Wednesday, February 27, 2008

 

Hobbes e Maquiavel

Maquiavel nos lembra em seu “O Príncipe” que a conciliação entre os termos “política” e “justiça” são impossíveis. Por outro lado, Hobbes, no seu “Leviatã”, admitia a hipótese de que poderia haver uma tangência contextual entre os termos, havendo um consenso geral no estabelecimento de um sistema baseado no desejo coletivo de auto-preservação. Mas formular conceito de justiça baseado na auto-preservação?

Para Maquiavel a “grande justiça” embarcava tudo... Para ele “a guerra era justa para quem ela é necessária... e as armas piedosas [sic] quando não resta esperança a não ser nelas...” Trata-se de uma diferença de jusrisprudência, diria até, nessa formulação, dada a preocupação de Hobbes com o “estado brutal da natureza”, com seu vetor talvez até auto-regulatório, e a Itália fragmentada em principados e micro cidade-estados, analisada por Maquiavel.

O paradigma de “modos e ordens” de Maquiavel e o que Cesare Borgia fez com Remirro parece resolução de uma convenção de partidos no Brasil. Novos modos, mas preservação de ordem. (Curioso notar a conexão até teológica de Cesare, filho de Papa). Até na concepção do funcionamento da “verdade” política, ele fala na “verdade efetiva” dando uma caráter utilitário ao substantivo. Ou, como diria ele, no “ser capaz de não ser bom...” Sendo que aqui eu proporia que podemos transformar o verbo em sujeito utilizando maiúsculas e a tese filosófica se fecha, como a do Ser capaz de não ser bom... Daí os mestres de líderes deveriam ser metade homem e metade besta.... (Isso lembra Aquiles que bebeu da fonte de Quíron – decano da ESG de então, diria)

Conceitos como liberdade, democracia, e até igualdade podem ser confrontados com evidências empíricas, mas a justiça... fica mais difícil. Por exemplo, uma lei tributária pode ser até mais “igualitária”, mas nunca totalmente justa pois alguém sempre vai perder no processo. São conceitos distintos.

E Hobbes? Ele via mais a similaridade entre os homens, os pontos em comum. Sua definição de “vida” – um movimento de membros – é sensacional. Esse é ainda um grande filósofo. Todos movidos por paixões e lutando tão somente pelo objeto da paixão. Como o homem teria, em tese, um direito inerente a tudo, Hobbes especulou sobre estratagemas de redução do caos. Como o medo é o sentimento mais prevalente em todos, o papel do estado e governo mais primordial era deveras o de proporcionar segurança e proteção. O “poder”, assim, seria um “meio presente, para se obter algo de bom adiante”. Portanto para ele sempre teríamos a necessidade de um árbitro supremo, para gerir essas paixões e medos díspares. O sucesso de uma sociedade, segundo um Hobbes quase que budista, viria da vontade do homem de se “abster” de certas paixões e convicções mais fortes, não o contrário. Seria uma aliança social. Assim a injustiça ocorreria quando o homem se desviasse das leis naturais, ou seja da política da qual ele não pode escapar se quiser viver de forma justa.

Enfim, o papel da soberania viria do poder de coerção para manter acordos. E até isso adviria do consenso. Não estamos livres, soltos, para fazer nada a não ser o que dita nossas paixões. Ou seja, Hobbes se preocupou mais com o homem comum sob o jugo do poder e Maquiavel com os líderes mantendo seus regimes intactos a qualquer preço. Se os homens são e estão protegidos, podem viver uma vida razoavelmente justa e segura. Eles poderiam sofer eventuais abusos do soberano. Algo que paradoxalmente poderia ser resolvida pelo reverso do que é maquiavélico, algo pensado por Hobbes depois.....

Saturday, February 23, 2008

 

Reciclando....

Sedona de si....

Lembranças de Sedona, no Arizona. Onde o “creme brulê” mais burlesco de Hollywood tem casas. As montanhas vermelhas, oxidadas, têm lá seu borogodó energético, dizem. Não igual ao do Santo Sepulcro em Jerusalém, vos garanto. Vai-se de auto pelo lindo vale verde de Oak Creek Canyon até o Grand(e) e famoso homônimo, uma fenda de lascar o cano. Mas é verdade, o local é alternex total, bijuterias e Kokopelli. O pândego tocador de flauta e brincalhão da cultura Hopi, símbolo de alegria e fertilidade – algo que não necessitamos mais em 2007, com apenas 7% da Mata Atlântica ainda de pé. Isso se comprova em fotogrametria aérea e nas páginas atuais da Playboy, para a minha total desolação e a de qualquer saudosista e ambientalista convicto. Dona Sedona existiu mesmo, deu o nome ao lugarejo e matava cascavéis com o cabo de sua vassoura original, “orígenes de ellos”... Para nosotros, Orígenes Lessa.... E Viv-Ivan.... A fertilidade....

