Saturday, May 24, 2008

 

Erotismo Acanhado

Eu não sei o que ocorre com as mulheres natas entre 50 e 70 – ou por aí, tira ou mete um pouco mais pra lá ou pra cá... Vieram com um chip interno cerebral que lhes é peculiar... Mas na numerologia, vamos nos ater aos predicados das moças entre 40 e 50 anos de idade. Elas têm uma característica em comum. Todas falam: “..... aaaah, venha me beijar meu doce vampiro, pois comigo a experiência será inesquecível..... Eu sou muito carnal e sou muito chegada a essa coisa de pele......” Oura, poupe-nos... Usa a pele para depois usar a voz, ou melhor o comando de voz, que já existe em computadores e celulares. Mas não são zero à esquerda e sim à direita.

Aí pensei em 68 e 69. O Arnaldo Bloch sem querer me roubou a idéia. Mas existem variações pictórias, pitorescas e pictográficas como no Kanji japonês que mostra a relação entre os ideogramas e ações humanas, essas coisas. A irritante Fernada Young falou algo que presta quando lembrou que no 69 é um pouco difícil se concentrar numa coisa ou na outra. Interessante. Que tal um 33. Parece linha de conga de tarados. Ou o 22, dois cisnes em-si-mesmados onde um busca a conversa com outro que não tá nem aí. O 88 é o maior zero a zero. A não ser com Adele Fátima no comercial das sardinhas enlatadas nos Anos 70.

Adele Fátima? Isso tudo é papo mocoronga, boko-moko, de mesa de tampo de mármore emoldurada em madeira. De pente Flamengo e de TV Tupi, do Vigilante Rodoviário songamonga e seu cachorro Lobo. De Stanislaw, Sabadoyle e Irmãos Pongetti como editores. Meia três quartos e saia plissada de tergal, colegial normalista no Instituto de Educação antes de pegar a Mariz e Barros e Professor Gabizo. Da benção das seis na Rádio Mundial AM tocando no Gordini ou DK-vê. Papo de Joaquim, sem frases, enfim....

Aí temos que analisar, como na série Em Tratamento na HBO. (A falta de vírgulas é proposital). Explicar o texto que não se explica. Baseada na série israelense, país onde vi quando "lafui" que adoram novelas latinas, muitas vezes dubladas em hebraico mas com legendas em árabe. Coisa de doido. Mas analisar é o papel da estratégia – de Tropa de Elite – em vários idiomas, senão a granada explode, não podemos dormir. E logo no primeiro episódio, deu um caso de transferência. Até na análise lá vem essa conversa de amor, relacionamento e carnalidade como expressão de sentimento... Que coisa mais chata.

Trepar só como no título das memórias do alpinista luso cujo nome esqueço. “Minha Vida é Trepar”. Mas chega de adiposidade verbal. Entre 50 e 70 nasceu gente, voltando ao início de Vinícius, cujo espectro deveria ser mais amplo. No fim das contas tudo é muito chato, é melhor ficar olhando mesmo. Deixa que falem. No fim criticados seremos. Mesmo com carpado, revirado, mortal e meio, papo de saltos ornamentais. Eu acho que só se vive o momento. E o meu agora? E eu tou olhando um santo de pau oco, como no romance do Antônio Callado. Grande sobrenome. Vou conjugá-lo....

Tuesday, May 20, 2008

 

O Horror!


Completamente sem entender o que aconteceu no dia da infâmia… Não falei nas botas e nem no anel de Zapata, Pancho Villa, “chingado hijo’e pucha” esse Cabañas também... Mais uma pro buraco e “nóis na fita”

Monday, May 19, 2008

 

Eu Amo o Homem Sincero

Pô o Homem Sincero me escreveu um e-mail com aquela educação que lhe é de costume, e adorou o que falei. Com sua dicção paulista me chamou de “meu” e tudo mais, ganhei o dia... Ah, disse que ficou "tocado" (sic) com o que escrevi..... Eu amo o Homem Sincero. Mas não vou contar pro meu marido alemão senão ele me escalpela vivo.... O Homem Sincero é foda, é homem com agá....

Prestigiem....

http://www.ohomemsincero.globolog.com.br/

 

Coincidentemente, eu vi Deus de novo....

