavanca para o progresso, em suas múltiplas expressões, que deve ser permanente, de molde a nos conduzir à perfeição relativa e à suprema felicidade, destino final dos seres humanos e, portanto, nosso verdadeiro ponto de chegada.

(Jornal Mundo Espírita de Agosto de 1998)

 

Talmud

Wisdom is knowing what to do next, skill is knowing how to do it, and virtue is doing it......

Sunday, June 24, 2007

 

Rita Moutinho

(A Rita e o Leo, vi os dois no Sabadoyle, eu sozinho, sozinho, no meio de uma familiada sem fim dos dois, ambos na "coronation" do casamento da Rita depois de vinte anos com o Ricardo, "no solamente tuvo" essa felicidade, mas sim a de se tornar no meu ponto de vista, longe, longe a maior poetisa viva no Brasil e falo sem exagero, vai ai pra enterrar as sombras... and any doubts about it.... Soneto no es juguete de chicos.....)


“O livro Sonetos dos amores mortos, de Rita Moutinho, traz consigo, e para nós,
o choque, a ferida sangrando dos amores desgarrados, perdidos, ou extraviados, no dia a dia, no corpo a corpo, da aventura humana. O vigor da linguagem sabe, com raro apuro verbal, dizer as formas da perda ou do luto.
A alta temperatura afetiva organiza o tenso convívio das palavras: o desacordo e o acordo. O que o tempo desfez a linguagem refaz, porque só ela é capaz de guardar o tesouro escondido, e recuperar a sua voz silenciada." EDUARDO PORTELLA

“Em Rita Moutinho, particularmente nestes estupendos Sonetos dos amores mortos, percebe-se que a intensidade do sentimento lírico, aqui e acolá atravessada pela mais cortante ironia, se articula de modo admirável ao trabalho com as formas fixas do verso e do poema, gerando um conjunto coeso que transforma a cinza do amor na cintilação e na brasa perpetuamente renasci da do poético.” ANTONIO CARLOS SECCHIN



SONETOS
DOS AMORES
MORTOS


Soneto pós-moderno do adeus definitivo

A névoa do silêncio é tão intensa
que sinto o triz do adeus definitivo.
Minhas palavras morrem na sentença:
— Morri, adeus, não salve meu arquivo!

Deletar a saudade, tua presença,
é pôr no coração vácuo afetivo.
A razão corrobora e inda me imprensa:
— Morreu, adeus, o morto cinge o vivo!

Se não há par, irei salvar-me como?
Vivente, eu me formato como morta
e ponho uma redoma em torno à dor.

Emprestado do breu o luto eu tomo
e faço uma incisão em minha aorta.
Teclas líricas morrem. Adeus, amor!


Soneto da despedida felliniana

Aos poucos a esperança entra no beco
e dá com um paredão inexorável.
Tento britar o fim que há no concreto,
nenhuma fresta se abre nesse entrave.

Olho o céu. Sob os astros, vejo um teto
de nuvens carregadas e negra ave
a dizer "nunca mais" em tom severo,
uma sentença breada que me abate.


Carrego na bagagem rosas, cardos,
alegres beija-flores, vis abutres,
estivais cobres, chumbos invernados.

Embarco com o passado e com Schubert.
Silva uma nênia, já la nave va.
Cinzas do amor mergulham no alto-mar.


Soneto do fim de caso com mágoas e ódio

Tu me disseste pluma, docemente,
quando o sumo do caso inda ebulia,
que tinhas de serrar nossa corrente.
Meu meio aro de ferro, em avaria,
não sangrou, continuou férreo e imantado.
E havia a sina: tanto adeus falido
e tanto reencontro emocionado ...
Mas era cova funda o concluído.
O ferro enferrujado por sal e águas,
que viam os calendários a se esvair,
deu tétano, fechou a glote, e as mágoas
e o ódio eram os adjetivos no exaurir.
Por pressão dela tive árduo final.
Antes houvera um crime passional!


Soneto do martírio dos motivos poeticamente superado

o relacionamento acaba e, então,
nas ramificações de urdido arbusto,
se escondem os motivos da cisão,
e a mente encontra a luz com muito custo.

Não me cura o consolo da razão,
ao elemento terra não me ajusto.
Que a dor em fogo, ardendo na emoção,
poética explique o fim do amor augusto.

Éramos algodões-doces, mas desfiamos
na boca de um acaso corrosivo
que dissolveu o açúcar do encanto.

Não lamentar, louvar! Amar? Amamos!
Que fique na memória o mel festivo,
mais pungente o sorriso do que o pranto!


Soneto amargo para dia de desespero

Um lobo uiva na lua do meu peito,
uma cruz me aprisiona com seus pregos,
uma insônia revolve a paz do leito,
uma pena de cacto esvai teu espectro
num poema com visco, contrafeito,
numa rima que ecoa, em outra sem eco,
numa imagem que trunca o fluir perfeito,
num metro em que não cabe o meu flagelo.
É que hoje tua memória é ave implume,
a frustração um soco numa nuvem,
a nostalgia é fruto oco de sumo.
É que hoje o teu vazio é um mar mudo,
a solidão uma forca com algoz negro,
a saudade uma face sem espelho.

