Wednesday, April 29, 2009

 

Curtas

Curtas e diretas


Frei Clemente Kesselmeier volta a insistir que o mundo perde a confiança nas finanças. Mas dados da FGV compilados por Aloísio Campelo mostram que podemos observar uma virada. Como talvez a do glorioso Botafogo pelo qual ele torce. Vamos ver.

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De balde vem a gripe suína. Vitória incontestável dos vegetarianos que aboliram a carne da mesa. Comer carne é uma lambança só e não é a toa que preceitos tanto judaicos como muçulmanos baniram “schweinhaxe” do menu desconfiança por motivos mais antropológicos que teológicos.

Eu confesso que um lombinho é uma delícia e era um onívoro papa-tudo. Mas na vida temos que fazer escolhas e essa é tão importante como apagar a luz, economizar a água e coisa e tal. Não se pode apoiar o meio-ambiente e comer carne. Seria como o político quase honesto. Mas voltando a vida, é assim. A coisa muda, se transforma e hoje não é como ontem. São escolhas. nInguém vai ser o ambientalista perfeito ou seja lá o que for - num pretérito mais que (im)perfeito. Apenas a minha opinião. Eu, pessoalmente, tô fora da porcalhada e da porcaria.

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Armínio Fraga assumiu o conselho da Bovespa e se pronunciou em relação ao informe de remuneração individual de conselheiros e diretores de companhias abertas. Algo que a CVM contempla na Instrução 202 que está para sair. Alega que é contra por motivos de segurança no nosso país. Muitas cabeças sensatas, favoráveis a boas práticas, comungam de tal preocupação.

A minha opinião é que esse assunto nem merece atenção. Mais importante seria reformar o acesso a assembleias de acionistas. Depois podem debater sobre remuneração ou até o último romance do Chico Buarque. Ou o excepcional Sayonara Gangsters do Genichiro Takahashi. No Japão as assembleias de acionistas ocorrem quase todas num mesmo dia de Junho, para dispersar a “mineira” deles, a “sokaya”, que cobra muito para manter a ordem no (p)recinto.

Wednesday, April 22, 2009

 

Vera no Vale


Foto: Rogerio Carneiro

Monday, April 06, 2009

 

O melhor amigo dos bichos

Foto Rogerio Carneiro
German Philosophers....

 