(Eu escrevi isso quando uma menina vendendo chiclete na praia sob um sol que torrava até carvão, no verão passado, me comoveu. Nesse Domingo que se foi, eu a vi de novo. Nunca me esqueci do seu rosto. E ela veio num mini-bando de crianças, dessa vez com um sorriso alegre e carregando uma sacola de plástico cheia de latinhas a serem recicladas. Nunca deixei de pensar nela e de rezar por ela. Não sei se fiquei feliz, mas fiquei em paz, ali, naquele momento. Inacreditável.... Reescrevo com mais detalhes agora de novo....)

“...Era uma menina de dez anos de idade. Sim, dez. Cravados. Desfilando com short rosa revelando a silhueta de seu biquíni e top preto como sua tez. Negra. Cabelos alinhados, desgrenhados e alisados em volumosos fios penteados para trás, com uma elegância para além de sua idade.

Taratamudeava taciturna enquanto deslizava nas areias quentes vendendo chicletes. Calor escaldante. Ela ia cair dura. O suor não era saudável. O olhar mais triste que já vi.

Os chicletes eram redondos, encouraçados, com o látex açucarado protegido e revestido, por um plástico já amolecido. Uma etiqueta de papel perfurada por grampos metálicos com a marca segurava o mini-canhão de balas coloridas. Todos arrumados na mini-caixinha de papelão colorido. A oferta era feita mimeticamente, em tom quase que inaudível. O suor lhe escorria pelos ombros e a jornada que se vislumbrava – em Ipanema, em frente ao Country até o Arpoador talvez – seria um calvário sem fim.

Com o mó amarrado às crianças que Cristo maldizia. Nem o próprio Redentor em 40 dias de deserto evocaria tamanha (com)paixão. A troca foi efetuada, ou apenas a troca parcial. O produto ficou onde estava. A desordem de todos os fatores não alteraria a soma que nunca vai bater... “Comprei” chicletes. Mas não era só.

Subi e a levei até uma barraca. E uma água ou coca-cola foi oferecida onde a escolha ficava com quem oferecia e não com ela, que nem pedia, mas simplesmente aceitava. Aceitava. Pois não se diz não. Então presenciei o assombro do alvo sorriso, do canudo sendo desemcapado e enfiado na lata. Não desses sorrisos que mexem conosco, mas que mudam uma vida, uma trajetória, que ardem como a areia quente.

Lá estava a tal da pureza... Arcanjinho negro, querubim das trevas alvas, que sumiu nas areias escaldantes deixando um rastro de terra-arrasada. Coisa mais bonita, coisa mais linda de Deus, siga protegida... Muita luz será apontada para teu ser, até o fim de todos os dias e todas as noites... Quando não serás mais que um sorriso gratificado.... Quando serás o mais alto grau de perfeição....”

(Pô essa coisa chorenguenta é séria pra burro, e apesar da formação desse blogue baseada no tripé Millôr-Francis-Ivan Lessa, eu fico comovido com essas coisas também.)

 

Aimee Mann





Isso aí pode salvar vidas... Como diria meu amigo....

Save Me
http://www.youtube.com/watch?v=FbFQa4SeY48&feature=related

Virginian....

Saturday, May 17, 2008

 

O Homem Sincero, Traveco, Ronaldinho, Maitê, Marília, Som, Mediocridade, Excelência e Blogs de Mulheres

O Homem Sincero, cujo blog aparece no site da Revista Época, não pode existir. Não na vida real. Ele é aquele cara com quem uma mulher deve trocar cinco e-mails e ficar apaixonada. E quando for encontrá-lo, sairá decepcionada. Não obstante se for bonito ou feio – algo que aliás é muito complexo de se julgar. Mas aqui escrevo me atendo (duplo) às normas mais rasteiras possíveis sobre definições estéticas. Não é possível tanto charme, tanta verve, cultura, sensibilidade, passeio por referências culturais de um alcance larguíssimo, maior que aqueles “time-lines” ilustrando a vida dos humanos desde que éramos átomos até a última saída do Ronaldo com travecos. O cara é uma Martha Medeiros de calça lee e cueca. Um Alberto Goldin sem sotaque e diploma. Um Contardo mais pop e menos psi. Uma Suzana Flag Rodrigues dos homens. Do lado de cá temos o Homem Sincero, do de lá tem Sua Excelência, O Canalha, maravilhoso da Rozane Monteiro, e outros congêneres que já bisbilhotei. Muito bom os blogs de mulheres, muito mais inteligentes e sensíveis, sentando a porrada nos cachorros. Eu tinha pinimba contra eles, mas agora me retrato (duplo... ihhh muita ambigüidade reticente) e me rendo (ibid). Os textos são de emudecer qualquer “garçon” que acha que tenha “tout lu”. Ou vivido peripécias, poucas e boas, ou muitas e ruins... Todos esses, blogs, colunas e sites falando dos (des)encontros amorosos.

