Friday, August 31, 2007

 

Luz...


Lembrou Pio Corrêa, como bem me lembrou um amigo, que o Roberto Campos disse que o Brasil, e, por definição, os brasileiros, nunca perdem a oportunidade de perder uma oportunidade. Frase boa e lapidar. Ontem como descrito abaixo, o dia tava feio, tempo fechado. Ligo a esmo a televisão e cai no programa do PSTU que clama por um plebiscito para nacionalizar a CVRD, contra a reforma previdenciária, e mais outros dois temas que me esqueci, mas tinham que ver com a ganância de banqueiros, ou os juros que pagávamos. Juros extorsivos estes porque... deixa pra lá. Enfim, zap...zap... Orwell está vivo. Pensei: amanhã é outro dia. Então que bom dia, para quem nasceu depois do dia ruim. Das trevas fez-se a luz, fato que nem o PSTU contestaria, espero. Que bom, que alegria, felicidade ao felizardo ou felizarda que nasceu batendo a porta na cara de Agosto. Indulgências plenas em ordem para o dia. Então curiosidades sobre o dia. Com a ressalva que tinha informação que era dia de José de Arimatéia e Nicodemo, acho, para a Santa Igreja.

DATA- 31 DE AGOSTO DE 2007 - DIA - SEXTA-FEIRA

AGENDA HOLÍSTICA
Pelo amor. Pela vitória. E pela Glória de Deus.
Nascimento do Sol- 6h28. Ocaso- 17h52
Estação – É INVERNO e permanecerá até dia 23/09 ás 6h52.

ANJO DO DIA: de acordo com a tabela do cabalista Lorenz o anjo de hoje é o Nº 19- LEUVIAH (Levavi- Yah). Quem nasce nos dias 24/1; 7/4; 19/6; 31/8 ou 12/11 tem esse anjo como protetor. Sua principal característica é a paciência.

Versículo Mágico – Latim: (Expectans expectavi Dominum, et intendit mihi). Tradução: Esperei ansiosamente pelo Senhor. Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu grito.

Vela: verde ou rosa oleada com hortelã. Incenso: tabaco ou almíscar
Talismã: quartzo verde. Dia: sexta - feira. Salmo: 40 / 39:2


SANTO DO DIA: A Igreja Católica celebra hoje o Dia de São Raimundo Nonato.
Espanhol, nascido em Portel, por volta de 1200. Esse nome, “nonato”, significa não nascido, porque foi retirado do ventre de sua mãe já morta. Nascido em família pobre, foi pastor de rebanhos. Mais tarde foi para Barcelona e entrou na Ordem das Mercês, ou mercedários, fundada por São Pedro Nolasco, e passou a dedicar toda a sua vida à libertação dos escravos da Espanha, chegando até a entregar-se como um deles na Argélia em 1226, com o objetivo de animar os prisioneiros para trabalhar pela libertação.

Com essa atitude, São Raimundo a muitos incomodou, desencadeando diversas perseguições. Para impedir que continuasse denunciando as injustiças e pregando o Evangelho da Libertação, seus perseguidores furaram-lhe os lábios e trancaram com um cadeado.

Depois de resgatado, foi proclamado cardeal e conselheiro particular pelo papa Gregório IX, e acabou por falecer com a saúde arruinada em 1240. Pela sua difícil vinda ao mundo, é invocado como o protetor das parteiras.

Oração: Ó Deus, que concedestes grandes graças a São Raimundo Nonato, tornando-o fiel propagador dos Santos Evangelhos, concedei-me, a mim também ser sempre firme na defesa da fé e da Verdade trazida por Cristo Jesus. São Raimundo Nonato, rogai por nós.

MAGIA DOS SALMOS
Rezemos o Salmo 43/42 durante sete dias ou sete vezes num dia. Este Salmo emana vibrações que nos ajudam a encontrar um bom advogado.

PALAVRAS SAGRADAS
Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem; levem-me elas ao seu santo nome, e à tua habitação.(Salmo 43/42:3 )

O signo é o de Virgem e permanecerá até dia 23 de setembro às 6h52. O arcanjo que rege este signo é Rafael.

Reflexão: Os sonhos são dramatizações de nosso subconsciente. Quando estamos dormindo, nosso subconsciente está bem acordado e ativo, pois não precisa do sono. Nosso subconsciente geralmente nos fala em linguagem simbólica. Os sonhos podem revelar as respostas para muitos dos nossos problemas.

NÚMEROS DE SORTE E SONHOS
Os números com maior vibração de sorte de acordo com a astrologia, para hoje são: 1455; 4,10,13.

Se você sonhou com algum beco, os números com maior vibração de sorte são: 07-25; 453; 1153; 63-90-16-73-29 .

Palpites para a Loteria: avestruz e galo.

Thursday, August 30, 2007

 

Burritos

Que dia de merda! Nunca na história desse país, desde Tomé de Souza houve um dia tão horroroso e merda como este de hoje. Aliás já vinha sendo o pior dia da galáxia desde o big-bang e se agravou quando o Souza perdeu aquela penalidade máxima ontem. Dia ruim, dia péssimo, dia hediondo, dia-dorim... Que venha a noite....

