Monday, May 29, 2006

 

Crescendo e Aparecendo

Que me perdoe a executiva (trocadalho) do PSOL com seus blue jeans e batas esvoaçantes, e tremenda seriedade na questão de desejar que o Brasil seja realmente um país para todos. O mesmo deve ser dito do (que resta) do PT com seus dirigentes bem intencionados. E da fina flor do PSDB e de outros partidos assim chamados de neo-liberais. O que falta para o sucesso final do país, a meu ver, está calcado em um aspecto técnico que ambas correntes não domaram ainda – como os falsos transplantados peões da novela América na tentativa de amainar bravos bovinos de Barretos. Trata-se simplesmente de compreender o que é o conceito de governança, ou o que se alcunha em Portugal simplesmente de governo. De somente governar, seja o Estado, uma empresa ou o que for. De largar o lança-chamas de lado e arregaçar as mangas.... Existe aqui nas plagas empresariais o conceito da governança corporativa, que em Portugal se chama de forma mui inteligente de governo corporativo. O Estado tampouco não deixa de ser uma máquina corporativa.

Mas governar não se restringe a dizer aos feitores sobre o que (não) devem fazer no âmbito corporativo, social e estatal, vide as mazelas pelas quais empresários de renome passam, ao se associar ao próprio governo. Em primeiro lugar, reza a cartilha, devemos falar em transparência da coisa pública, muito turva, mas que os Senhores do nosso grande Engenho não têm muito empenho em limpar ou desobstruir. O conluio de forças e lideranças políticas antiquadas já nos remete a tempos pré-ditadura, cheirando a um peixe morto juscelinesco, que nos coloca numa absurda condição de falta de progresso político e nos traz a um cotidiano imóvel, pessedista, udenista, petebista e instável, independente da ideologia dos cidadãos. E não se tapa nem o PSOL ou PSDB com peneira.

O curioso da atual conjuntura política nacional é a completa insatisfação de direitistas e esquerdistas com o quadro que se vislumbra e que existe, tanto quando um segura a espátula e o outro o pincel. Em se tratando de dialética e dicotomia, a felicidade de um é o desespero do outro em embates ideológicos. Aqui nem isso! Trata-se de um revezamento olímpico de bastão oco que não leva o país ao crescimento sustentável, cuja definição - para não se cair no slogan, trata-se apenas de crescimento econômico além do crescimento populacional per capita.

Portanto nos vemos numa condição total de paralisia. Há 50 anos mais ou menos. Ou mais. Não importa se a liderança é de um barbudinho gorducho eleito por vias diretas, de um bonitão esbelto, ou de um general fardado por vias indiretas, ainda assim comungamos da mesma hóstia requentada com gosto de fel. Em vez da cacetada ideológica de nos digladiarmos por esse ou aquele motivo, nem sempe escuso, deveríamos juntar forças por uma cruzada, sim, educacional, pensante, e sobretudo moderna.

De parar com a besteira de que o nacionalismo passa pelo fato do Tesouro Nacional ser senhor de empresas. Estas estariam melhor representadas pelo bêbado da esquina que pode ter seu quinhão e seu bocado como acionista, sem estar sujeito aos humores dos governantes. Afinal, como Quincas Borba, seu homônimo Berro D’água e Policarpo Quaresma, esses sim tratam-se de autênticos brasileiros, e as empresas deveriam ser deles, e não do grupelho que se locupleta do Estado, não obstante a ideologia ou viés pensante apontado por seus pontos cardeais. Os dividendos vão para o caixão (o senso late) dois. Deles. Já vimos que a esquerda – sinistra e irada - não detém o monopólio da moralidade. Nem a direita mesmo que “gauche” com linhas tortas de terceira via. Ou seja, como país finalmente atingimos a puberdade e pelos pub(l)i(c)anos afloram.

Melhor então acabar com o saudosismo e nos modernizar. Aprender com o que há de bom dos verdes alemães ou liberais coreanos. Ou quem quer que seja. Mas que é imprescindível dizer à classe política que governar é preciso. Que viver a ver navios não é nem necessário nem mais possível dado o tamanho e responsabilidade que o Brasil atingiu no cenário global. Não se pode viver assim, é hora de crescer, governar e tomar juízo.