Eu jamais escreveria sobre essas coisas. Mas já me pego fazendo. Fico apenas lendo e assistindo os debates como um voyeur desesperado pra ver se aprendo alguma coisa. Já que citei o Ronaldinho, que parece ser onívoro e insaciável ao olhar sem maior escrutínio, uma pessoa que entende do babado e é profissional no assunto me disse que dá para ver só pelo olhar (dele) que tem sérios problemas neurológicos. O que aliás não tem nada a ver com suas preferências, que seja dito já. Da preferência é muito fácil. 99% dos homens que vão atrás de traveco são héteros – segundo a definição societária – casados, ou com relacionamentos estáveis. Freud explica. O travesti é o ser por constituição, mas não definição, completo. Trata-se de uma mulher, com peito, bunda, lascívia e ainda por cima com pênis e por vezes barba por fazer (pra quem gosta da feijoada com pimenta e laranja). O travesti engloba todos os matizes e toda a linha contínua de sexualidade de um pólo ao outro. Então há um fascínio pela totalidade.

Como no tempo do som três-em-um.... Não tinha a qualidade das partes separadas e avantajadas, o que implica um esfacelamento e dilaceração (iiihh! Já tou duvidando da minha própria dúvida), mas era prático. Isso no tempo em que Dolby não era Thomas. Hoje em dia os “sons” são compactos e fazem um esporro (hmm...) danado. Estão em todas as casas, lares e bares. Eles já possuem a escolha e é só saber apertar os botões para se ouvir os alaridos (virtuais).

Mas tirando as analogias infames e infelizes de lado, seria Ronaldinho outra coisa? Ele é o Homem Sincero. Ele é meio abobalhado, os olhos não traem, disse a especialista. O gestual da boca dele, mal contendo os dentes avantajados, tampouco. Pode ter um polimento maior por ter morado fora, mas não tem a rapidez de raciocínio do Romário.Que também tem origem humilde e morou fora. Se entrega. Enfim, talvez esse curto-circuito interno dele tenha até permitido que soltasse suas inibições em relação ao tema. Afinal, ele joga em arenas cheias de pessoas, então o ato de transgredir não lhe causaria, a priori, maiores momentos de reflexão. Ele teria que assumir, a posteriori, mas não pode, pois há normas de convivência na sociedade, existe a exposicão ao ridículo e coisa e tal. Por trás dele tem o que a Joni Mitchell chama de “star-maker machinery behind the popular song”.

Mas alinhavando Ronaldinho ao Homem Sincero e falação de “relacionamentos”, acho que há uma viga-mestra (êpa) unindo esses temas todos. Com centenas de milhares morrendo em catástrofes naturais pelo mundo afora, carestia anunciada e congêneres, a gente acaba optando pelo proverbial banquinho e violão. Não dá para orquestrar a grandiosidade de sentimentos e possibilidades que pressentimos para abraçar o mundo com aquela volúpia e tara que persegue e rege - sinfonicamente - nossos (sonhados) passos. Tsunamis deixam a estrada cheia de galhos, barreiras e entulho. E corpo boiando (mais uma dose dupla, por favor)

Vi até que a Marília Gabriela vai escrever algo sobre mulheres que amam demais, desesperadamente, ou algo assim. Tem homem que é assim também. E, com muitíssimo respeito, dado o enorme talento e inteligência que ela tem, a própria Marília Gabriela ironicamente passa um ar de androginia pelo tamanho, desenvoltura, tom de voz, asserção, essas coisas. Ela é mais ou menos um contraponto à Maitê Proença, que também tem todos esses atributos, mas transpira estrógeno, estro-gênio e progesterona, e é a feminilidade ambulante ou sentada, de saia justa ou larga. Há uma certa unanimidade – talvez não rodrigueana – sobre a beleza da moça. Mas não tem pênis.