Somente o Brad Nowell (R.I.P.) do “Sublaime” para definir o tal do dia…

I don't wanna go and party
I don't wanna shoot the pier
I don't wanna take the doggie for a walk
I don't wanna look at naked chicks and drink beer
I don't wanna do a bong load
And go and wrench on the car
I don't wanna hose the dog shit down
Cause I ain't even gonna get out of bed
I ain't gettin', I ain't gettin' out of bed today

I don't wanna watch no porno
I don't wanna play guitar
I don't wanna spank the monkey
I don't wanna go down to the corner bar
And I ain't even got to listen
To all the stupid shit you got to say
I don't wanna do a god damn thing
I don't wanna wanna leave my bed today
I don't want, I don't want to leave my bed today

I don't wanna eat burritos
Or read about OJ
No I don't want to get a head rush
Cause I ain't even gettin' out of bed today
I ain't gettin', I ain't gettin' out of bed today
No, no, no, no, no, no, no way, no way, no way, no way, no way.

Wednesday, August 29, 2007

 

Bill Buford


Esse cara é bom. Certa homofonia com o ex-baterista do Yes mas não é o mesmo. No auge de sua carreira como editor-chefe da Granta, naqueles tempos ele publicava textos de Garcia Márquez e Nadine Gordimer, dentre outros. Ele “sabaticou” e foi andar com os “hooligans” ingleses, o que gerou uma obra-prima chamada “Entre os Vândalos” (aqui pela Cia. das Letras). Eu coleciono livros sobre futebol e treli este aí que nas estantes dos EUA fica catalogado na parte de sociologia. Vida que segue... Buford agora lançou “Calor” (Cia. Das Letras) camaleonicamente. Virou assistente de chef de Mario Batali, do Babbo, não menos; figura de apetites pantragruélicos que entorna meia caixa de vinho (A case of you?) num almoço. Ele se imiscui no mundo da alta gastronomia e lágrimas devem ter sido jorradas no corte de tantas cebolas, bem como “bifes” arrancados dos dedos na busca pela talha certa do alimento. Um livro de sangue, suor e lágrimas, literalmente, enquanto ele galgava posições na baixa hierarquia culinária da haute-cuisine (paradoxo proposital). Já tá chegando minha cópia sub-repticiamente via submarino. Recomendo esse autor de jornalismo verité. Um que faria Capote capotar com o sangue nada frio a fervilhar...

 

Mude...

Shakespeare dizia que “você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você”. Li numa revista, falando de aforismos. As escolhas nesses tempos corridos e modernos resumem-se a divagar sobre em que máquina devemos tirar o dinheiro, qual fila devemos encarar, se ainda sobrou grana para ir de táxi em vez de metrô e por aí vai.... Ou mais, se conseguiremos trabalhar com o mesmo afinco hoje do que ontem ou outrora; se vão nos importunar. Se vamos nos importunar... Se estamos ou não com preguiça para algum tipo de exercício físico. Se vamos deixar a primeira baforada para depois de uma da tarde, ou quiçá cinco...Tem gente que – cercada de problemas de todos os matizes e ordem – vestem o escafandro e começam a chafurdar no trabalho com um afinco temerário. Tem outros que com qualquer tipo de problema, ou se algo não está em “sinfonia”, puxam a alavanca de emergência e param com o trem da vida até colocar as rodas na bitola. Só funcionam ou se movem “bitolados” de novo. Como sair dessa arapuca da compulsividade? Da ansiedade? Agora surge o movimento do “Mude”, que já virou até um livrinho engraçadinho e bem ilustrado. A isso soma-se correios eletrônicos conclamando a todos que usem o relógio na mão direita, que caminhem de costas pela casa, que nos vistamos de olhos fechados, usemos a toalha para secar um corpo já seco, e outras bizarrices do tipo que parecem ter um efeito em retardar os vários tipos de senilidade anunciadas. Voltando a Shakespeare, temos que, na verdade, deixar de nos concentrar nas escolhas pequenas, arrumá-las, ou dar um mínimo de prumo e ordem na vida para que possamos nos digladiar com as grandes escolhas: os grandes embates existenciais que nos levarão a novos ou antigos amores, novas ou antigas residências, enfim, à mesa onde o cacife é alto, a derrota é um flagelo e a vitória é um hexa-campeonato mundial com gol de mão na prorrogação contra a Argentina. Mas hoje, pela primeira vez na vida, eu dei um grande passo rumo ao hexa. Serendipidade total. Não pelo ato ou gesto em si, mas o que gerou em termos de reflexão. Eu notei que na minha carteira nunca achava o cartão do banco tal, cartão de crédito, débito, do seguro de saúde, telefônico (sim celulares falham ou “ficam” descarregados). Notei que minha carteira ao ser aberta tinha dois compartimentos. Então tive a idéia genial de colocar cartões de crédito de um lado, amontoados, e os “outros” do “outro” lado. Maravilhoso. Ou seja, funcionou como o soro anti-ofídico. Similia Similibus Curantur. Usei minha peçonha compulsiva para mudar minha rotina e dar cabo de mais uma chateação que é a ignorância. Ignorar onde coloquei as chaves, o celular, onde estão os cartões na carteira, a vela, o WD-40, etc.... Pois é, não mude mudando; ou mude mudando. Então vamos a um pout-pourri de música popular para explicar o fenômeno: se, como diria Sérgio Dias, o contrário de nada é nada, assim não se sai do lugar.... Sem contar que hoje é o passado do futuro, diria Prospero Albanese Neto; então tudo muda o tempo todo no mundo (Lulu Santos e Nelson Motta), mesmo que estejamos parados... E se livrando de boa parte dessas chateações com mumunhas deste calibre, escolhas pequenas para se chegar às grandes, o processo fica mais fácil... Mas mude ciente de suas escolhas. Lembre-se do aviso inicial. Em certos casos as escolhas podem te levar de roldão rio abaixo. Melhor ter um pouco de controle no processo. Eu por minha parte vou é botar o meu bloco na rua, ginga pra dar e vender.... Tou precisado, como diriam.... O relógio continuará na mão esquerda.... E o coração ainda a bater e amar.... Mudo isso não...