Extraídos de SONETOS DOS AMORES MORTOS.


ROMANCEIRO
DOS AMANTES


SONETO DOS DESENLACES

São cristais com clivagem os casamentos.
Sabemos sem restauro as alianças
que foram de ouro em dilatado tempo
e hoje são doridas dissonâncias.

Urge rarefazer ares sem esto,
e juntos, amparados, na balança
pesamos o bolor dos desalentos,
cogitamos no abrir nossas ventanas.

Nosso encontro fundava os desenlaces,
mas não nos prometíamos: apenas,
assemelhados com a alma azul das aves,

azulávamos nuvens dos combates
como éramos: sensíveis tais avencas
com raízes/hastes na eternidade.


SONETO DO EQUINÓCIO ADIADO

Hoje o silêncio corta o fio do equador
e incomunicáveis os pólos orbitam
desgarrados da esfera terrestre. O calor
e a ardência tropical, mudos, se gelificam.

No equinócio, dia e noite — assim como o amor —
se equivalem e por isso se presentificam
o equilíbrio, a medida-anel do cobertor
e do corpo gelado quando se unificam.

Estamos na distância e no incomunicável
por motivos que nem os astros nos explicam.
Medo? Será o medo que faz dissociável

a junção dos amantes que se estigmatizam?
A nódoa do pecado no imo é implacável.
E, súbito, equinócio e harmonia se adiam.

SONETO DO PODER MORRER

Mais uma vez os olhos se fitaram,
e as íris se abriram para a luz.
Nossas palavras, níveas de vis máscaras,
eram de novo o raio que seduz.

O que me dizes pluga o lume da alma,
o que te digo deixa os freios nus.
Ai como este romance me aclara
o enigma de Bentinho e Capitu!

Só quem viveu uma história misteriosa
com sabor de realismo que é fantástico
há de saber que dentro dos emboras,

viaja-se no pêlo nu dos ácidos,
incorpora-se a dor de cravo e rosa
e escreve-se: "Vivi!", como epitáfio.

Saturday, June 23, 2007

 

Minha Primeira Ikebana



Tuesday, June 12, 2007

 

Cortázar

Bruma

Publicado en la revista Addenda, julio de 1934

Buscar lo remoto con férvidas ansias
Y en limbos extraños hundir obstinado el deseo.
Que el ritmo, lo Impar de Verlaine nos conduzca
Y acordes oscuros de queda armonía
Marquen nuestros pasos sobre el gris sendero.
Debussy... maestro... quiero sinfonías
Que esbocen con notas pinturas de nieve y acero:
Baudelaire... te pido me des una pluma
Que en noche de insomnio
Hayas estrujado contra tu cerebro.
Manet, por los bordes de tus concepciones
Vagaré anhelante de encontrar lo Bello
Que me niegan todos
Los que no han tenido como tú el llamado
Del aire, del ritmo, del amor y el cielo.
A aquellos que ansiosos de altura
Con honda ternura se aferran al Arte dilecto.
Quiero incorporarme: desdeñar los claros,
Firmes horizontes del actual camino
Que hallaron mil veces los genios. Prefiero
Con gesto absoluto y un rictus de firme osadía
En limbos extraños hundir obstinado el deseo.
Buscar lo remoto con férvidas ansias...
Yo que sé que es difícil, vago e hipotético.
Pero no abandono ni a Verlaine ni a Byron,
Porque... ¿quién lo sabe?
¡Acaso de pronto, nítido y brillante
Del fondo impreciso de mis horizontes
Brote el gran misterio...!

Monday, June 11, 2007

 