Essas já metem medo. Do buraco fundo, do escuro, da boca do lixo... (Vou me auto-flagelar pois tá baixando um Jabor em mim). Imagine então as que equilibram essa química aí um pouco mais e melhor? Larga-se o violão e o banquinho e vamos à capela (duplo óbvio). Como seria então o diálogo, e por quê a preocupação então sobre falar algo a respeito do tema? Na capela emudecemos, nos retiramos, ficamos só com nossos pensamentos. E o círculo se fecha, pois falar, escrever, etc... tornam-se absolutamente desnecessários e uma verdadeira arapuca. A gente fica só com carinha de inteligente e de quem está falando algo charmoso, mas absolutamente inútil. (Impossível) dormir, a dor não passa. Nem as pequenas poções de ilusão cazúzicas restam...

Então vamos editorializar mais interioriana-mente. Quando uma pessoa é chata, nos EUA, dizem que ela é “a pain in the neck”, uma dor no pescoço. Graças a Deus é tudo o que sinto agora, mas dói pra cacete, muito, muito mais que dores nos órgãos. E tem cirurgia pra sanar, que acho que vai ser o caso.... Nem com espada, nem com faca, mas com bisturi, nome sugestivo. O “scalpel” inglês, de nos escalpelar. Tirar os cabelos, ficar descabelado. O propósito final é como o lema da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, que já tinha mencionado aqui. ABSENTIA OMNIA DOLORIS. É o que desejo a todos, ouvintes de Raul Longras, pois só assim podemos voltar a falar dessas trivialidades e banalidades amorosas. Sambar com prego no sapato não dá. Aí então não precisa nem falar muito e sim fazer mais, viver mais, bater boca, essas coisas.... Ou então morrer de amor.

Viva então o Homem Sincero em seus momentos de Demerval e em seus momentos sublimes sub-limados. E na mediocridade “in between”... E todas as mulheres e travecos, por serem sublimes apenas por ser. Ora, esperavam o quê? O fecho e gancho de um tema desse só pode ser erigido por um arrazoado de mediocridade. Eis a minha visão traveco, mulherzinha e de macho medíocre que (não) lava o carro (que não tem) nos sábados ensolarados. Já tive muitos, não mais... In between... Always... Fazer o quê?

Wednesday, May 14, 2008

 

O Papel da Merda numa Certa Prosa de Merda

(Teleologia da coisa)

"Sobre algo que talvez nunca tenha fim, mas foi iniciado e nem está no meio...."



Logo Joana se levantou e foi caminhar pelos jardins cheios de begônias de um vermelho profundo. Estóica. Pisou na merda do Kung Fu, a porra do pequinês já nas últimas, cuja tentativa de latido parecia uma tosse enfisemática sem ênfase. A bosta subiu sandália acima, modelando-se como barro entre os dedos do pé. Era uma quase diarréia ocroleuca e rançosa. Pegou um toco e tirou o excesso como que esculpindo os pés e dirigiu-se à torneira do jardim mancando inconscientemente. Pensou nisso. Quando se pisa na merda, sempre se manca.... Mas nunca se mancam... Eurico estava no encalce.

- Que merda, hein?

Ele trazia uma jarra térmica com chá e duas canecas... Joana Nascimento de nascimento. Médica. Sua especialidade era a geriatria. Então sujava as mãos de merda sempre; o pé ali foi acidental. As ocorrências na sua vida eram mais incidentais.

Entrou de novo no chalé. Voltou em quinze minutos.

Meteu a chave na ignição e foi pra Itaipava... Dirigindo pela Rio-Juiz de Fora pensou: aquilo é que é uma merda. Mas tinha que comprar umas coisinhas..... Desabou a soluçar no caminho. Parou o carro e um mendigo sentado na calçada, ao vê-la sair, apostava que aquela mulher tinha chorado por cinco horas seguidas. Nem a armação dos óculos para lá de escuros, medindo mais da metade de sua cara, escondia. Dá pra ver quem chora até com touca ninja e venda nos olhos. O choro exala pelos poros, o nariz vermelho do choro é diferente de um nariz de gripe e alergia. Chorou, sim.