Tuesday, August 28, 2007

 

A Vaca...

A VACA

Quando abri
a bolsa
vermelha

Só o que vi
foram as
pernas da vaca

espremidas entre a carteira e a máquina de calcular

(Veronica Stigger em Gran Cabaret Demenzial - Cosac Naify)

 

O CARA!!!



Monday, August 27, 2007

 

Malebranche Reddux

Já me falaram do post abaixo sobre Malebranche, sobre a lembrança grata de Sartre, e que até a física de Newton empregava um conjunto de causas naturais para explicar certos fenômenos mas, acho que isso não explicaria a “causa nobre” ou verdadeira, ou seja a busca do Santo Graal, ou o que até causou o próprio big-bang. A causa inicial, digamos. Ou seja, voltando ao tema abaixo, que talvez não tenha ficado claro; as causas naturais poderiam provocar modificações nas substâncias. Mas esqueci de mencionar um ponto crítico, pois para ele a mente era uma substância, não-material, mas substância.... Em termos de natureza da realidade e livre arbítrio cai-se na velha carroça deística de que tudo flui de Deus, então devemos suspender nosso consentimento a certas inclinações, só isso. Mas que lá da fonte original vem tudo, o bem e o mal; mas ainda assim não precisamos ser niilistas... Liberdade sim... Basta isso, e paga-se na entrada, de cara.... E tem que dar desconto pois o cara se esgoelou para trazer o cartesianismo para seus fundamentos... O curioso é que o cara também trabalhou na teoria da freqüência das cores e ionização de gases. Se outros padres seguissem o exemplo, a CEG e o mundo das artes agradeceriam...

 

Malebranche


Reli umas coisas que escrevi há tempos quando estava intrigado com Malebranche, padre do “Oratoire” que morreu em 1715. Tinha toda uma dinâmica contrastante com Descartes. Curiosamente fiquei impressionado com seu “ocasionalismo” e quando resolvi manter um diário, eu o batizei – e está escrito na capa até hoje – de ocasionário. Ou seja, as criaturas são meras “causas ocasionais” (sic) de Deus. Ou seja determinantes do poder Deste, mas em si, impotentes. Como as cusparadas de gases que se solidificaram após o big-bang. Mas é legal esse negócio de religioso que se preocupa com o cientificismo. Ele saiu no cacete com Arnauld, o jansenista, pois ele dizia que tudo que podia ser concebido por si só era uma “substância” e o que não podia era uma modificação da mesma. Hoje em dia tudo é energia... Dizem por aí de forma convincente. Mas como padre e deísta, claro que via Deus como a “Causa” das possíveis modificações. Figura interessante de se ler. Pois entrava de sola na interação mente/corpo. Mas o papel de Deus é obviamente exacerbado e então questionava-se o papel passivo das tais “substâncias”... Mas aí questionamos o livre-arbítrio e talvez podemos chegar então a uma das únicas coisas interessantes que Sartre falou sobre isso; que talvez estejamos condenados (sic) a sermos livres. Sempre livre?

Wednesday, August 22, 2007

 

Ricardo Becker na Siqueira Campos

“Não creio na palavra ser.”
Marcel Duchamp

Texto de Fernando Gerheim

O observador, sem o qual nenhuma obra se completa, não escapa da própria imagem nestes trabalhos de Ricardo Becker. Ele participa como reflexo e como aquele que, voluntária ou involuntariamente, enquadra as imagens através de sua posição e do seu movimento. Ele participa com o olhar e, de modo literal, com sua imagem virtual. Mas é subtraído o que a imagem especular tem de duplicata perfeita – e às vezes inclemente. Do domínio da percepção pura e simples, entramos no campo da significação. Pelo movimento do corpo, estes trabalhos se expandem no espaço real. Eles são simultaneamente óticos e simbólicos; planares – embora as duas superfícies, a do vidro e a do espelho, criem uma espessura – e espaciais – embora extrapolem o quadro sem sinal físico. Eles trafegam entre o diáfano e o extensível.

O espelho, como superfície refletora, não é ele próprio uma imagem, mas um receptáculo de imagens. Colocar diante dele o vidro é como querer refletir o transparente – um paradoxo. Um terceiro elemento nega ainda mais uma vez a imagem: o talco. O espelho reflete o talco no vidro – além de transparente o vidro é também refletor – que reflete o talco no vidro refletido no espelho que reflete o talco no vidro refletido no espelho refletido no vidro que reflete o talco no vidro refletido no espelho refletido no vidro refletido no espelho e assim sucessivamente em remissões infinitas. O vazio entre as duas superfícies é preenchido por uma névoa imagética.

A materialidade gasosa do visível dá à imagem uma unidade de bruma. O movimento, nela incluído pelo que está do lado de fora, faz do trabalho algo que se coloca face à própria imagem do observador e ao que está no campo de visão do espelho – imagens que passam como a correnteza de um rio.

