Thursday, September 27, 2007

 

Tempos...


Os pontos cardeais que norteiam a ciência parecem indicar que teremos mais confusão adiante. Em tempos de descrédito e falta de “movimentos”, questionamos aonde estamos e para onde vamos. Então temos tratados niilistas como os recentes de Dawkins e Hitchens, questionando Deus etc... Mas e a literatura? E a poesia? Não estamos em nenhuma fase classificatória. Não é pós-nada, nem pós-tudo. No cinema temos uma febre de que tamanho é document-ário... Pelo menos no Brasil, pois até nas obras de ficção mais celebradas temos muita convergência entre o imaginário e o real. A economia vai e vem como uma onda no mar, cíclica, algo que não geraria nenhuma celeuma ideológica. Na política vivemos a apatia e o vácuo. Na ciência, temos algo muito interessante, avançamos, saímos do lugar, mas, será que saímos? Um guru hindú e indiano escreveu algo a respeito que parece pertinente:

“...Nossos cientistas no mundo ocidental estarão apenas tateando a escuridão se seu propósito for o de apenas inventar objetos para o nosso conforto e uma vida mais conveniente. O objetivo da ciência é encontrar a Verdade suprema que é um substrato de átomos, moléculas, eléctrons, energia, movimento e todos os fenômenos físicos e mentais, bem como as leis da Natureza, através da observação, análise, investigação e estudo destas leis. Um verdadeiro cientista é apenas um Vedantin. Seu modo de abordar a Verdade é apenas diferente. O cientista que antes dizia: 'Não há nada além deste mundo', agora proclama: 'Quanto mais eu compreendo os fenômenos, mais fico confuso. O intelecto é frio e finito. Por trás dos fenômenos transformadores, há uma constante não-mutável. Por trás dos dinâmicos eléctrons em movimento, há o estático, o algo a mais que permanece em repouso: algo além do intelecto e do universo'”.

Friday, September 21, 2007

 

Musings on Musil...

Delusions



Thanks to Waggish literary blog (and Vallejo Nocturno) for this from Musil:



At the same time Clementine and Leo deluded themselves, like everyone whose mind has been formed by the prevailing customs and literature, that their passions, characters, destinies, and actions made them dependent on each other. In truth, of course, more than half of life consists not of actions but of formulas, of opinions we make our own, of on-the-one-hands and on-the-other-hands, and of all the piled-up impersonality of everything one has heard and knows. The fate of this husband and wife depended mostly on a murky, persistent, confused structuring of ideas that were not even their own but belonged to public opinion and shifted with it, without their being able to defend themselves against it. Compared with this dependence their personal dependence on each other represented only a tiny fraction, a wildly overestimated residue. And while they deluded themselves that they had their own private lives, and questioned each other's character and will, the agonizing difficulty lay in the unreality of the conflict, which they covered with every possible peevishness.



Robert Musil, The Man Without Qualities, ch. 51

 

Meanwhile, up there...



 

Yom Kippur


Mais coincidência… Hoje começa Yom Kippur, que deu origem ao bode expiatório como expressão e idéia. Deus é dez e tem um grande senso de humor.... Esse bode aqui está respiratório... Meu teshuvá já tinha começado e não parou.... Foi rudemente interrompido. Mas tomar banho é bom e vou... Minha expiação prossegue. Cabeça erguida....

 

Sentiu a Dor....?


Não entenderam nada. Nada. Mas ele já sabia que isso ia acontecer. Sempre é dito que é preciso saber da penitência alheia, da margarina, da carolina. Pelo menos vivenciá-la.... Você já sentiu minha dor? Sabe como me senti daquela vez? E por aí vai.... Sei, tenho certeza, pois aquilo que senti poderia ter símiles e metáforas bíblicas: dor escaldante, sufocante, esfaceladora, esquartejante. Metáforas pois..... A dor era como uma navalha afiada passeando no sub-cutâneo da sua consciência. Como um taco de beisebol forçado ânus adentro. Uma coluna interna de Le Corbusier no ouvido como cotonete. Como um soco de Mike Tyson no auge....