Comprou o que tinha que comprar, e resolveu tomar uma cerveja. Não caiu bem. O trânsito já começava a chatear. Tragou a lata e soltou um tímido arroto. Entrou no carro de novo entre os eflúvios orais do álcool e resolveu passear. Tampouco queria ver. Lembrou-se da brincadeira de criança: ver sem ser visto. Ser sem ter visto.... Nem de viagem... Que merda!

Friday, May 09, 2008

 

Ca(m)bal(e)a(ndo)

Eu vi na Revista de Domingo do Globo a matéria sobre Cabala. Eu fui fazer aula mais por curiosidade intelectual apenas. E vi que não era a minha praia. Fui reprovado por mim mesmo depois, creio que por ausências. A aula era muito boa, tudo muito bom e sério. Mas me dava uma vontade danada de ir na Letras & Expressões pedir um expresso e ficar folheando a Piauí. Com saudades da New Yorker e Vanity Fair entremeada. E na matéria do Globo li coisas incríveis. Em primeiro lugar, sem saber hebraico esquece, é empulhação total. O cara passando o olho no Zohar, ou simplesmente tê-lo na estante já dava um astral bom. Como diria o Ancelmo, é pode ser... Não se trata de crítica à Cabala. Longe de mim. Mais uma questão de conciliar meios e fins.

O tripé de sabedoria é com o Torá, Zohar (salve Simeon Bar Yochai) e Sefer Ietsirá. Ocorre que os cabalistas sérios, judaicos, tentam achar a chave do mundo nos textos. O trabalho não é nem de Hércules. Trabalho para Deus. E tem uma base bonita na busca. Integridade, poder, palavra, comportamento. Busca mística com meditações, astrologia, numerologia – combate ao pensamento excessivo e desorganizado. Mezuzá na porta. Os textos precedem os vedas e o misticismo é até fonte do animismo afro. O borogodó é forte. Mas de todas as coisas que não poderiam virar pop, dada a sua proposta, é a Cabala. A adjetivação é forte. Nome que metia medo em criança, no meu tempo.

A questão dos números tem a ver com uma abordagem de engenharia cósmica para desvendar segredos. Mas.... Podemos mudar "contornos" de nossa vida, porém negar a essência e formação para abraçar uma causa que nos foi estranha até os 40 e tantos anos é difícil pra burro. Deus abençoe os que escolhem essa trilha, mas minimiza-se a dor com uma pitada de familiaridade. Mas ai é coisa pra filosofia existencial, uma coisa meio Wittgenstein (judeu) e por isso há também uma grande corrente psi debruçada nos livros de filosofia, em vez de ficar olhando raio x de cerebelo, já que temos a nova onda da neurociência...

Voltando aos modismos, pensei no Daniel Goleman, pai da “inteligência emocional” e livros afins. Trata-se de uma contradição. Um oxímoro. Quando damos vazão ao emocional e à pulsão apenas, fazemos coisas nada inteligentes; como já estamos escolados e com calo na bunda de macaco mandril de saber... Assim como “propriedade intelectual”, outra contradição ambulante. Quando madame assovia Ary Barroso aquilo já pertence ao universo. Acredito na propriedade privada, mas isso é outra coisa.

Regulamos o emocional com a razão, algo que só nós entre os bichinhos da Terra temos. Que bom aproveitar essa coisa escassa então.

Essa “neuroplasticidade” na busca de semi-religiões, ou de modos de vida e comportamento tocando no sagrado e no segredo, refere-se apenas a habilidade de poder "modelar" o cérebro através de comportamentos, sendo quase uma espécie de novo behaviorismo de Skinner. Claro que se meditarmos, passarmos a viver uma vida mais regrada e tudo, vamos diminuir os vales e picos de nossa existência, a vida é mais segura, previsível e pacífica. E isso tem um bom efeito.

Fizeram uma pesquisa, a turma da neurociência, com um estudante creio que hindu em Wisconsin, e baseado nas tomografias acharam que ele era o cara mais feliz (sic) do mundo. Eu já sou cético, daí essa melancolia que me persegue. Mas um hindu em Wisconsin ser o mais feliz do mundo foi meio duro de engolir mesmo com “brain scan”..... Não vi se ele tinha acertado na loteria ou se namorava um mulherão, mas foi meio óleo de fígado de bacalhau pra descer.... Mas acho que ele era monge, talvez esteja cometendo um equívoco.