Mas, no espaço entre o espelho e o vidro, em alguns trabalhos, há outro espelho, desses de móveis antigos, bisotados, de formato único, carregados de passado. Aprisionados no vão nebuloso, ou apenas com seus contornos desenhados no vidro em monotipia, ou ambas as coisas, eles remetem a imagens que já não ocorrem, congeladas impressões.

As lâminas dúplices convidam o observador a penetrar sua lenta bruma. Olhar é muito perigoso. Mais ou menos visível na baça superfície, aqui transparente, ali opaca, o espelho desfaz a imagem individual e ambiciona representar o invisível. O invisível, como diz Duchamp, não é obscuro nem misterioso, é transparente – como o vidro. A opacidade branca é que torna o invisível perceptível e cria atrito para o olhar. E a imagem, entre a integração e a desintegração, parece no mítico instante de fundar-se.

Esse mito é ralentado – Duchamp chamava suas pinturas em vidro de retarde – como se o movimento interior e volitivo de imprimir a realidade na consciência se detivesse para se auto-observar. E o que surge não é a imagem expressionista da realidade subjetivada, mas um jogo de duplos e veladuras, entre a semi-dissolução e a semi-solidificação, que materializa a realidade labiríntica e fantasmagórica de uma subjetividade voltada sobre si, a formar e a observar a identidade a formar-se. O estranhamento pode dar a sensação de um filme de terror.

Mas a imagem forma-se no tempo. Está a ponto de se dissociar e de se unificar. E forma-se também no espaço real. Ao deslocar-se, o corpo desfaz-se dela. É curioso o modo como esses trabalhos, em seu caráter ótico, englobam o entorno, como um grau zero – e mítico – da espacialidade. E como o minimalismo das superfícies transparentes e receptoras convive com o simbolismo dos espelhos antigos; o drama da ação que encenam, de herança barroca (mas, aqui, há antes uma desilusão de ótica), coexiste com o que poderia ser uma imponderável atualização do retrato, inteiramente reconfigurado pela subjetividade contemporânea. Apesar de estáticos, esses objetos-pinturas se produzem como evento. Eles são dispositivos de desfazer e fazer imagens, cuja singularidade acolhe o acidente e em que a noção de autor também se desfaz.

O espelho é uma prótese que produz uma experiência limiar entre a significação e a percepção. Ele está presente na mitologia grega – Narciso desfaz a própria imagem refletida na superfície do lago ao tocá-la –, na literatura de Borges – “Os espelhos e as cópulas são terríveis porque multiplicam os seres” – na psicanálise de Lacan – na “fase do espelho”, a criança compreende que a imagem refletida é a sua e reconstrói o corpo, num “júbilo especular”, como algo de externo –, e na filosofia de Nietzsche – “Se queremos ver as coisas no espelho, só vemos o espelho, se queremos ver o espelho, só vemos as coisas nele”. A relação entre o duplo e o um de que esta superfície refletora fala num nível metafórico, está ainda na contraditória frase de Rimbaud – “Pois eu é um outro”.

Nestes trabalhos, a imagem é especular – uma ocorrência – e também um tipo – um signo. E é exatamente isso o que interessa. Assim como diante do espelho, ao fazer nossas abluções matinais, vivemos a imagem virtual como se fosse real, corremos o risco de, ao determinar os objetos por sua representação, tomá-los como premissas, acreditando numa unidade prévia dada no real, que os signos apenas reconhecem. A essa ilusão realista evidentemente não escapa o conceito de ser. Estes trabalhos de Becker indagam os processos de significação e de identidade, inseparáveis da percepção, desfazendo o ideal em que assenta a crença na palavra ser no espaço poético que se alimenta do paradoxo.


(Siq. Campos 143 Sobreloja 118)

Tuesday, August 21, 2007

 

Inverno Carioca

O inverno já se vai, vejo da janela e sinto pela intensidade do sol na persiana. Não sei de nada, acho que o sol entrou em Virgem hoje. Esse inverno cumpriu sua missão e esfriou as coisas, a temperatura caiu. Mas já estamos descongelando, nos movendo e as estrelas todas estão ainda lá em cima... O tempo está clareando, ficará límpido.... Todos querem pegar uma no céu.... Mas foi atípico, tudo atípico...


 

Tereza


Tecatacantando, Tecatatocando, Teca decanta o blues sem vapor barato, “where spirits are only spirits” e se buscarem, pois tou com preguiça de linkar com html o site do Rock, Blues etc... do Rio de Janeiro, poderão achar a blueseira em seus próximos shows na Barra, na Cobal e por aí. Ela é meio Bonnie Raitt, já é uma Mamma Jamma (no meio do Blues isso é carteirinha de sócio patrimonial) e tem a cara de que tá se divertindo no processo. Mas o set list tem Seal e Jack Johnson também pros modernéticos e Mustang Sally pro bisavôs de plantão. Sucesso Tequilita, já te vi uma vez, faltam outras assim que o tempo der.... O rosto tá capturando a alma de novo, deixa ela guardada aí no coração e solte a voz nas estradas...

 

Rove and Bush Riding Away.....




 

União


Se divagar um pouco mais sobre sensualidade aqui, vão começar a me encher de paulada. Mas certas vezes, ainda que de cabeça para baixo, esse tal do sentimento gera uniões turvas (impressão inicial parentética) que conseguem uma harmonia inigualável. Seria então o caso de apostar contra? Como no mercado financeiro, ficar vendido numa ponta e comprado na outra? Só mesmo o mercado financeiro para nos proporcionar a metáfora certa diante do que nos deixa pasmo.....