Então ele resolveu, mesmo ciente de que já estava num estado de dor meta-morfínico, apimentar mais ainda a mesma com novos requintes de auto-crueldade para ver se doía mesmo como dizem. Isso já desfalecido e com o olho inchado e fechado; sem a felicidade tosca de que o outro sofre "aussi". O catzo! Os outros eram indiferentes....
Pegou cada canção que faz parte da trilha sonora. Jejuou enjoado. Privou-se de tudo que não deixasse os sentidos no estado de maior potência e grau de alerta. Pensou e meditou no sujeito/objeto como a luz branca entre as sobrancelhas que devemos ver na respiração do fogo, kapalabati. Veio (à) luz, as canções se sucediam. O enjôo (reformaram a ortografia), perdão, o enjoo, enjoou-o.
Sua cabeça começou a trabalhar ainda mais fazendo expediente extra...
¿Dolor de cabeza? No... Jaqueca mismo como de mujer...
Neurotransmissores pululavam, olhou da janela para o Filho do Divino, chegou a um estado de pura anestesia. Palavras seriam totalmente inapropriadas.... Não entenderam, não vão entender.....

Não estava com frio nem calor, pensava e não pensava na dor, tudo era um único e eterno absoluto. Aí então é que sentiu uns pingos internos no coração.... Os ventos cardíacos de Sérgio Dias. Ele soprou como o nosso Sudoeste. Veio o ar se deslocando e com ele a tormenta..... Sentiu então o órgão da pulsação como nunca. Não era sentir o bum-bum-bum que faz, ora rápido, ora não. O rápido - tenebroso e amedrontador; o devagar muito preocupante - se demasiado..... Ele o sentiu dolorido, descoberto, com frio, se congelando, exposto.
Então, da tormenta fez-se um raio que destruiu o que estava no caminho. Ele nunca tinha sentido isso. Teve que roer corda, morder, fazer xixi, cocô, tomar uma ducha, cantarolar, rir, agachar-se, fazer abdominais, levantar e deitar. Tentar... Tentar ler, tentar ver, tentar qualquer coisa....
A água da chuva já começava a sair pelos olhos... Concatenou-se com o ritmo disrítmico dos copiosos soluços. Daí aquele grito desafinado com o olhar a esmo e perdido, babas escorrendo, nariz escorrendo. A orquestra chegava no auge do brilhantismo. A empunhadura teutônica da baqueta, em vê rígido, difere do "grip" francês, ensinou seu mestre. Está na diferença entre Debussy e Beethoven. Era pancada alemoa na timpanaria toda.... Todos os sentidos agora estavam aguçados. Aí ele percebeu.... Dói no coração.... Sim, era uma dor física. Tava incomodando demais. Não dor no peito não. Só lá na esponja vermelha bombeante (obrigado Alexei).

Ele viu que não tinha sentido aquela dor da pergunta....
Ele viu que aquela dor da pergunta não tinha sentido....
Ele viu que sentiu mais que a dor da pergunta...

Não... Ele sentiu uma dor única. Uma dor bem na porra do coração. Pela primeira vez e de forma literal. O resto era dor de amor. Essa não. Pois deste verbo fez-se carne. A dor foi na carne mesmo.

Wednesday, September 19, 2007

 

Pascal Animal... É a fé, Zé Mané!


Desde o magistral “O Dorminhoco” de Woody Allen eu tinha uma desconfiança de que num futuro longínqüo, os donos de loja naturais que abundavam no East Village e redondezas, descobririam no futuro que sorvete e cigarro fazem bem à saúde. Claro que tal tese é despropositada. Mas sempre estamos desmoronando tabus, cortando o totem freudiano pelo pé a cada dia. Hoje, graças aos avanços nos estudos da nutrição e função de minerais e elementos químicos temos uma idéia bastante razoável do que é bom e ruim. Não importa. Alguns ainda ingerem o que desejam e isso é salutar pois a cabeça estando tranqüila, o corpo segue – segundo evidências também científicas. Há uma turma mais “patrulha odara” que poderia citar Renan Calheiros, dizendo que não importam os males, nada é excessivo na democracia de hábitos e costumes. O que me surpreende são os avanços também conquistados pelos bichos de estimação. Numa loja de animais domésticos podemos observar o comércio de néctar para bebedouros de passarinhos (água com açúcar aparentemente enfraquece e corrói – dizem - o bico dos mesmos). Os hamsters ganharam tocos de madeira nobre e especial que são menos maléficos para seu bem-estar corporal na hora de “roer a corda”. Fora o que já sabemos. Fomos criados dando sardinha e leite pros gatos e cachorros comiam raspas e restos. Hoje não. Hoje tudo é diferente. A cada dia que passa. Para os que querem resistir à evidência, bradando a plenas pleuras como Waldick que “não é cachorro não”, eu prefiro ficar com o famoso “wager” filosófico de Blaise Pascal. Quem não conhece, corra atrás e voe de bico afiado...

