Blogue-Blague

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes amor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo, para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos e, simplesmente, ir ver. (...) Pura verdade, o mundo na tv é lindo, mas serve para pouca coisa. É preciso questionar o que se aprende. É preciso ir tocá-lo.”

"...CASA DE VIDRO

Em "A Insustentável Leveza do Ser" (Cia. das Letras), o tcheco Milan Kundera trabalha esse difícil equilíbrio a partir de dois amantes com ideias opostas sobre o que seria "viver na verdade".


Para a personagem Sabina, só existe verdade na privacidade, quando não se é observado. "Ter um público, pensar num público, é viver na mentira. (...) Quem perde sua intimidade perde tudo (...) e quem renuncia voluntariamente a ela é um monstro", diz Sabina.

Ela não foi apresentada às redes sociais, esse reduto de "monstros".

Já seu amante acha que viver na verdade é abolir a barreira entre público e privado. É morar numa casa de vidro onde todos sabem de tudo.

Construir uma com paredes meio finas e algumas gavetas trancadas é o desafio..."