 

Momento Sensual

O que soçobrou da sensualidade? Já nos cansamos das referências aos pedaços de carne de fêmeas espalhadas nas revistas, praias, ruas e tudo mais. A mulher-objeto, esquartejada como Tiradentes, dizem os articulistas já em idade avançada, que pagam caro pela pele com viço. E pelo que cobram pelo (ou sem) serviço. Conjunto da obra, dizem uns. Um amigo meu, belo escritor, aposta que sua “tara” é a construção do amor. A sacanagem é chata e muito cacete... A construção do amor é uma bela frase. A arquitetura do projeto é arrojada, sai-se chamuscado, sem dente e capenga. Mas o que nos salta aos olhos é exatamente toda a obliqüidade negra que reveste e contorna o mistério feminino. A nesga do que pode vir a ser, vislumbra-se numa frase ali, num decote na outra esquina.... Mas o que teremos adiante, só com a abertura total da cortina....

 

Sedona de si....

Lembranças de Sedona, no Arizona. Onde o “creme brulê” mais burlesco de Hollywood tem casas. As montanhas vermelhas, oxidadas, têm lá seu borogodó energético, dizem. Não igual ao do Santo Sepulcro em Jerusalém, vos garanto. Vai-se de auto pelo lindo vale verde de Oak Creek Canyon até o Grand(e) e famoso homônimo, uma fenda de lascar o cano. Mas é verdade, o local é alternex total, bijuterias e Kokopelli. O pândego tocador de flauta e brincalhão da cultura Hopi, símbolo de alegria e fertilidade – algo que não necessitamos mais em 2007, com apenas 7% da Mata Atlântica ainda de pé. Isso se comprova em fotogrametria aérea e nas páginas atuais da Playboy, para a minha total desolação e a de qualquer saudosista e ambientalista convicto. Dona Sedona existiu mesmo, deu o nome ao lugarejo e matava cascavéis com o cabo de sua vassoura original, “orígenes de ellos”... Para nosotros, Orígenes Lessa.... E Viv-Ivan.... A fertilidade....

 

Psensata


Pensata de psi é psensata…. Coberta de racionalidade, não dá conta do fato de que a cabeça fica livre e arejada mas o corpo retesado na areia movediça do cotidiano... No embate entre Dionísio e São Benedito, entre Sócrates e Nietzsche, ficamos a ver navios passar e não entramos no convés... Não nos convém. Então imaginamos como seria ver o mundo através da escotilha a bombordo. Com a cabeça bombardeada de pensamentos. Nesse cenário, a cara tem que ser dura para aturar o pisoteamento e chute a esmo do transeunte distraído. O que ocorre no Congresso brasileiro é o limite máximo da cabeça de mamão fossilizada, pois cara-de-pau não faria justiça aos hirsutos rabos presos. Então a insanidade é coletiva. De se aceitar o que não tem juízo – literalmente. Melhor um choque de gestão com conflitos internos e contratar a JD Consultores. Pelo menos o acesso é fácil. E o resto, para quem gosta, pode ver reprises de Jornada nas Estrelas... A Nova Geração é claro.... Cadê os psis quando precisamos deles? Eles são gente como a gente e têm seus afazeres.....

 

Medit-ação

Será que a meditação pode ser feita em ação? Não de forma absolutamente parada, olhando a esmo para o escuro das pálpebras ou para uma mandala? Será que a interação ajuda na inquiet-ação? Há casos comprovados de meditação em corridas de longa-distância com o corpo em movimento. Será que a paz encontra-se no ensurdecedor batuque de um cavaco, pandeiro e tamborim? Dizem que ela está dentro da gente. Que a paz não precisa ser branquinha, como um floquinho de nuvens; que ela pode ser uma sorridente guerra de travesseiros entre dois travessos... Pode ser definida como a batida cadenciada do coração quando sabemos que não vamos “atravessar o samba” da vida. E requer prática, estudo e técnica, como todas as meditações. A paz pode ser rápida como um andamento para lá do pianíssimo. A paz a gente não encontra; a gente busca, mas ela nos acha de forma aleatória. Quando ficamos imunes ao frenético frenesi. Aí ela bate.... De bate pronto... Eu fecho os olhos e paro com tudo, cruzo as pernas e me perco... Mas sem parar de pensar... Refletir, pensar, sonhar..............

Friday, August 17, 2007

 

A Fotografia


Com essa foto eu tirei segundo lugar no concurso de uma empresa em que trabalhava nos EUA e saiu no House Organ local. Foi tirada em S.J. Nepomuceno e é apenas meu amigo Henrique Leal andando de toalha depois que saíamos de um banho de cachoeira. Foi tirada com uma Nikkormat FT3 que troquei com meu irmão pelo meu amplificador Marantz antes de minha viagem sem volta. O meu irmão foi fotógrafo profissional. Paulo Francis, apud alguém (O P.F. é sempre apud alguém o que não é aliás nenhum demérito) dizia que a fotografia é uma mentira. Pois nunca estamos naquele momento de completa paralisia e parestesia total revelando o “instante”, que tudo é movimento. Realmente então se uma imagem vale mais que mil palavras, as palavras são mentirosas também. Mas o bom entendedor já sabe disso. Como urbanos, que aliás era o nome de um de meus avôs, não houve a necessidade da prole seguir um ofício específico como pescador, arrancador de macaxeira de solo arenoso, ofício familiar e coletivo. Eu passei a não gostar de fotografia muito. Minhas mãos são trêmulas, o que corrigia aumentando a velocidade do obturador. Não sou ludita e hoje é esse inferno digital sem acesso a deficientes mentais e físicos. Não gosto de “compor” tampouco com digitais. Fiz algumas fotos decentes na vida, algumas estão numa caixa de sapato. Joguei tudo que é imagem fora, não guardo nada. Acho horrível. Freud nunca explicou. Mas como tem gente que gosta de fotografia, coloquei links selecionadíssimos aí à esquerda da página do blogue, cortesia de Api no Vallejo Nocturno. No site dele tem muito mais. Para os amantes da fotografia vale a pena conferir. A propósito tinha a bobagem de dar um título ao fotograma e eu chamei essa de “Fate Hunter” (Calma Ancelmo e Aldo, era lá nozestrangeiro), caçador de destino....