Friday, September 14, 2007

 

Escangalha



Primeiro ensaio geral do Escangalha....












Quem me vê sempre parado, distante
Garante que eu não sei sambar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando
E não posso falar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando
Que eu vou aturar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar

 

Leiam....


Me Lembrei de Turgenev e folheei o “The Essential Turgenev” numa edição de 1994 da Elizabeth Allen e vi a genialidade, influência de Gogol e aquele lado dele de chutar o balde e mandar a Rússia à puta que a pariu, o que fez depois. Algo que um amigo meu escritor faz com frequência em relação ao seu país natal e que ainda vislumbra como quimera final. Na parte da percepção da “entidade” Rússia, não sei se (h)ouve igual. Percepções sui generis. Me lembra de livros seminais de grandes artistas sobre seus países, na tentativa de descrever e entender no processo as idiossincrasias e que tais. Como por exemplo “El Laberinto de la Soledad” de Octavio Paz, fundamental para a compreensão do México. (As descrições das expressões e suas variantes na América Hispana, como o “chingado”, são inigualáveis.) São obras menos histórico-sociológicas como Raízes do Brasil; nelas os ensaios são mais artísticos e menos cientificistas. Vargas Llosa o fez de certa forma em relação ao Peru mas depois meteu a mão “paulobettiana” na política... O que não chegou a comprometer a qualidade do seu pensamento e técnica literária. Turgenev fazia isso em diferentes estilos, na prosa longa, verso e ensaio. Mas era russo na alma e medula. Não como certos escritores de diásporas posteriores.... Principalmente os americanos, Henry James (anteriormente), Gertrude Stein, Hemingway e Gore Vidal, onde o já ralo sangue novo-mundista se perdeu no delta e estuário da pré-globalização; naquele tempo era somente a “internacionalização”. Do indivíduo apenas..... Mas voltando a Turgenev, fez até uma mini-micro “summa teologica” que é absolutamente sensacional, russa, ortodoxa mesmo no sarcasmo, em Fathers and Sons: “Todo mundo reza por um milagre. Então toda as orações se resumem a isto: Oh Deus! Permita que duas vezes dois não seja quatro.” Fim de papo.

Wednesday, September 12, 2007

 

Deixando Saudades


Joe Zawinul merece um jorro de lágrimas, aliás. Foi o grande tecladista do “fusion” e certas formações, dentre as várias, do Weather Report, eram o equivalente ao escrete canarinho de 1970. Nunca na história (de qualquer país)... Muitos obituários serão e já foram escritos. Minha experiência pessoal não somente auditiva, mas também visual, foi com uma rodada dupla no final dos Anos 80 no Warner Theater em D.C. absolutamente seminal. Como saúdam até hoje o antológico show do Echo and the Bunnymen no Canecão, Rod Stewart no Rock in Rio, etc... Não estou a misturar alhos com bugalhos. Mas vamos lá. Zawinul reformou a boa e velha banda com o título sugestivamente maravilhoso de “Weather Update” para essa apresentação histórica. Era tipo rodada-dupla. Na abertura era a também “volta" da Mahavishnu Orchestra que lançava o eterno e espetacular (fora de catálogo) “Adventures in Radioland". A formação da banda de John McLaughlin contava com Mitch Forman nos teclados, Danny Gottlieb na bateria tocando uma Simmons (eletrônica), Bill Evans (não o santo do piano e sim o lourinho que tocou com Miles) no sax e Jonas Hellborg no baixo. Foi um verdadeiro absurdo musical a volta de McLaughlin empunhando uma Les Paul pra sentar o pau depois de suas várias encarnações musicais pendendo para outras vertentes.