Thursday, February 21, 2008

 

Vale a Pena (Reler) de Velho....

(Passagem totalmente Jamesiana do livro “Auto-Engano” do Eduardo Giannetti da Fonseca que como grande economista é melhor filósofo ainda. Pelo menos não vi aqui na Banânia alguém tão lúcido e com tamanha destreza e rigor intelectual.)

A Força do Acreditar como Critério de Verdade

Sonhar e acreditar no sonho são o sal da vida. Não há nada de errado, em princípio, em apostar alto na vida privada ou na vida pública, correr o risco no amor, nos negócios, na arte ou no que for o caso. O comportamento exploratório – ousar o novo, tentar o não tentado, pensar o impensável – é a fonte de toda mudança, de todo avanço e da ambição individual e coletiva de viver melhor. Viver na retranca, sem esperança e sem aventura, não leva ao desastre, é verdade, mas também não leva a nada. Pior: leva ao nada da resignação amarga e acomodada que é a morte em vida – o niilismo entediado, inerte e absurdo do “cadáver adiado que procria.”O problema não está em sonhar e apostar, mas na qualidade do sonho e jna natureza da aposta. O melhor dos mundos seria combinar o ideal prático da coragem das nossas convicções, quando se trata de agir, com o ideal epistêmico da máxima frieza e distanciamento para atacar e rever nossas convicções, quando se trata de pensar. É o que propõe, de certo modo, Goethe: “Existe uma reflexão entusiástica que é do maior valor, contanto que o homem não se deixe arrebatar por ela”. Uma quadratura virtuosa do círculo: a paixão medida.A dificuldade reside em viver à altura dessa exigência simultânea de entrega e autocontrole. Reconhecer, de um lado, que nada de grandioso se faz neste mundo sem entusiasmo e paixão, mas nem por isso aceitar, de outro, que a força da paixão e o ardor do entusiasmo se tornem critérios de verdade em nossa compreensão do mundo. Na vida pública, o duplo perigo é bem retratado pelo poeta irlandês Yeats: “Os melhores carecem de qualquer convicção, enquanto os piores estão repletos de apaixonada intensidade”. Para o indivíduo, o risco é análogo. As paixões medidas e analisadas esmorecem e definham, enquanto as paixões desmedidas e desgovernadas arrebatam e atropelam.Aquilo que somos e aquilo que fazemos podem ter pouco a ver com aquilo que acreditamos ser ou estar fazendo. A pessoa movida por uma paixão poderosa, qualquer que ela seja, vive um momento de máxima força e máxima fragilidade. Suas certezas brilham e ofuscam. Sua autoconfiança revigora o ânimo mas tende a afogar a lucidez. A mesma confiança em si mesmo que move montanhas na vida pública e irriga o agreste na vida privada é o passaporte do auto-engano – verdades que mentem, pesadelos utópicos, quebra de confiança. O acreditar é aliado do instinto. Enquanto o homem, com sua malícia, está indo, a natureza, com a sua inocência, está voltando. É por isso que nossos desejos e metas, não importando quais sejam, têm o dom insinuante de se fazer justificar a si próprios para nós mesmos, inspirando-nos com as certezas íntimas, deliciosas e inabaláveis que nunca falham em justificá-los.Não há nenhuma razão necessária para que o comportamento exploratório tenha que envolver alguma forma de auto-engano. As relações humanas são o que são: a paixão entre os sexos detesta a temperança e a paixão política tem horror à dúvida. Escrito ou aberto, o futuro é incerto. Nem todo erro, contudo, implica auto-engano. É a exacerbação da crença de que a verdade foi encontrada – de que as certezas e convicções que nos impelem à frente têm o valor cognitivo de uma revelaçãõ divina ou de um teorema geométrico – que trai a ocorrência de algum processo espontâneo e tortuoso de filtragem, contrabando e auto-engano. O passo fatal, do ponto de vista lógico, apesar de absolutamente natural sob uma ótica psicológica, é confundir calor com luz. É transformar a força e o brilho de uma crença – a intensidade do acreditar – em critério de verdade.A quadratura do círculo é insidiosa e segue um padrão bem definido. Duvidar dói. Se a certeza que me toma é tão íntima, veemente e arrebatadora, então ela só pode ser verdadeira. Se o meu entusiasmo pela causa é tão intenso e as convicções que me movem à frente são tão fortes, então elas não podem ser falsas. Tudo em mim conspira para atribuir à causa que esposo e às convicções que giram em torno dela a legitimidade e a racionalidade de verdades inescapáveis. Autoridade para tanto, jamais me falta. Minhas promessas e análises, por mais delirantes que possam parecer aos incautos ou aos não-iniciados, são frutos da inspiração superior, da dialética profunda ou do mais absoluto rigor científico. Que ninguém se iluda: quem soubesse o que sei e sentisse o que sinto fatalmente chegaria às mesmas conclusões.Seria exagero, é certo, supor que quanto maior a intensidade de uma crença, menor a probabilidade de que ela seja verdadeira. Mas o envolvimento de emoções poderosas no processo de formação de crenças é razão de sobra para que se proceda com a máxima cautela. Todo cuidado é pouco. O brilho intenso ofusca e o calor é inimigo da luz. Crenças saturadas de desejo podem ser verdadeiras, falsas ou indecidíveis. Mas o simples fato de que estão saturadas de desejo é sinal de que temos um enorme interesse – e ínfima isenção – na determinação do seu valor de verdade. Está aberta a porta dos fundos para a inocência culpada de resultados que escarnecem brutalmente de nossas intenções.A força do acreditar, é verdade, faz milagres. Mas isso não a torna critério de verdade., assim como a disposição a resistir e agüentar todo tipo de perseguição em nome de um ideal revela, sim, bravura, mas nada nos diz sobre a validade da causa em jogo de um ponto de vista ético. A confusão, no entanto, é tão freqüente como sedutora, e nossa capacidade de resistir a ela na vida prática é variável e limitada. As mentiras que contamos para nós mesmos não trazem estampadas na fronte as suas credenciais. A análise dos caminhos suaves do auto-engano ajuda a elucidar o enigma do sofrimento que tantas vezes nos causamos a nós mesmos e uns aos outros – a metamorfose de promessas sinceras em traições obscenas na vida privada e a alquimia de certezas contagiantes em equívocos monstruosos na vida pública.O princípio da complementaridade na física quântica reza que “uma grande verdade é uma afirmação cujo contrário é também uma grande verdade”. O poeta Hölderlin afirma que “o homem é um deus quando sonha, um mendigo quando reflete”. Sob a ótica do auto-engano, contudo, o contrário dessa grande verdade não é menos verdadeiro: o homem é um mendigo quando sonha, mas compartilha algo do divino quando reflete.