Thursday, August 16, 2007

 

This is News to Me....

Veríssimo no outro dia escreveu sobre os desvios ideológicos provocados pelo tempo e nos lembrou o caso de Cristopher Hitchens, inglês baseado em D.C. há anos, ex-Trotskista que resolveu apoiar a Guerra no Iraque. Hitchens, iconoclasta, mas um dos maiores jornalistas vivos, contraditório e contundente, escreveu um grande artigo na Vanity Fair em 2001 dando adeus aos camaradas. O contexto não foi explicado mas ele sempre foi anti-Clinton e nunca perdoou o que Saddam tinha feito com seus companheiros ideológicos (amigos trotskistas). Junte isto com pitadas teológicas – que ele abomina, e dava para vislumbrar que ele preferia ver uma ocidentalização total do Oriente Médio.

Veríssimo então citou o caso de Alexander Cockburn, identificado como irlandês (verdade em parte, cresceu em County Cork, mas nasceu mesmo na Escócia, Terra da Cruz Inclinada, segundo outro bardo escocês). Mas vá lá. Irlandês. Também radicado nos EUA. Seria, segundo lenda apócrifa, parente do Almirante George Cockburn, um dos que empastelou a Casa Branca quando a saquearam e atearam fogo. Muito plausível ver a conexão atávica se observarmos que Alexander continuou a incendiar a Casa Branca só que com a máquina de escrever. Veríssimo observa que Cockburn agora mostra restrições ao movimento capitaneado por Gore anti-efeito estufa pois poderia este dar mais poder aos que desejam mais energia nuclear. Cockburn é stalinista. Escreveram ambos na veneranda The Nation, com Victor Navasky à frente, e Cockburn também escreve na CounterPunch.

Estes são os últimos dos moicanos. A turma trotskista composta por Midge Decter, Norman Podhoretz et caterva, fundou o movimento neo-conservador entusiasmada pelas idéias do senador Henry “Scoop” Jackson e apoiaram o governo Reagan com fervor. O que foi um prato feito para Gore Vidal e Norman Mailer. Eram bons tempos, de boas gargalhadas, quando líamos os ditirambos pedindo para que Midge resistisse... Aliás, a comunidade judaica norte-americana se ressente muito com o termo “neocon”, pois são formados basicamente pela elite da fina flor do pensamento judaico nos EUA encabeçados por Mort Zuckerman, Richard Perle, Wolfowitz, Bill Kristol (filho de Irving), etc...

Ideologia de lado, a imprensa a que se refere Veríssimo é absolutamente a marginália. Há nuances no “Fourth Estate”, onde comparar certas redes de TV ou os jornalões com o que ocorre na Fox não dá para o começo... O interessante é notar algo que Veríssimo não mencionou. O próprio Cockburn é considerado – talvez por razões de estratégia ideológica pessoal – anti-anti movimento contra a Guerra no Iraque, numa postura de pureza total. Eu sempre me diverti muito com ele e Hitchens principalmente durante o governo Reagan, onde The Nation ainda tinha um certo peso apoiando os Sandinistas etc.... Mas a atitude passiva ou de crítica, por motivos ideológicos, contra o movimento ambientalista ou contra a Guerra no Iraque, nos leva a crer que Cockburn está, no mínimo, perdendo a (des)graça....

Wednesday, August 15, 2007

 

Programa



 

The day(s)

The day the radio went mute... The day the air conditioning went out... The day it got hot.... The day before, the day after... The days, the mornings, the evenings... Complete silence... Those are the days... Every single one of them, at every juncture, at every second. Here now.... There and then. The days will be days long after I am gone. But they will be made up of all this. A lightning bolt from up above that sometimes finds the mark and the spot. Each and every fucking day. Days in and days out. Daylights. Holidays. Holy days. Tomorrow will be another day, and the day after tomorrow. But they are all the same. My home is in my head. I live it every day. I love in my head every part of every day.... Just like that day, and that other day too.... And the other one.... Because it is all real to me... And there will be again days like this, days like that and days like those.... Days....

 

Fica o "Rezistro".... (Tardio Talvez...)

Fala Mouton!

E aí, tudo bem? Há quanto tempo, né?

Seguinte, spamzinho básico:

Hoje às 21h, no Canal Brasil (66 da Net) estréia “Em Cuba”, série de dez documentários que eu produzi, fotografei, editei e dirigi.

Os documentários estréiam sempre nas terças às 21h, reprisam na madrugada de quarta pra quinta à 01:30h, e se despedem da programação no domingo ao meio dia e meia. Na terça seguinte estréia um documentário novo, que reprisa e “trepisa” nos mesmos horários e assim vai até 16 de outubro.

