Wednesday, June 25, 2008

 

No fim, Leyner e Boyle...



Em......
“EmBUSHcados” ou “Bushwacked”, em inglês, temos um livro maravilhoso da falecida Molly Ivins, que era colunista da excelente revista Texas Monthly. Uma mulher, liberal, no Texas. São as mais perigosas. Nesse livro analisa a administração Bush como governador do estado e não na presidência. O livro é excepcional e de arrepiar. Se tivessem fuxicado direito o que esse trapalhão fez em Austin, ele não seria eleito nem síndico – de massa falida. Portanto, já que é hora de réquiem para esse pobre coitado, muito melhor ler esse livro. Da presidência dele estamos fartos e cansados de saber e ler todos os dias. E, aliás, parabéns ao trocadilho da tradução do título – que, em si, já é um trocadilho. Todos os governantes brasileiros deveriam ler esse cascalho. Eu li quando saiu nos EUA, e agora, arrumando a estante em eterna desordem, dei uma folheada e não consegui largar certos trechos; me vi pedalando por mais de oitenta páginas de novo. Corrupção ativa, passiva, à trois, tudo, uma maravilha. Imbecilidade e cretinice também.

O que nos leva à homenagem que já deveria ter feito a esse cara, o da foto com banana, visto antes, e talvez ainda, como um grande “enfant terrible” das letras gringas. Não é badalado aqui como Paul Auster. Assim como Mark Leyner, (segundo numa foto bem estilo New Jersey) que é também intraduzível e excepcional, autor de “Meu Primo, Meu Gastroenterologista” e “Et Tu, Babe”. Leyner talvez seja a maior influência sobre Takahashi, do excepcional “Sayonara Gangsters”. Todo o non-sense que faz sentido está lá. Leyner é desconhecido aqui. Uma pena. Seu gás acabou, mas o que fez lá atrás é genial. Como sua musa, personagem recorrente, que é uma campeã de hipismo no Equador.

Mas, putz, abri o parágrafo pra fazer a homenagem e não a fiz. Falo de Thomas Coraghessan Boyle (sim, o da banana), que assinava T. Coraghessan Boyle, depois TC Boyle, mas é conhecido como Tom Boyle. Realmente, ele é um desses caras que escrevem sobre qualquer tema. Ele pode escrever ou um grande romance, romancear fatos, e o diabo a quatro. Mas ele escolhe temas bizarros. Dois de seus livros já viraram filmes, ou vice-versa, como o “The Road to Welville”, com Anthony Hopkins e o “The Inner Circle”, em cinema conhecido como “Kinsey”, com Liam Neeson.

No primeiro fala do doido Kellogg, que deu nome ao cereal – e grande programa de MBA nos EUA; e o segundo fala de sexo (e amor) ao biografar “ficcio-analisando” cuidadosamente Alfred Kinsey, pesquisador do assunto. The Inner Circle é de uma sensibilidade extrema com um tópico fervilhante. Os contrapontos textuais são estonteantes. Não dá vontade de escrever mais nada depois de ler aqueles parágrafos maravilhosos. Vida e ficção se misturam na vida real de Kinsey e na ficção de Boyle. Ou vice-versa ao contrário. O máximo de sexo que se tem é um tornozelo, mas as entrelinhas são mais reveladoras que uma vulva escancarada, ou um pênis descascado.

Somente agora leio e releio essas coisas velhas e datadas, mas maravilhosas. Então recomendo.
Quem leu e gostou, aliás, do Sayonara, tem que encarar Leyner....
3 dele... (Meu garoto!)
"I work on the sentences like a hundred generations of ants building a pyramid"
"I've been told by William Vollmann and Martha Stewart that I resemble Harry Connick Sr before his Slimfast debacle"
"I've been offered the first nude centerfold in The New Yorker."

Wednesday, June 18, 2008

 

Fora Crivella, Fora Alencar, Fora Lula!


(Foto: Rogerio Carneiro)

Saturday, June 14, 2008

 

Pa-la

Yo Pa-la! This day at the DMV was indeed one for the ages. Maybe that should be the picture on the license. I loved it. Now you got two.

Just like in the Joni song:

My analyst told me
That I was right out of my head
But I said dear doctor
I think that it's you instead
Because I have got a thing
That's unique and new
To prove it
I'll have
The last laugh on you
'cause instead of one head
I got two....

And you know two heads are better than one.

