Thursday, September 06, 2007

 

Alessandra

Joana desceu a escada sobressaltada com o barulho abaixo e preocupada com o ranger do assoalho, culpa das sandálias de borracha. Apoiou-se no meio-corrimão para reduzir os decibéis a algo inaudível e ficou surpresa com a presença de Dália e Eurico. Surpresa agradável. Eles tinham as chaves mas não avisaram que viriam tão tarde. Se abraçaram na ante-sala e passaram pelo quarto do térreo, caminho que os levou à varanda e depois a uma caminhada ao redor da casa, toda florida e arborizada. Trocaram idéias. Literalmente. Não falaram muito sobre eventos e ocorrências, mas sim sobre o que pensavam sobre isto ou aquilo.

Dália apalpou as pálpebras visando estancar a fibrilação involuntária causada pelo cansaço. Mas tinha que tocar no assunto. Eram anos de convivência e a situação causava um grande mal-estar. Seu afeto pelos dois era inequívoco. Apesar de Dália ser piedosa, ela saracoteava muito e Eurico sabia mas não se incomodava. Aquela casa lhe trazia lembranças e, com o tempo, os que apenas convivem com os que estão nas tabas anexas - no que chamam de cidades ou vilarejos urbanos, se esbarram uns nos outros. Os mais próximos. Ou vínculos são criados. Não tem jeito. Apesar de uns ficarem sem jeito diante dos outros.

Joana preocupava-se com Alessandra, a filha dos dois. Como tia, ela via o mal causado pela situação. Alessandra tinha trinta anos e não tinha se definido na vida. Profissionalmente, afetivamente, nada. Diziam antigamente que era disritmia. E o convívio era com os filhos e filhas dos pais, e amigos congêneres.... Tinha que tirar a menina do círculo de fogo.

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