Tuesday, February 19, 2008

 

Mais Machado.....

"Se Machado existiu, o Brasil é possível". (Nélida Piñon)

"EU GOSTO de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto. [...] (Ele mesmo)

Ele que usa..... ".....a pena da galhofa e a tinta da melancolia"

 

Sem som....

O silêncio é situação e não oposição,
Não se mede a gritos de Cabral descobridor
Ou do poeta versejador...

Não é barulhinho bom, nem burburinho mudo,
Somente um entretanto, entrementes, contudo...

O palco atrás da cortina, sem atores e protagonistas,
Sem ocorrências, luz, câmera, cascudos e carpeaux
Nem fotogramas mal pagos de um chato Chatô....

O silêncio é vertigem, que contamina a origem
Falastrão sem mais parar... Sem cuidado no andar...
Ele não ensurdece pois é quieto e virgem...
Silêncio de médium, de padre, de moço, de avatar.....

Thursday, February 14, 2008

 

The Will to Believe....


Lembrando de William James, vi que tem o importante “A Vontade de Acreditar” em português também. Menos mal para quem se aventurar. Ele explica como opções interagem com hipóteses, categorizando estas em “vivas” (ou acessíveis) e as “mortas” (o contrário). E a opção seria a “decisão entre duas hipóteses:” estas destrinchadas ainda mais em “vivas” ou “mortas”, “forçadas” ou “evitáveis”, e, finalmente, “conseqüentes” ou “triviais”.

Isso nos atendo a escolhas religiosas obviamente. A vontade de crer já diz tudo. O curioso é que ele terminou um empiricista radical, o que não deixa de ser - não o outro, mas o mesmo lado da moeda do ceticismo, dado que vislumbramos uma grande arapuca ao nos valer de “experiências” para objetivar proposições. Por isso o cara deixa os filósofos meio embaralhados.