Thursday, June 12, 2008

 

Jew-Dinha

O Seu Valença dizia aos uivos: “Mamãe, eu ontem passei mal e me lembrei de você, mamãããããã-e”. Acho gostoso falar com você, vovó, pois você já está em outra dimensão, mais orgânica, telúrica, com pensamentos infantis próprios; quiçá do tempo da argamassa com gordura de cetáceo. O HTTP 404 está presente na vida de todos e você não imagina... O bonito é que você não cria mais. Literalmente, mother, VOCÊ NÃO FAZ IDÉIA... Chega uma idade em que a cabecinha pára de fazer coisas. Abstrai da abstração. E você acompanha e comenta sobre a VarigLog e o desmatamento da Amazônia com um distanciamento cambaleante, formulado com uma certa ânsia, que não leva a conclusões. Você parou de concluir também. O que é bom. Não chegaremos nunca a nenhuma conclusão. Assim é a vida como você me ensinou. Melhor pensar nas promessas com santos de capa vermelha no Cenáculo, caminhadas no Centro, gibis, Tintim, cachorro quente no Rick’s e dentista em Copacabana. Sabe-se lá como era seu “mundo adulto”. Uma merda não é?

I am sorry... Deus conserta isso depois dessa. Realmente não adianta trocar de atacante nos 40 do segundo tempo. Pode ser tarde demais. Você tem uma saúde de vaca premiada. Todos olham pra você e se enternecem. Até na sua única foto com quatro anos de idade, em 1927, você tinha cara de ranzinza. Mas sempre com sorriso e bondade, como uma monge Zen de tanta porrada e imbecilidade que ouviu. Melhor mesmo era a pensão da mãe, ficar na Rua do Matoso, perto do canal. Sem pai, nem mãe. Repito, tudo literalmente. Mas voltando aos tempos de hoje, de Wi-Fi (não o Hi-Fi que seus filhos bebiam de adolescentes nos Anos 60) e cartões de embarque virtuais, você se senta na sua poltrona da Ikea e vê a dramaturgia nacional nas telas do canal campeão de audiência. Brinca com a tecnologia quando é um doppler (ganger?) e ainda puxa o varal interno com as roupas úmidas e pesadas. Esquenta o leite, come o tomate sem semente e a comida sem sabor. Melhor não arriscar né?

Ora vovó, é bom falar contigo, pois, por vezes é você, e outras vezes não sei quem é, alguém talvez distante, talvez próximo. Eu entendo, sou pai. Você não foi contaminada como seu companheiro, pela perdição dos livros, desse saber meio vaidoso, que ao mais nos tornar sabidos nas associações, nos levam a um profundo descontentamento com o estado das coisas. Esssa falsa sabedoria nos rouba o riso. Totalmente eclesiástica a coisa. Literal hein vovó! E olha que aqui tudo é literal mesmo nesse mundo. Você tá certa, não há nuance... Assim é que é bom. A tal da metáfora é também um mal que não assolou o seu ser. Curvas sinuosas de percepção não passaram pela barreira de seus glóbulos brancos. Que bom. Isso é muito profundo. Pois quando você fala e observa uma situação, você traz um ponto de vista único.

Não te chamo de mamãe, só de vovó. Pois te dei neta cedo pra burro, arre égua. Fiquei trocando fralda, parecido com você um pouco. Fui mãe. Acho que temos muito em comum, mas você tem a pureza... Sabe que eu também? Tive essa pureza como pai/mãe... Ou então, se você não a tem, disfarça bem pra burro. Toda mãe é pura, uma ironia, pois atinge esse estado após o ato de impureza numa espécie de depuração. Mas não leia essa frase não. Esses devaneios é que fazem mal. Isso... Deixa o carro na linha reta e não olha pra curva delirante que se acerca. Mas aí voltando ao que temos em comum, acho que muita gente encheu muito nosso saco a vida inteira não é? Eu adorei falar isso, taí. Como encheram e enchem o nosso saco, nossa...! Disso você entende e já vejo o teu sorriso.

Você só anda elegante, fez ginástica com a Elizeth, a Divina, que te queria muito, todos os vestidos feitos por costureiras, tailleur, um asseio na sua casa que chega a ser nauseabundo. TOC, Tok-Stock, Monk e monges. Mesa de jacarandá, azaléia florida e santos. O sol faz mal não é? Você não gosta mais... Domingo é dia de missa. Sem falta, onde quer que esteja. Que coisa legal, vovó. Você odeia palavrão. Você é do caralho.