Reidio

23 de março de 2009
Essa é pra tocar no Rádio…
BLOG, Música, Show

Por Fernando Carneiro
O problema (ou falta de) na vida é a (falta de) contextualização. Como nessa frase escrita. Falar sobre a passagem meteórica do Radiohead por aqui pode nos levar ao abismo ou do lugar (in)comum, ou da total falta de compreensão. Foram shows no Rio e em São Paulo. Com aberturas de bandas díspares. Sobre elas não vou falar pois foram um show à parte, diferentes. Gostar ou não gostar é irrelevante. Parênteses mínimo. (Mas como o Kraftwerk era e é bom, Mein Gott…! Quem não pulou e requebrou em “Radioactivity” é ruim da cabeça e doente do pé.) Mas vamos logo aproveitando a associação lacaniana da radioatividade… A ALR…
Ela nos leva ao Radiohead. Já tinha visto show deles lá fora num ambiente rural. Perdi um na chuva em Bull’s Run, Manassas, onde Stonewall Jackson ganhou o apelido por dar uma folha seca militar nos soldados da União em Virgínia. Um lugar sombrio. Mas choveu e não pisamos nos restos mortais. Então ou(vi) no Merriweather Post em Maryland. Anfiteatro bonito. Outro tempo. Não se ouve direito na vida. E aí está o ponto importante. O som deles é claro e perfeito. Precisamos ouvir para descobrir algo novo a cada sentada.
Portanto o mais importante do Radiohead não está sendo ouvido. Podem estar falando ou escrevendo sobre eles. Mas precisamos ouvir. Ainda não deciframos o enigma direito. A banda é a “instituição” mais revolucionária da atualidade no âmbito político, social, musical, comportamental e econômico. Não é exagero retórico e sim um teorema que os fatos confirmarão adiante. Não há quem não goste de Radiohead. Há quem não conhece Radiohead, o que é diferente. Temos que ouvir mais o Radiohead. Ouvir mais horas, ouvir com mais atenção, sobretudo ouvir e aprender muito. Rádio é para ouvir, ser escutado. As orelhas dividem a cabeça. E qual o aprendizado? (continua aqui)
Aprender musicalmente, com pegadinhas mesmo, para alunos do Villa-Lobos. Tipo: “…Vem cá meu filho, qual é o compasso de ‘Mixamatosis’ ou de ‘Gloaming’?” De onde veio essa polirritmia harmolódica toda cartesiana mas com um quê até de Ornette Coleman – estilhaçado lá atrás na “cozinha”? O que faz Johnny Greenwood com tanto “sample” e “looping” senão brincar de Deus com o tempo? Música é tempo. E no “looping” ele coloca Thom Yorke tocando uma viola acústica de “Paranoid android” com algo que o público acabou de cantar minutos antes. Hoje é o passado do futuro? Coloca até sample falado de uma “rádio” FM de Campinas. Faz parte do universo. Rock, pop, prog, levadas meio jazzísticas? Não sei. Ouçam… Rádio é audição. Ouvir mais. Os caras estão tocando na alma de pessoas e extrapolando um pouco a demografia mercadológica pois vai da menopausa â circunsisão pós-nascimento. A banda é alegre e triste. Densa até a medula. Revela o “angst” britânico com fúria punk. Mas o faz com a famosa polidez e educação inglesa. Vive no extremo e portanto engloba mais tendências, contradições e riqueza. Musicalmente os rapazes tiveram uma educação exemplar. Podem compor e tocar o que bem entender. Mas ficam nessa síntese que não pode ser descrita e capturada por rótulos. Que pode ser uma coisa uma hora e outra noutra. Repito. Não há quem não goste do Radiohead, há apenas aquele que não conhece ou não foi apresentado direito. Nossa, temos que ouvir muito.
Aprender no comportamento e visão social. Adorei os voluntários em São Paulo catadores de bitucas (sic) com seus sacos verdes. Não vi nenhum Milton Nascimento apagado mas a molecada fuma que é uma barbaridade. Dez num carro, frugalidade. Thom Yorke não queria pouco, queria o corpo perfeito, a alma perfeita. Mas se achava um ser amedrontador (creep), e isso não é de todo ruim. Meter medo. Agora ele já se ajustou à sociedade e brilha. Está lindo e dança bem. Parece um David Beckham. Ele é “fucking special”… Cresceu e amadureceu muito, musicalmente também. Ou como ponte para nos religar a um passado progressivo, mas sempre nos levando a novos lugares onde nunca estivemos antes, como lembrou o crítico Arthur Dapieve. Finalmente, na parte musical vale lembrar também a