Comments:
Como era gostoso o meu PT (Tutty Vasquez)


20.08.2005 | Ainda que a maioria continue meio jururu, nem todo bom socialista brasileiro está propriamente deprimido. Conheço inclusive um que até tem se valido da lambança para tornar a vida mais prazerosa. Manda sempre a mesma cantada infalível: "Passa lá em casa pra gente refundar a esquerda, broto!" Mulher nenhuma resiste a um petista de olhinhos inchados em busca de companhia para começar de novo, recriar a ética, refazer o pão. Meu amigo comuna está convencido de que o renascimento político das esquerdas passa necessariamente por uma bela noite de sexo. A militância, ele explica, precisa livrar-se da sensação de impotência congelada na imagem de Chico Alencar chorando de pé no plenário da Câmara naquele exato instante em que o sonho acabou.
Não é fácil, convenhamos, voltar a sentir tesão pela política com Cristovam Buarque e Eduardo Suplicy discutindo se é melhor refundar a esquerda dentro ou fora do PT. Papo pra Saturnino Braga dormir! Precisa ver que esquerda é essa que se quer refundar no Congresso. "Tô fora!", adianta-se o camarada que inspirou toda essa minha conversa fiada. Meu amigo prefere parar de falar de política para sempre a ter que dividir idéias de novo com o deputado Babá, o Professor Luizinho, o Doutor Rosinha ou a senadora Ideli Salvatti. Também não tem mais a menor paciência para refletir se Arnaldo Jabor tem razão ao pregar uma ‘nova esquerda’ com "Weber em vez de Marx, Sergio Buarque de Holanda em vez de Florestan Fernandes, Tocqueville em vez de Gramsci". Francamente, tanto faz, né não?!
"Depois de ter você, esquerda para quê?" Sim, eu sei, as coisas que o tal amigo comuna anda cantarolando no ouvido das moças beiram a cafajestagem, mas não constituem qualquer quebra de decoro. Soa até poético. O cara quer refundar a esquerda festiva como ela jamais foi nem na noite do réveillon na casa de Helô. A gente tem que reconhecer: o PT era bom na época que fazia festas de arromba para levantar fundos para a campanha do Gabeira. A militância parecia estar no cio, lembra? Perdia uma eleição depois da outra, mas a pele, que beleza de cútis, que viço! Nunca vi pessoas tão lindas. Em cima, em baixo, puxa e traz, ai, ai, ai, ai!
Dói encontrá-las por aí arrastando os pés, sem ânimo pra nada, num estado de depressão só comparável ao do torcedor que vê seu time cair para a segunda divisão, tremenda dor de corno, ressaca, mal-estar social, vergonha, constrangimento, frustração, tristeza d’alma. Minha geração está doente e não é pra menos. É duro demais aos 30, 40, 50, 60 anos descobrir que a vida inteira se acreditou na construção de um país, esse mesmo que agora desmorona como um prédio do Sérgio Naya no Carnaval de um ano qualquer. Acabou! O Brasil que se pretendia nos últimos 40 anos acabou, apodreceu.
Qualquer tentativa de salvar o que restou dessa esquerda lembra um pouco a ação de catadores nos lixões das grandes cidades. O pior é que tem uma turma aí querendo refundar o socialismo com material reciclado do entulho político acumulado após o desmoronamento do governo Lula. Querem reconstruir o monstro que assombra nossos sonhos. Vai aqui uma denúncia: os engenheiros da Petrobras – ô, raça! – estão à frente desse movimento. Encontrei a seguinte convocação na seção de livros do boletim eletrônico da associação da categoria:
Cuba: trincheira da resistência
"É um pequeno-grande livro (...): pequeno no tamanho, mas incomensuravelmente grande por seu conteúdo: epícolas, documentos, relatórios que refletem o destemor, a dignidade, o amor à verdade do seu povo e de seus dirigentes. E algumas crônicas de amigos renomados que, com desassombro, reverenciam a figura singular do guerrilheiro-revolucionário-estadista-estrategista-dirigente-maior da Revolução de Cuba, Fidel Castro". Custo R$ 10,00.
Convenhamos, isso é coisa de gente que não faz sexo há mais de seis meses
 
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