Lampard CR

Quem tem medo do Fundo Monetário?
06/06/2007

O que é bom para o Fundo Monetário Internacional (FMI) nem sempre é bom para o Brasil. Um exemplo: o Plano Real, lançado em 1994. O plano era bom para o país, mas não era para o Fundo. O governo brasileiro pediu apoio à instituição e não obteve. De 1998 a 2005, no entanto, o que era bom para o FMI foi providencialmente bom para o Brasil.
O país quebrou três vezes nesse período (1998, 1999 e 2002) e, nas três ocasiões, foi socorrido pelo Fundo. Com pragmatismo, o presidente Lula teve com o FMI uma relação mais próxima do que seu antecessor, que, desde a rejeição ao Plano Real, passou a ver a instituição com enorme desconfiança.
O FMI ainda faz parte do imaginário brasileiro como algo negativo, demoníaco até. Na história, os populistas de plantão, principalmente nos momentos de fraqueza, sempre aproveitaram para explorar o fato politicamente. JK rompeu com o Fundo. Collor aplicou reprimenda pública num funcionário da instituição - o argentino José Fajgenbaum, que, ao chefiar missão técnica que veio ao país em 1991, cometeu a "ousadia" de sugerir a realização de reformas constitucionais.
Há duas semanas, Fajgenbaum, que hoje é vice-diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI, esteve no Brasil chefiando mais uma missão técnica. Neste momento, o país, graças aos bons ventos da conjuntura internacional e à adoção de uma política econômica razoavelmente sensata, não está sob a vigência de um acordo com o Fundo. Em outras palavras, não deve um centavo à instituição, uma vez que, no fim de 2005, o governo, acertadamente, quitou antecipadamente a dívida - e o fez, com grande alarde, para o deleite das hostes petistas e da esquerda em geral.
O que trouxe, portanto, uma missão do FMI ao Brasil em tempos de calmaria? Como país-membro da instituição, o Brasil concorda que, uma vez por ano, técnicos do FMI avaliem a situação da economia e produzam um relatório com diagnósticos, comentários e sugestões. Infelizmente, e essa não é uma tradição apenas do governo Lula, as autoridades brasileiras não autorizam a divulgação dos documentos produzidos. Provavelmente, temem os efeitos das análises e recomendações do Fundo na opinião pública, supostamente sempre pronta a acusar a instituição de querer se intrometer onde não é chamada.
Trechos da "Declaração Conclusiva" produzida pela missão que veio ao Brasil foram publicados, no entanto, pela revista "Carta Capital" em sua última edição. No texto, os técnicos do Fundo sugerem que o governo aproveite a forte demanda privada, que tem provocado um aumento significativo na arrecadação de impostos, para considerar a elevação da meta de superávit primário das contas públicas, hoje de 3,8% do PIB.
Maioria do CMN quer inflação menor
Um superávit maior que o programado daria à política fiscal um elemento anticíclico. A idéia central desse mecanismo é que o governo, nos períodos de bonança, economize mais, abrindo espaço na economia para o investimento privado. No cenário oposto, de menor crescimento, o governo aumenta o gasto, contribuindo para amenizar os efeitos de menor expansão do PIB. A idéia chegou a ser debatida há dois anos pela equipe econômica, mas depois foi abandonada.
Um superávit primário maior, diz o FMI, ajudaria a aliviar a pressão existente hoje sobre o câmbio, além de fortalecer a sustentabilidade da dívida pública. Um maior folga fiscal permitiria ao Banco Central intervir mais no mercado de câmbio e acumular mais reservas, na medida em que o custo fiscal das esterilizações seria mitigado. O FMI lembra que um superávit fiscal maior ampliaria o espaço para a queda dos juros. Finalmente, o Fundo propõe a contenção do gasto público, medida que ajudaria a criar espaço para elevar os investimentos em infra-estrutura e, gradualmente, reduzir a carga tributária.
A revista "Carta Capital" revela ainda que o FMI sugeriu a realização de novas reformas constitucionais e a redução, para 4%, da meta de inflação de 2009, a ser fixada no fim deste mês pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As sugestões estão em linha com o que especialistas vêm defendendo no Brasil. A idéia básica é que o Brasil deveria aproveitar o momento favorável para aprofundar o ajuste fiscal iniciado em 1999, acelerar o processo de desinflação e, assim, criar as condições para o país crescer de forma acelerada no médio e longo prazos.
As recomendações incomodaram profundamente o ministro da Fazenda, Guido Mantega, como demonstra entrevista publicada na mesma edição da "Carta Capital". Mantega diz que, com ele no comando, a "imposição" do discurso do FMI acabou por completo. Aparentemente, o que mais incomodou o ministro foi a sugestão de redução da meta de inflação, de 4,5%, em 2007 e 2008, para 4% em 2009. Mesmo reconhecendo que ainda não tem posição tomada a esse respeito, Mantega deu a entender que não concorda com a mudança. Disse também que a redução não está sendo discutida no governo.
O assunto está, sim, em debate. Dos três integrantes do CMN, instância que define oficialmente a meta, dois - o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles - querem reduzi-la em 2009. No Palácio do Planalto, de onde, em última instância, sairá a decisão, assessores do presidente Lula dão conta de que ele, como sempre, está inclinado a adotar a inflação mais baixa. Mesmo no Ministério da Fazenda, tem gente boa defendendo a medida.
Atribuir a redução da meta de inflação a uma proposta do FMI é diversionismo. Do tipo: "Credite-se ao demônio a origem de uma idéia e, pronto, estará interditado o seu debate". Funcionou na campanha eleitoral de 2006 com as privatizações.
Lula, no fim, pode ser premido politicamente a manter a meta em 4,5%, mas Mantega terá que explicar por que justamente o ministro da Fazenda defende uma inflação maior, como, aliás, "nunca se viu antes na história deste país". Agindo dessa maneira, ele entregará de vez a Henrique Meirelles o título de "fiador da estabilidade econômica".

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Free Web Site Counter
Free Counter