Como a religião, o amor é também a tentativa de correlacionar nosso ser com algo inexplicável. James dizia poeticamente que essa escolha pela crença deveria vir não das frias mãos da razão mas sim dos escaldantes braços do coração. Mas como não podemos aferir o “inexplicável”, seria qualquer opção metafísica, necessariamente, uma opção “morta”? Desse labirinto ele não saiu. Mas é exatamente o que ele (não) queria. Pois assim parece que o determinismo – com suas decisões conseqüentes mas pré-fabricadas – poderia dar conta de aventuras, percepções, hipóteses e até acontecimentos sem nenhum significado, dado o papel passivo do sujeito.

Assim, seriam as categorias apontadas, desse sublime “sentir” metafísico, ao mesmo tempo hipóteses vivas mas opções mortas? Isso considerando o determinismo ou o ceticismo...? Sobre isso, James diz que “de concreto, podemos afirmar que a liberdade da crença só pode abarcar opções 'vivas' que o intelecto do indivíduo não pode resolver por si só.” Ou seja, tudo seria uma hipótese e opção e caímos no utilitário e no pragmatismo mais radical.
Ou seja, qualquer escolha, tome-a por risco e conta própria. Mas eu iria além. Se algumas charadas (riddles) e enigmas ficam sem resposta, é porque não são hipóteses primordiais. Então um dilema moral é uma expressão de termos excludentes. Não pode caber dilema dentro dele, pois depende de cada indivíduo e aí as escolhas são forjadas a ferro e fogo exatamente pela crença de cada um. E temos outro embate. Ou seja, acredite ou não, até na própria descrença, mas mesmo nos momentos decisivos, toda a situação tem um desfecho e desdobramento, alguns triviais ou não. Melhor acreditar... Um pouco mais além de Pascal....

Wednesday, February 13, 2008

 

Poema da Morte

Poema da Morte

(Jum’ah Al-Dussari)

Tomem meu sangue.
Tomem meu sudário e
Meus restos mortais.
Tirem fotografias de meu cadáver na cova, solitário.

Espalhem-nas pelo mundo,
Entre os juízes e
Pessoas de consciência,
Entre os homens de princípios e os justos.

E que eles arquem com o fardo culposo, perante o mundo,
Desta alma inocente.
Que arquem com o fardo, perante seus filhos e a História,
Desta alma desperdiçada, impoluta,
Desta alma que sofreu na mão dos “protetores da paz”.

Tuesday, February 12, 2008

 

Ex-Cultura



Monday, February 11, 2008

 

Vida em Curso....