Cada filme tem meia hora de duração e é exibido sem intervalos comerciais.

No blog ( http://emcuba.blogspot.com/ ) tem a sinopse de todos os documentários, trechinhos em video, detalhes, curiosidades e as críticas que tem sido publicadas na Folha, n’O Globo, etc...

Os filmes são muito diferentes entre si, tanto na forma quanto no conteúdo. Se você der uma olhada nas sinopses vai ver que os documentários atuam como um jogo de espelhos, o que é dito no primeiro, é rebatido no quarto, o que é falado no oitavo, complementa o segundo e assim por diante.

Adoraria ler seus comentários e opiniões,

Abs,

Felipe Lacerda

Tuesday, August 14, 2007

 

Muito Bom...

Clínica garante exames para população carente

Criado em abril, o projeto Imagem Solidária oferece à população de baixa renda um tipo de serviço médico raramente disponível na rede pública: exames de ressonância magnética, por preço, no mínimo, 85% abaixo do cobrado por clínicas particulares.
Instalado num imóvel em Botafogo, o projeto é a realização de um sonho do radiologista Romeu Côrtes Domingues, diretor médico de duas clínicas de radiologia, que buscou parceiros para a iniciativa.

Diariamente, são realizados de 80 a cem exames, incluindo mamografia e ultra-sonografia.

A clínica, cuja montagem custou R$ 3 milhões, atende, segundo Romeu, pacientes com pedidos de exame feitos por hospitais públicos. Eles passam por uma entrevista com uma assistente social, para provar que são de baixa renda. O exame de ressonância magnética, que custa na rede privada cerca de R$ 850, é oferecido por R$ 120. Mas, se o paciente não tiver condições financeiras, o preço poderá ser simbólico.

A clínica funciona Rua São Clemente 214 e tem cerca de 35 funcionários. Mais informações podem ser obtidas no site www.imagemsolidaria.com.br.

 

New Media Para o Para Pan

  • Sigur Ros Video


  • É o vídeo de Svefn-g-Englar... Em homenagem ao Parapan... Basicamente trata-se de um grupo de teatro formado por atores com síndrome de down na Islândia; é não só absolutamente lindo e tocante, mas a cena do beijo final é de chorar de comoção. Muito bonito....

    Monday, August 13, 2007

     

    Mandela

    Um Jó moderno. Um exemplo. Dia 12 de Junho de 1964 foi condenado à prisão perpétua. No dia 11 de Fevereiro de 1990 foi libertado. Não se sabe no fundo se tinha esperanças, mas lá ficou e viveu o degredo interno. Depois disso fez muito. Talvez muito mais e muito melhor do que se tivesse saído antes. Mas seu objetivo e ideal perduram... Assim devemos (re)agir....

    Sunday, August 12, 2007

     

    Foto e Texto de Rogério Carneiro


    SUVACO

    Desatento, equilibrando-se em cima da pedra, de costas para a maior parte da população, esqueceste que já tiraram a cruz e mantivestes os braços erguidos mostrando o suvaco; a Igreja se apropriou do monumento e o transformou em imagem.Vivo aos seus pés e peço que vires e olhes por todos, inclusive aqueles que não conseguem te ver, ocultos em vielas nos sopés dos morros desta cidade onde tens residência. Tiveste o meu voto somente para derrubar aquela falsa liberdade que saiu da França e se naturalizou americana. Mas, só serás maravilha quando desceres o morro e estenderes as mãos aos fodidos, terás também que expulsar os vendilhões do templo e impor a paz entre os homens de péssima vontade.

    Friday, August 10, 2007

     

    Valeu pela Foto Teca...


    Latifúndio onde piso é bonito. Ele está de olho na gente, desde o início quando os portugueses chegaram; avista-se a Urca, eles estavam lá, os indígenas. O livro sagrado é absolutamente verdadeiro, onde quer que se vá, ele está observando tudo lá de cima, não há segredos, ele sabe de tudo o que acontece. Um cadinho de terra, ali arenosa, por ali pedregulhenta, barulho e silêncio. Tudo se resume a isso. Só para privilegiados, onde, calados, no fundo do peito bate um coração; de noite ele nos fita e abençoa, sempre, sempre......

     

    Mini-Teatro Absurdo (Para Rafael Fonseca)

    (Sentados numa alcova revestida por vidros onde a vista do Central Park estava emoldurada por esquadrias de madeira de um lado - céu acima, e, do outro lado, a praça de tabas dos índios do Bruno lá no Acre; onde paramentam-se com algo parecido como uma burka pois vem frio do “piedmont” da fronteira com o Peru, segundo ele. . . Alcova virtual e em formato ovalado com a curvatura fechada. Fundo musical – SIAMESES de J. Bosco numa variante da língua do pê; então onde tem ódio lê-se pódio, etc...)

    - Olha vou te revelar um segredo, eu nunca falo pra ninguém; mas a minha mãe é turca. Da Turquia mesmo; nós somos ciganos também, eu sou cigana. Deixei o espiritismo faz um tempo. Agora só acredito em Deus.

    - Putz, que interessante, mas você não vê nada, visões... é mediúnica?

    - Eu não falo sobre essas coisas mais. Eu só acredito em Deus, já falei, mas vejo uma mulher atrás de você.

    - Já me disseram isso antes. Mas que era uma menina. Mulher, menina, é tudo igual né?

    - Não sei. Tenho 34 anos.

    - Hahahahahaha... OK...