Era uma rodada dupla que tinha tudo para ser pífica, no sentido de que muitos tinham ido para ver a Mahavishnu apenas e uns realmente até deram no pé. E não ficaram para ver o Weather Update que também lançava seu disco inaugural. Após a saída de Wayne Shorter e a morte prematura e violenta de Jaco Pastorius, o Garrincha do baixo, Zawinul não fez feio. A banda era composta por Steve Khan na guitarra, Victor Bailey (Philly Boy) no baixo e Peter Erskine na bateria. No disco solo tinha participações de Michael Brecker e até de Devadip Carlos Santana. O show foi em cima do material do disco. Scofield e Cinelu estavam na linha do time titular e infelizmente não compareceram. Enfim, ficou esse show rodada-dupla que foi maravilhoso também. Obviamente nada como o Weather Report; mas o Update, apesar de um meteoro, ficou mais marcado que o posterior Zawinul Syndicate no meu ponto de vista. Uma perda gigante... O show foi patrocinado pela marca de uísque G+G, uma espécie de Old Eight estrangeiro, e a dose era barata. Foi muito bom ver que Zawinul tava clonado ali no palco, caso um deles tivesse que sair e dar uma voltinha nos camarins.... Sem contar seu passado de jazz puro e que sua mulher de 40 anos foi a primeira coelhinha afro-americana da Playboy, leio no jornal... Vai pro trono.... Osterreich perde mais um de seus grandes...

Monday, September 10, 2007

 

As Divas: Chaka


As Divas….

Estava “ouvendo” mais um dos aquivos do YouTube dessa vez uma canção famosa com a participação de Mary J. Blige que realmente já é a diva-mor do R&B americano faz um certo tempinho... Como no jazz, as matronas já estão com idade avançada, partiram ou não estão gravando mais. A voz pode ter perdido o impacto. Natural como o ciclo da vida. Antes o sagrado e profano vieram na colisão de cantoras como Mahalia Jackson e Dinah Washington, que foram a principal influência posterior para o Soul Music, Motown etc... Todas pinceladas pelos ditames dos tempos, pitadas de “disco” em certas épocas, de baladas fortes de R&B, com muita produção do já finado Luther Vandross, o famoso voz de seda que travou uma batalha longa com a balança. Mas como diria John Lennon, sempre temos alguém que “in our lives we love them more...” Na minha concepção, para esse estilo particular, assim como Joaquim Ferreira é Bethânia, eu sou Chaka... Essa canção, letras a seguir, ganhou inclusive belíssima intepretação de uma das grandes pianistas de jazz, a brasileira Eliane Elias, que foi casada com Randy Brecker, em disco-solo. Eliane que já tocou numa das formações do Manhattan Jazz Quintet com os Brecker Bros., Eddie Gomez, Mike Manieri e Steve Gadd (Ela substituindo ninguém menos que Don Grolnick). Fica aí a homenagem ao meu favoritismo pessoal.... (Recomendo a versão apenas áudio do YouTube, estática, pois a técnica vocal dela aliada à emoção faria um PAC sair do papel e ser implementado.... Faz o maratonista em quinto, com três quilômetros para a linha de chegada, tirar um gás de dentro, esquecer ácidos láticos nas pernas e voar.... Aí vai....)

Through the Fire

I look in your eyes and I can see
We've loved so dangerously
You're not trusting your heart to anyone
You tell me you're gonna play it smart
We're through before we start
But I believe that we've only just begun
When it's this good, there's no saying no
I want you so, I'm ready to go
Chorus:
Through the fire
To the limit, to the wall
For a chance to be with you
I'd gladly risk it all
Through the fire
Through whatever, come what may
For a chance at loving you
I'd take it all the way
Right down to the wire
Even through the fire
I know you're afraid of what you feel
You still need time to heal
And I can help if you'll only let me try
You touch me and something in me knew
What I could have with you
Well I'm not ready to kiss that dream goodbye
When it's this sweet, there's no saying no
I need you so, I'm ready to go
Through the test of time
Chorus:
Through the fire, to the limit
Through the fire, through whatever
Through the fire, to the limit
Through the fire, through whatever

Thursday, September 06, 2007

 

Bom e Velho Maria


Ninguém me ama
Ninguém me quer
Ninguém me chama
De Baudelaire.......

 

Alessandra

Joana desceu a escada sobressaltada com o barulho abaixo e preocupada com o ranger do assoalho, culpa das sandálias de borracha. Apoiou-se no meio-corrimão para reduzir os decibéis a algo inaudível e ficou surpresa com a presença de Dália e Eurico. Surpresa agradável. Eles tinham as chaves mas não avisaram que viriam tão tarde. Se abraçaram na ante-sala e passaram pelo quarto do térreo, caminho que os levou à varanda e depois a uma caminhada ao redor da casa, toda florida e arborizada. Trocaram idéias. Literalmente. Não falaram muito sobre eventos e ocorrências, mas sim sobre o que pensavam sobre isto ou aquilo.