Só queremos ficar quietos ou como você adora dizer “no meu cantinho”. Você não sabe falar inglês vovó, mas tem uma cantora canadense que começou com um disco e tanto. Disco, quero dizer, CD, que você já conhece, mas ainda chama de disco. Extração irlandesa, quero dizer, a família veio de lá. Agora ela anda muito chata. Sarah McLachlan. Seu disco inaugural é muito belo. Tem uma canção linda com o nome muito sugestivo, ou seja, muito bacana vovó. Chama-se Elsewhere. Bacana não é? Elsewhere quer dizer “outro lugar”. A letra é linda mas deixa prá lá. Quando você vier aqui eu te conto e canto ela todinha traduzida pra você entender. Te dou pão careca com presunto e guaraná zero, ok?

Obrigado por ter me parido. Deve ter sido um saco e desculpa pela trabalheira. Você é formidável e segurou vinte petecas e espanou trezentos mosquitos. Fica aí no seu cantinho vendo novela, que quando te ver vou dar aquele abraço que você não gosta de receber, pois você diz que machuca e parece que vou quebrar seus ossos e te despentear. Mas é assim mesmo. Todo mundo que amo, como te amo, quero matar com um abraço de sucuri. Deve ser algum defeito genético, ou Freud explica. Essa do Freud explica você sabe e gosta, sempre dá uma risada. Mas é batismal. Falei sucuri sem querer, mas ela leva a presa pra água e mata por afogamento... Vida nova a cada abraço.... Mas te dou o meu abraço sufocante, que vai despentear seu cabelinho fino e ralo, não laqueado. Quero quebrar seus ossos e que você não respire mais essa poluição, somente afeto. Desmaia, perca os sentidos... Você adora os abraços e afagos com mão pesada e sempre pede mais. E para que eu abra latas e compotas.... Um beijo vovó, se Deus quiser já nos vemos...

Ou então nos falamos quando estivermos sintonizados no mesmo canal... Vai em frente, pois a energia do mundo é assim, transita por aí e não fica parada. Foi bom o encontro, estamos unidos pra sempre. Ah, tou me comportando sim. Tou me cuidando sim. Sai caro pra burro, mas é bom. Um beijo vovó.

Thursday, June 05, 2008

 

Canhota

Vai ser gauche na vida, canhotinha de ouro, desarmando as defesas ali pelo meio, agora pula pra NCAA e sonha o sonho nosso, poins tens pinta, garbo, pose e cheiro de classuda no desarme, como mal cheguei a te ensinar....

Sunday, June 01, 2008

 

Poligamia e Porrada

Eu não quero uma pra vi-ver... Nem uma, nem outra. (duplo, please?) Pelo título dá pra ver que a coisa aqui é séria. Nem site de mulherzinha, nem de homenzinho. E eu não tenho nada a ver com isso. Sou apenas o relator.

Direto (no queixo) do Texas, onde vim parar sabe-se lá pela graça de quais forças da espiritualidade. A única coisa que se discute aqui e agora é poligamia. (Já explico...) Agora quero ver esses sites de discussão de relacionamento. Tudo peixinho. Aqui, imagine só, é um verdadeiro congresso de relacionamento. E numa casa só, ou em várias (mais um duplo, por favor). Imagine dez mulheres matraqueando no seu ouvido e com TPM em sintonia cronológica fina? E umas ainda adolescentes?

Aqui nesse estado (de coisas), sui generis como o penteado do Javier Bardem no filme dos irmãos Cohen, as “tretas” dos pilantras “philanderers”, irritou os caretas tipo Ne(r)d Flanders dos Simpsons, e chegou nas páginas do Wall Street Journal, publicado no norte; lá onde moram os inimigos ianques. Isso é o juízo que fazem dessas pessoas que apenas praticam sua religião. Acham que são uns abusados. Eu não acho nada, repito pela milésima vez. E não acho graça nenhuma em nada. Vamos ao caso então.

Era uma vez um rancho no Texas onde uma seita polígama vivia. Há indícios que valia fazer mais coisa lá dentro (êpa) do que supunha (hmmm) a vã canção de Tim Maia, imagino eu. Aí o (tradução literal) Departamento do Texas de Serviços de Proteção à Família resolveu acabar com a farra. E queria tirar várias crianças de lá de dentro. O caso chegou na mais alta instância “juris-prudente” do Texas, e parte da magistratura, a maioria, disse que, noves fora, não se podia separar as crianças de seus pais. Aí armou-se uma quizumba. Algumas crianças já tinham sido arrancadas do “rancho” e encaminhadas aos abrigos oficiais, pra febem do bem (bom) daqui. O que o Estado do Texas, como entidade (mais outro duplo, please), reclama, é que os marmanjos barbudos além de polígamos, pegam meninas menores de idade, filhas de outrem do rancho, para o congraçamento na santidade inviolável do matrimônio plural. Mas certas correntes da religião (não vou mencionar o nome senão me processam e não estou falando nem bem nem mal) comungam do credo de que, ao atingir a puberdade, as moças já estão prontas para o matrimônio. Temos que respeitar. O islamismo também permite. Dizem alguns. Tudo vira interpretação de textos. Sagrados, é claro.