revolução do lançamento não do badalado “OK Computer”, mas sim de “Kid A”. O “OK Computer” foi considerado pela crítica especializada como o melhor álbum da década de noventa, e foi lançado em 1991. Em nove anos ninguém tinha feito nada parecido. E ainda estamos esperando de braços descruzados. Mas com o “Kid A” foi a primeira vez que a banda esticou o dedo indicador para a indústria fonográfica, sem querer, fazendo uma obra prima com o ultraje no processo, mudando o curso da música. Ora, quem toca Radiohead em outras praias? No jazz por exemplo é Brad Mehldau, quiçá o maior pianista de jazz vivo. Sempre tem uma faixa nos seus CDs dos ingleses de Oxford. Tem OK Computer em quarteto de camerata. Tem Vítor Araújo em Ricife. Enfim, a lista é longa e não para de andar. Tem afinidades com Björk e Sigur Rös, ambos da Islândia. País onde o rombo dos bancos agora é maior que o PIB. Muito interessante.
Aprender de política com eles. Desde “Amnesiac” a banda é eminentemente política.
A tríade social (faça como digo e faço ambientalmente), política (Hail to the Thief) e econômica que veremos adiante. Mas voltando ao “Kid A” e “Amnesiac”, que são a mesma sessão de gravina. Esses dois CDs jogaram o Radiohead para além do jardim dos senderos que bifurcam de Borges. Ficou absolutamente perigoso classificá-los ou contextualizá-los. Virou apenas um caso de amor. Sim, cala a boca e beija. Eles arrebatariam qualquer corrente, roqueiros, technos, emos, antas, apreciadores de música erudita e clássica, enfim, uma claque eclética se juntou em torno do rádio para ouvir a boa nova sempre que ela vinha a partir de então. E a revolução não parou. Permanente. A música ficou “estranha”, “esquisita”? Certo? Errado.
Volto a dizer, a banda, sofisticada e “cifrada” em suas mensagens é movida pela política. De forma direta e inequívoca. Esse é o tema que tira Thom Yorke do sofá. Ainda em turnê no lançamento do “Amnesiac”, no fatídico dia 11 de Setembro, teriam que tocar a canção “You and whose Army?” Nada de rock. Uma balada cadenciada, meio valsa quase, uma valsa que não é em três, para os entendidos, que muda de dinàmica no estribilho. Uma observação para um pontecial agressor. Você vai me dar porrada? Você e o exército de quem pra me derrubar? A pergunta acabou sendo feita na Alemanha e o contexto logo mudaria. A pergunta feita por Thom Yorke ali era um grande contraponto, pois como muitos, ele voltou seu canhão para quem tinha praticado os atos condenáveis contra o mundo derrubando as torres gêmeas. Claro, o mundo ponto. O mundo arromba ponto com. Não o mundo “ocidental”. Até o Cristopher Hitchens deixou de ser trotsquista (de vez) exatamente naquele dia e escreveu seu famoso artigo despedindo-se dos camaradas de esquerda. Tudo passa o tempo todo no mundo. A vida vem em ondas como o mar. Num indo e vindo infinito.
Yorke recolheu-se em Oxford. Algo que soa incongruente como dar o nome de Riley a um cão Yorkshire. Uma observação que seria pertinente a Henry James, talvez. Outra coisa sem contexto. Mas Yorke sentiu o que vinha com George Bush. O canhão está apontado na direção errada. Olhou para a eleição roubada de Al Gore. Gostou de um gaiato saudando em Washington, na rua, o “Curioso George” com uma placa dizendo “Hail to the Thief”, em vez de “Hail to the Chief”, a fanfarra tocada pela bandinha da Casa Branca sempre que o maioral adentra um recinto de gala. Yorke conclamou os muchachos e voltaram ao estúdio com uma fúria assassina. Vamos sentar o cacete de forma doce. Só com música.
Chamou os americanos no filé. Aqui agora vamos fazer uma colagem de frases soltas das letras. Desse período político que ainda perdura, pois se fixam nas melodias - e as letras, sempre elas, também são mal compreendidas. Falta contexto.
- Vocês não estão prestando atenção. Assassinos, não somos como vocês. O gênio saiu da lâmpada, é hora da bruxa, vão te sugar para o outro lado. Vou ficar na trincheira em casa. Em casa para sempre, onde dois e dois são sempre cinco. Vou velejar à lua, já escutei demais. Somos acidentes prontos para (s)ocorrer. Por que tão lindo e solitário? Você acha que pode com a gente? Que nos mete medo? Pulei no rio e o que vi? Anjos de olhos negros nadando comigo! Facas à mostra. Quero que saibas, ele não vai voltar! Sou uma pessoa razoável. Cai fora e some da minha frente! Não há nada a temer, nada a duvidar.