    - Não interessa de menina e mulher. Você não gosta dessas porcarias de letras de música? Então... Quando você vai baixá-las pra postar não tem duas opções?

    - Que opções? Que papo é esse?

    - Pode baixar cifrada ou não. Cifrada quer dizer que tem os acordes, as cifras, a melodia, além da letra, entende...

    - Claro que entendo; eu toco um pouco de música, não pratico nunca mais; mas sei bem do que fala....

    - E você lê?

    - O quê?

    - A melodia cifrada da canção na página? Pra poder tocar? Você lê?

    - Ah, essa é a única maneira que sei tocar....

    (Cortinas cobrem os vidros....)

     

    Saiu o novo...

    Charles Simic, new poet laureate of the U.S.

    Paradise Motel

    Millions were dead; everybody was innocent.
    I stayed in my room. The President
    Spoke of war as of a magic love potion.
    My eyes were opened in astonishment.
    In a mirror my face appeared to me
    Like a twice-canceled postage stamp.
    I lived well, but life was awful.
    there were so many soldiers that day,
    So many refugees crowding the roads.
    Naturally, they all vanished
    With a touch of the hand.
    History licked the corners of its bloody mouth.
    On the pay channel, a man and a woman
    Were trading hungry kisses and tearing off
    Each other's clothes while I looked on
    With the sound off and the room dark
    Except for the screen where the color
    Had too much red in it, too much pink.

    Wednesday, August 08, 2007

     

    A Diós le Pido….



     

    It be re:


    Vi ontem à noite no Centro Cultural Carioca, em frente ao Real Gabinete e do lado do “In-flicts”, o show da Itiberê Orquestra Família. Lugar mágico, sensacional; a gentrificação que começou no Lavradio já está pulando a cerca pros arredores da Praça Tiradentes e o meu Rio vai virar uma mistura de Georgetown, Boston, Paraty e centro velho de S.J. Del Rey onde estive faz pouco...

    Tocando, takillpa, Itiberê Zwarg e sua orquestra de jovens prodígios. Ele, dentre outras coisas, ex-baixista do Hermeto; flautas transversas, dois violinos, um cello, naipe de metais de seis, guitarra Gibson 335 “hollow body”, baixo, bateria, percussão, teclados, dois violões, cavaquinho.... Arranjos lindos, tem coisas deles no YouTube....

    O show que vi em D.C. do Hermeto com Egberto abrindo tinha a formação clássica, tipo escrete da seleção de 70, Itiberê, Marcinho Bahia, Carlos Malta (Pife Muderno), Jovino e quejandos. Jovino agora em Seattle, deu até show no Canadá onde o Maninho tocou com ele.... Show poli total. Poliritmia, harmonias cerzidas em alto e baixo relevo, sem deixar cotão de fora, setecentos acordes por minuto, som maluco e doido do jeito que tem que ser.... E toda a doideira com um lirismo e cartesianismo sem par. Bonequinho aplaudindo de pé em cima da mesa..... Vi o Marcelo do Libertango.... Não sei quando e onde vão tocar mas é imperdível.

    Tuesday, August 07, 2007

     

    Como me sinto como rubro-negro.....



    Monday, August 06, 2007

     

    Wittgenstein

    (Tractatus Logico-Philosophicus)

    The world is everything that is the case.

    What is the case, the fact, is the existence of atomic facts.

    The logical picture of the facts is the thought.

    The thought is the significant proposition.

    Propositions are truth-functions of elementary propositions.
    (An elementary proposition is a truth-function of itself.)

    Whereof one cannot speak, thereof one must be silent.

     

    Gone...

    Well, Pete is no longer here. He left the "glass menagerie" of sorts and got himself a boat down in Florida. I do not know what equivalent of an Irish Pub he found there to be his second home. Funny one that guy. American as can be but a fan of Nottingham. Bizarre, all of them. Some others are QPR fans. Like the other fella.


    The closest to some body warmth the other fella ever felt were the smiles and mellifluous words of that Tennessee girl. Nothing more, nothing less. Titillating words that had an effect of carrying him throughout the week. Content with very little. It bordered on being completely astonishing. Greasy diet, pounding Jameson back and washing with Guinness... And the shitty weather? Wow, that grey sky... Woe to those "nor’easters" bringing sludgy, cold, blistering rain.

    Thursday, August 02, 2007

     

    Yehuda Amichai

    Eu, que eu possa descansar em paz – Eu que ainda estou vivo, digo,
    Que eu possa ter paz no que tenho de vida.
    Eu quero paz agora mesmo, enquanto ainda estou vivo.
    Não quero esperar como aquele piedoso que almejava uma perna
    Do trono de ouro do Paraíso, quero uma cadeira de quatro pernas aqui mesmo,
    Uma cadeira simples de madeira. Quero o resto da minha paz agora.
    Vivi minha vida em guerras de todas as espécie: batalhas dentro e fora,
    Combate cara a cara, a cara sempre a minha mesmo,
    Minha cara de amante, minha cara de inimigo.
    Guerras com velhas armas, paus e pedras, machado enferrujado, palavras,
    Rasgão de faca cega, amor e ódio,
    E guerra com armas de último forno metralha, míssil, palavras, minas
    Terrestres explodindo amor e ódio.
    Não quero cumprir profecia de meus pais de que vida é guerra.
    Eu quero paz com todo meu corpo e em toda minha alma.
    Descansem-me em paz.



    (trad. Millôr Fernandes na Piauí)

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