Dália apalpou as pálpebras visando estancar a fibrilação involuntária causada pelo cansaço. Mas tinha que tocar no assunto. Eram anos de convivência e a situação causava um grande mal-estar. Seu afeto pelos dois era inequívoco. Apesar de Dália ser piedosa, ela saracoteava muito e Eurico sabia mas não se incomodava. Aquela casa lhe trazia lembranças e, com o tempo, os que apenas convivem com os que estão nas tabas anexas - no que chamam de cidades ou vilarejos urbanos, se esbarram uns nos outros. Os mais próximos. Ou vínculos são criados. Não tem jeito. Apesar de uns ficarem sem jeito diante dos outros.

Joana preocupava-se com Alessandra, a filha dos dois. Como tia, ela via o mal causado pela situação. Alessandra tinha trinta anos e não tinha se definido na vida. Profissionalmente, afetivamente, nada. Diziam antigamente que era disritmia. E o convívio era com os filhos e filhas dos pais, e amigos congêneres.... Tinha que tirar a menina do círculo de fogo.

Wednesday, September 05, 2007

 

Paradise Today



Monday, September 03, 2007

 

Clifford Brown


Sim, para os jazzófilos há o mundo pré-Miles e o posterior... A fluidez, notas longas estourando um compasso aqui e ali, ficaram eternizadas. Isso logo no início tocando com Charlie Parker de cabelinho comportado e curto; de terno.... Mas cada instrumentista de jazz favorito é, para todos nós, como escolha de time de futebol. Eu por exemplo acho Coltrane campeão, mas meu “time” de coração é Sonny Rollins, mais lúdico, virtuose, um monstro completo. E presto minha homenagem a Clifford, recém-ouvido em fita cassete com Max Roach. Ali está o princípio, o fim e o meio. Por dez anos ininterruptos ouvia jazz e nada mais. Depois parei... Estou voltando aos poucos. Tentando evocar atmosferas em que nunca estive, nunca vivenciei...

 

Deriva

Eu diria que a humanidade está à deriva. O curioso é que se olharmos os governos recentes de vários países, é inacreditável como há uma certa igualdade em termos de gerenciamento das nações. De cara, olhando Lula e Bush, observamos que as instituições, o cotidiano, o que já ficou imbuido no cerne dos dois países é maior que ambos líderes, ou o que eles desejam. Antes sonhávamos que um dia todo os países seriam como a Suíça; ou seja, lá não se sabe o nome do governante-chefe do cantonato coletivo. Nunca se soube, é irrelevante, pois, assim como a maquinária dos relógios que tornou o país famoso, assim é a estrutura política helvética. Assim, teríamos um estado de direito consensual onde o timoneiro fica com a mão no leme apenas para manter a tradição.

Mas temos dado grandes passos, no âmbito mundial, para tornar os líderes irrelevantes, mas volta e meia sempre desponta um ou outro com um viés um pouco mais autoritário. Líder que é líder, como se sabe, tem que ter martelo grande. A palavra de ordem sempre é “mudar o que está aí” mas hoje em dia algumas cabeças mais serenas falam também em “preservar” o que estaria em tese dando certo. Mas e o caminho para saber se o certo está errado ou vice-versa? O que temos que mudar e o que temos que preservar? As eleições sempre indicam o humor do povo. A via plebiscitária é muito complicada do ponto de vista da participação política.

Mas sem querer voltar a figura sebastiana de um salvador, não seria tão estapafúrdio constatar que estamos soltos, meio que ao “deusdará”, órfãos, sem ter a quem recorrer, pois se paga um preço sempre caro se vamos recorrer aos bancos, FMI, ou simplesmente à ajuda não material de outros países na formação de quadros, mutirões educacionais ou de saúde etc..... No plano pessoal é a mesma coisa, um micro-cosmo da situação do planeta. Muitas vezes é época de eleição interna, onde debatemos o que temos que mudar e o que temos que preservar. E aí quem sabe alguns podem pensar que há certas máximas universais: temos que preservar nosso meio-ambiente que é o corpo e a mente (infelizmente esta em vários casos já vem com defeito de fabricação, mas têm um papel importante a cumprir no equilíbrio da “máquina” como ambientes não tão nobres, belos e exuberantes, mas naturais como os pantanais e deltas enlameados...A cabeça oca é um deserto, que também tem suas peculiaridades e importância no equilíbrio total). Temos que aprender a levar bordunada e não culpar a mídia ou teorias conspiratórias. Assumindo a responsabilidade. Mas devemos interagir assim mesmo, liderando nossas ações mas sendo participantes e participatórios em nossos “reinados”.

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