Fla-Flu, frufru, Joyce, Rodrigues e Guimarrosa. Luz se foi, tonalidade atípica, Sumaré parecia o Subaé com água que descia. Tricolor doido no meio dos “Standhalianos”. Entendeu as “colmillas”? Se não, não importa, só eu mesmo. Stand up.... Cerveja, pai, mãe e filho. Henrique, Joaquim, Fabiana, Fabaiana curitibana, Anna, suor, calor, bafo, abafo, gol e mais gol. Francisco barbudo, agora de barriguinha, camisa tricolor vintage, um é e o outro não é. Parece Jesus. Jesus to a child... I am blessed, no banheiro do Planeta Grill. Mijando no gelo sai fumaça. Praia, caminhada paradisíaca até o Arpoador. Só, somente só, assim vou me chamar, assim já estou sendo. Todo um problema de escalação do elenco. Uns movimentam mais o meio de campo, outros protegem a(s) defesa(s). Sem forma, fora de forma, não dá para jogar. Leio no jornal. Igualdade Racial. Não será que queriam um mi(ni)stério da Diversidade Racial? Fico confuso e vou aos livros. O Passado, passado argentino e cisplatino. Rímini foi preso, mas já acabei o livro. Não tá no filme. Ando pelo Leblon sozinho. No meu integral com Minas peço pra botarem um ovo. Busco a Zé Pereira. Ninguém mais tem. Queria ver o Urubucamelódromo em quadrinhos, não, na verdade em “comics” por melhor dizer. Vou à Cabala, 72 nomes de Deus, com a mala – não de Xexéo – de rudraksha são 108 se a memória te(le)ológica santana não me falha. Um não tá, outro tampouco, aí é o tubo, tube, telly sem savalas, pois não tinha nada grego, nem casamento nem Platão, aliás só ele. E a tarde cai. Pego o cassete e o cacete, sopro a poeira, corro na esteira nova em casa, suando tanto que vinte abelhas sentiram o cheiro do vinagre e vieram lamber. Ah, venha me beijar, doce vampira e tira com o ferrão o aleijão da artrose e artrite ardósia. Acordo do sonho e do sono. Meus olhos são fluminense. Ou irlandeses... Que maçada. Toca o Duke Ellington e a Sonata em G do Poulenc. Pego o terço e rezo uma Ave Nossa e uma Pai Maria. Calma, “acalma” situando os nervos, assim acho que não dá pra viver. Pra escrever isso só depois da meditação. Dá-lhe de salada, dá-lhe ô, e Jorge Benjor e Rita Lee. Como é bom ser santo, santificados sejam. Já voltei ao trabalho e fisguei um peixe, ele morde a isca, se trisca sobe, mas nada sobe. Fazer tudo concatenado deixa o outro desenganado, assim é fácil. Bom mesmo é pisar no meio do meio-fio maravilha. O ano começa e posso ir prali e pralá, mas lá é tão chato. Aqui é tão perverso. A paz realmente é restaurada, ao se encontrar os amigos imaginários. Por isso comprei o CD do Som Imaginário. Nossa que coisa datada... Flicka. Total... Tricolores me olham aos brados, querem porrar. Que bom que sou Gandhi. Tavanem aí... Deixe que falem, legal essa paz. Mas também é engraçado, tava a um segundo de assassinar um ou outro pelo prazer bélico de turbas, mas esse mesmo sentimento é que me deixou Gandhi. Deixa mais um viver pra consumir.... Que não caia na asneira, pois sairá sem respirar. O guerreiro tem seu dói-códi(go) interno. Xapralá, que xaropada.... Mas aí já é hora de escovar os dentes, fazer xixi e “produzir” como formiga atômica, e lá vamos nós.... Amor, esplendor.... Ah isso não existe, vaga ilusão..... Como o xixi na “prenha” mar... Finco estaca aqui pra conturbar, do Leme ao Pontal, por uns segundos, mais um triz..... Muitos dias horizontais, vira e mexe só pra cervical não reclamar.... E 90% da vida é só aparecer, diria o Woody Wood-pecker... Esse que desapareceu por completo.... Assim é uma quaresma... Direita. E esquerda.... Privação.

Sunday, February 10, 2008

 

Tartaruguinha

Me expresso na rebeldia, expresso da alegria
Tortuosa tartaruga que marcha e desafia
O monstro e a casca, o casco seco alivia...
Pro combate mortal nos concede alforria....

Portanto....

Não topo estar no topo contigo
Topo Giggio topando ser fora de moda
E calçar Topper...
Top ten, topadas, joanetes e calos...

Calados...

Toupeiras à espreita, um tapir e o Projeto Tamar
Sou a tartaruga tartamudeante tentando
Tapar a tapas toda a tralha embrulhada....

Sunday, February 03, 2008

 

Millôr um Primor, forever….

(Quando meu irmão resolveu promover um campeonato de mentiras entre pessoas que abusam de substâncias, já de cara tinha em mente isso aí de Millôr e talvez podia antever que ia dar em porrada filosófica, pois derruba sofismas e axiomas pelo caminho, portanto louvado seja o Mestre, com eme maiúsculo que brinca de desafiar o ex-machina..... Ah, o campeonato foi vetado pelas autoridades.... Temiam por algo... Acho que meu irmão continua sendo um “alvoroçador” e não tem jeito....)

P.S. - Perfeito aqui tudo, nem Bruce Goldberg nas aulas que tive com ele teria algo a dizer, e sim ia sair de fininho alegando "dolor de cabeza" como fazia sempre.... Ah, ele que foi aluno de Wittgenstein ao vivo....

DECÁLOGO DA MENTIRA

I. Um homem que mente e diz que mente, mente ou não mente? Se diz a verdade quando diz que mente, não mente. E, se diz mentira quando diz que mente, também não mente.

II. Vantagem extraordinária é a do mentiroso. Enquanto os outros sabem apenas o que sabem, ele sabe sempre alguma coisa mais.

III. A mentira é a mais-valia arrancada da credulidade. Já que a mentira só existe quando há um crédulo. Pois ao cético ninguém mente. Ele não crê nem na verdade.