Enfim. O Radiohead disse isso literalmente. E mais. Para a turma que destruiu o mundo política e economicamente no ano passado. E aí em algumas resenhas pipocam as malditas palavras, definindo-os como paranóicos até. Na imprensa bandeirante, que é criativa como ela só. Como diriam eles em Idiothéque (que não se perca a ironia do título da canção), eu rio até minha cabeça rolar no chão…
O curioso é que essa postura eminentemente política e comportamental não vai com uma mão pesada de “outras banda de rock”, onde astros ficam famosos por andar com presidentes. Melhor ficar mesmo tomando caipirinha em paz com gente normal. O Radiohead diz o “Sabe com quem está falando?” de outra forma. Realmente eles perguntam aos incautos se sabem o tamanho do movimento silencioso de sensibilidade, cultura, culto à estética, bom gosto e paz… A banda é eminetemente nietzscheana.
A revolução econômica e de “business” é conhecida. Veio na forma de comercializar o último – e aliás estupendo – CD, o “InRainbows”. (Minha música está aí de graça, tá numa de pagar? Se tiver, quanto você acha que vale? Você é que manda freguês). Isso é mais revolucionário que Marx ou Adam Smith. No mercado moderno é o verdadeiro “demand pull” com uma oferta estática. Sim está virando “case” de escolas de MBA. Isso para mim denota uma certa importância e pertinência. Não há exagero. Não pode haver exagero quando um substantivo vira verbo. O verbo vira carne. Mas quando alguém vai lançar agora um CD lá fora e coçam a cabeça sobre a estratégia mercadológica, a pegunta é “Are we gonna radiohead this thing?” Ou seja, vamos disponibilizar antes na internet?
Em São Paulo, num show visto creio que por milhares de pessoas na Multishow, mas que, se não estavam lá, perderam um ambiente maravilhoso de clima ameno, vibração rural e arbórea no meio da selva de pedra – o set list reescreveu um pouco a história para os que não a conhecem, e não cantam a letra de todas as canções (ou para amnésicos). Tivemos até a indefectível e famosa garoa. Simplesmente garoa, desacompanhada dos demônios, graças a Ele. Pois então o Radiohead deixou São Paulo meio que de cabeça para baixo, perdão meu, de ponta cabeça. Esse set list foi o mais estranho possível – constato consultando o de várias das últimas apresentações.
Somente para os mais escolados vale as observações. Mas por exemplo, fora algumas faixas de trabalho, foi interessante ver do “OK Computer” eles tocarem “Climbing up the walls, exit music for a film” e “Lucky”. Bisaram três vezes. Ou seja, trisaram. Esse show foi uma coisa de sem vergonha, um escárnio. Tudo, tudo no lugar certo. Como eles gostam. O show é apenas pretexto para se falar sobre eles. Agora vamos botar o Radiohead no rádio. Essa é pra tocar no rádio… Deixar o povão se juntar ao “movimento”…
Vamos ouvir então…
Esse post foi publicado de segunda-feira, 23 de março de 2009 às 16:55, e arquivado em BLOG, Música, Show. Você pode acompanhar os comentários desse post através do feed RSS 2.0. Você pode comentar ou mandar um trackback do seu site pra cá.
3 comentários para “Essa é pra tocar no Rádio…”
Dudu disse: 23 de março de 2009 às 17:34
É isso aí, Carneiro!Radiohead e o movimento silencioso… Agora, sabes que o multishow tirou o show no meio pra botar o BBB??? pois é…outra coisa: o ok computer é de 97.
saudações(muito feliz por ter ouvido esses caras tocarem!)
Carneiro disse: 24 de março de 2009 às 5:57
Ih, 97 mesmo, mas num ouvi nada igual ainda, meu erro Dudu…Ah ouvi melhor, o Kid A, Hail, InRainbows e Amnesiac, vai melhorando a cada novo que sai…
Rose Lima disse: 29 de março de 2009 às 0:32
Os escritos mostram que não adianta apenas ser fã…Na verdade, temos que disseminar o “bom gosto” nas pessoas, certo!? Isso eu apoio.
Mas, Ricife?!Poxa!se escreve com “E”, vai.olha só: Recife.e definitivamente não se diz Ricife.
(nem argumente, viu?!)
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