O rancho se chama Eldorado (sic). O advogado de defesa das famílias é lá de Salt Lake City, cidade-mór(mon) de Utah... Mas quem está do lado dos poligamistas são cristãos conservadores e a veneranda American Civil Liberties Union (ACLU), que defende as causas mais doidas do mundo, em nome da liberdade. A ACLU é execrada pela direita e esquerda, dependendo do caso. Mas aqui o caso, constitucionalmente falando, é um de liberdade de expressão religiosa. Os únicos excitados com a celeuma são os causídicos, obviamente.

Ocorre que a poligamia é mais praticada em Utah onde os mórmons das antigas são mais numerosos, e ainda acreditam na prática (e na tese). Mas eles estão sendo perseguidos pois (ess)a prática é cada vez mais questionada pela sociedade – dita - moralista. Mas aqui é tudo Caetano. O avesso do avesso do avesso. Ou seja, os caras são tão conservadores que querem conservar a poligamia. Esses jovens de cabelo curto que rezam e querem comemorar bodas de ouro são muito moderninhos para alguns. Eu como não sou juiz, nem advogado, não sei o que dizer.

Mas outros ficam tão indignados com a alta do petróleo, poligamia e outras (para eles) barbaridades, que vão logo partindo pra porrada, literalmente.

Num subúrbio de Dallas, Addison, tem um barzão chamado Addison City Limits. Come-se pizza, bebe-se o chope, e coisa e tal. Cada dia tem uma atração. Nas quartas é o famoso “Amateur Fight Night” - promovido pelo promotor Ben Jackson - que por sua vez está saindo na porrada com o Estado do Texas (depois explico essa outra briga em particular).

É como se fosse karaokê. Só que é noite de porrada amadora. Caso queira e esteja frustrado com o mundo, você calça a bota, bota a calça e entra no ringue. Antes há uma mensuração anatômica para que o embate seja equilibrado, principalmente nos quesitos altura e peso. Você veste os “shorts”, luvas, etc... Baseado, perdão, inspirado um pouco no filme “Fight Club”. Ou fica olhando ou vai lá e enfia e leva porrada e sai super leve, dizem... Mas tudo muito organizado.

Tem anão voador não, como disseram antes. Aí é coisa de irlandês. Não pude experimentar a sensação de entrar no ringue. Eu sou pacifista, tão velho que já tive “Dicas” publicadas na seção homônima no Pasquim do Jaguar (na sua era decadente, o que torna o feito mais grandioso), sem maiores dotes de artes marciais e com a cervical emperrada; ou seja, seria tombo fácil pruma texana.... Ah, mas homem luta com homem e mulher com mulher. Só que algumas lutas das mulheres são numa super-banheira de gelatina e elas ficam de calcinha e sutiã. Outras são no velho box mesmo de luva e top.

Coisa mais misoginista sô. Os homens ficam parecendo o Popó... Uns tomam coragem só quando já estão com a sobriedade prejudicada, o que também não ajuda a performance. Outros ficam tomando Red Bull... Outros ficam sonhando em pegar o primeiro avião pra Tegucigalpa e inscrever-se num curso de administração de empresas hondurenho. (Essa palavra é bastante erótica, hondurenho). No bar da porrada tem touro mecânico, aquele dos filmes B.

Mas voltando à porrada. Ben Jackson foi preso por ordem do (tradução literal) Departamento de Licenças e Regulamentações Profissionais do Texas, pois necessita – segundo o dept. – de uma licença pra promover a pancadaria. Ele alega que promove recreação (sic) e divertimento (sic). Hmmm... Muita coisa estranha aqui nesse estado (de coisas). As luvas são realmente mais acolchoadas e dois puliças ficam no (p)recinto em caso de que o bicho pegue legal, numa catarse coletiva. Há um caso em que deixaram uma namorada que foi, digamos, “enganada”, lutar contra seu enganador, só que esse estava com as mãos amarradas. Um pouco mais sobre o assunto em:

http://www.youtube.com/watch?v=8gD7SY7hNGk

Nessa mesma semana o programa de maior audiência, o que mais interessava aos habitantes do estado era um programa nacional de soletração geral, um spelling bee, onde o moleque tropeçou em “quaquaversal” que quer dizer virar-se ou se movimentar em todas as direções.

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