IV. O que vive repetindo a palavra indubitável é, indubitavelmente, um mentiroso.

V. Mentimos mesmo quando estamos sozinhos.

VI. Jamais diga uma mentira que não possa provar.

VII. Uma mentira é a do que mente. Outra é do escutador (imitando Guimarães Rosa).

VIII. É inútil apontar alguém como mentiroso. Todo mundo é.

IX. Desenvolveu tanto a arte da mentira que todos acreditam nele. Ele é que não acredita em mais ninguém.

X. A inverdade, apanhada na hora, chamamos de mentira deslavada. Um ano depois será considerada apenas uma outra faceta da verdade. Se persistir na memória, diremos que é um rapto de imaginação da pessoa que a pronunciou. Um século depois já ninguém mais saberá quem disse, e ela será parte fundamental da sabedoria popular, se transformará em fantasia, em ode, em épico, quem sabe em conceito geral de eternidade filosófica?

 

Carta de V. a T.

Porto do Havre, 7 de setembro de 1964

Tomzinho querido,

Estou aqui num quarto de hotel, que dá para uma praça, que dá para toda solidão do mundo.
São 10 horas da noite, e não se vê viva alma.
Meu navio só sai amanha à tarde e é impossível alguém estar mais triste do que eu.
E como sempre, nessas horas, escrevo para você cartas que nunca mando.
Deixei Paris para trás com a saudade de um ano de amor, e pela frente, tem o Brasil,
que é uma paixão permanente em minha vida de constante exilado.
A coisa ruim é que hoje é sete de setembro, a data nacional... Eu sei que nossa embaixada é uma festa, que me cairia muito bem, com o Baden mandando brasa no violão.
Há pouco telefonei para lá para cumprimentar o embaixador, e veio todo mundo ao telefone.
Estão queimando um óleo firme!!!
Você já passou um 7 de setembro Tomzinho, sozinho, num porto estrangeiro, numa noite
sem qualquer perspectivas?
É fogo Maestro!
Estou doido para ver você e Carlinhos e recomeçar a trabalhar.
Imagine que este ano foi praticamente dedicado ao Baden, pois Paris não é brincadeira!
Mas agora o “tremendão” aconteceu mesmo! A Europa teve que curvar-se!
Mas ainda assim, fizemos umas músiquinhas, como “Formosa”. Você vai ver! Tudo sambão!
Parece até que a saudade do Brasil quando a gente está longe, procura mais a forma do samba
tradicional do que a Bossa Nova; não é engraçado?
São como diria o Lucio Rangel: “as raízes!”.
Vou agora escrever para casa, pedindo dois menus diferentes para minha chegada. Para o almoço, um tutuzinho com torresmo, um lombinho de porco bem tostadinho, uma couvinha mineira e, doce de coco.
Para o jantar, uma galinha ao molho pardo, com arroz bem soltinho e, papos de anjo. Mas daqueles que só a mãe da gente sabe fazer! Daqueles, que se a pessoa fosse honrada mesmo, só devia comer, metida em banho morno, em trevas totais, pensando no máximo, na mulher amada.
Por aí, você vê como estou me sentindo; nem cá, nem lá!
Fiquei muito contente com o sucesso de “Garota de Ipanema”, nos Estados Unidos.
E Astrudinha, hein? Que negocio tão direito... Vamos ver se desta vez, os intermediários
deixam “algum” para nós!
Fiquei muito contente também, com a noticia do sucesso de “Berimbau” aí no Brasil... Dizem que estão tocando a músiquinha “pra valer”!
Isso me alegra muito pelo Baden. E pra que mentir? Por mim também! É bom saber que a gente
não foi esquecido, que o povo continua cantando as nossas coisas; pois no fundo mesmo,
é pra ele que a gente compõe!
Lembro-me tão bem, quando fizemos o samba, uma madrugada, há uns 3 anos atrás, por aí...
Eu disse ao Baden: “isso tem pinta de sucesso”. E ficamos cantando e cantando o samba até o sol raiar.
“Quem é homem de bem não trai, o amor que lhe quer seu bem.
Quem diz muito que vai, não vai, assim como não vai, não vem.
Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém.
O dinheiro de quem não dá, é o trabalho de quem não tem.
Capoeira que bom, não cai, e se um dia ele cai, cai bem.
Capoeira me mandou, dizer que já chegou, chegou para lutar...
Berimbau me confirmou, vai ter briga de amor, tristeza, camará.

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