A manda-chuva no assunto aqui no Brasil é a Suzana "Hércules" Herculano Houzel, como gosto de brincar, da UFRJ. Ela é fera mesmo, com um rigor intelectual invejável e escreve no Caderno Equilíbrio (hmmm...) da Folha. Muitos dos psis estão mergulhando a fundo na neurociência. Realmente é de muita valia. Como por exemplo no caso de abuso de susbtância química pois podemos mapear níveis de dopamina e serotonina – além de várias outras coisas - e ver quem já nasceu com o bucho não propenso a, por exemplo, lidar com o “gene-o” da garrafa (duplo sentido por favor). Ou mostra o estrago já feito...

Mas a razão e emoção devem andar de mãos dadas, como um casal feliz e em paz....

Voltando à Cabala e meditação nos 72 nomes de Deus, os vedas com 108, o abracadabra sendo o Pai, Filho e Espírito Santo (aprendi com Grissom no CSI), é tudo meio complicado. Resta medir lá no detector de metais se funciona para uns ou para outros.

A essência não muda. O Bispo Macedo deveria mandar todo mundo ler Flavius Josephus e Eusebius, não o ponta de lança luso. Mas aí é pedir demais..... No fim é simples. Temos que saber onde pisamos, temos saber até sobre a essência do vento que sacode nossas vestes, de onde ele sopra. Não é questão de ser irônico, nem nada. Que cada um encontre seu (des)equilíbrio, pois o próprio exercício de caminhar já o pressupõe. Temos que tirar um pé do chão para avançar com o outro. Então não tem jeito. Puro Raul Seixas....

Enquanto você
Se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual...
Eu do meu lado
Aprendendo a ser louco
Maluco total
Na loucura real...
Controlando
A minha maluquez
Misturada
Com minha lucidez...
Vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza


Shalom!

קַבָּלָה

Wednesday, May 07, 2008

 

Edu Lobo e Torquato Neto



Adeus
Vou prá não voltar
E onde quer que eu vá
sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
nem é bom pensar
que eu não volto mais
desse meu caminho
Ah! pena eu não saber
como te contar
que esse amor foi tanto
e no entanto eu queria dizer
vem.....
eu só sei dizer vem
nem que seja só
prá dizer adeus

Monday, May 05, 2008

 

Teresa Meu Amor....

Teresinha meu amor, aqui é seu Munam… Teresa meu amor, eu de bom grado trasncreveria as “letras” da canção de Tom Jobim, tão linda do Stone Flower. Mas ela é instrumental. Quase assim como você, rabiscando e desenhando com crayolas nas suas pilhas de papéis sem fim. Muda, sem muito falar. Somente com um sorriso maroto aqui e ali. Que bonito. A canção não fala, tampouco você falava muito. Vai meu anjo ficar lá com Papai do Céu, sua família, Antoninho e todos.... Vou ouvir o Rei Roberto em sua homenagem hoje. Mas hoje vou lá cuidar de tudo. Agora. Reze pro seu primo, pra que eu tenha forças de executar tudo direitinho hoje, minha carneirinha e priminha; e que você descanse em paz. O rebanho se liqüefaz e dismilingüe rapidamente, inexoravelmente. Mas lugar de carneirinho é no céu pras crianças contarem.... Falei com Vininha, com olhos azuis lindos como os seus.... Estamos tristes, mas também contentes pelo seu descanso. Sei que você já está com Deus, meu anjo, Teresa Meu Amor.....

Thursday, May 01, 2008

 

Fadado ao Fado

Old Lisbon Music

From The New Statement, the political roots of Fado:

Old Lisbon is where fado was born in the early 19th century, in the districts of Alfama and Mouraria, which were populated by traders, sailors and fishing families. The Portuguese royal family spent the Napoleonic Wars in exile in Rio de Janeiro, which became the capital of the Portuguese empire from 1808-21. They returned with a whole retinue of Brazilians and Afro-Brazilians, and as such Lisbon has long had a multiracial and assi milado population. Fado (also the name of an Afro-Brazilian dance) was heard in the taverns and brothels of the city's working-class areas. Its first star was a young prostitute called Maria Severa (1820-46), who had a notorious affair with the Count of Vimioso, an aristocratic bullfighter, and introduced fado to high society. Many fado lyrics refer to her by name ("Fado da Severa" is one of the most famous), and both a stage show of 1901 and Portugal's first all-talking sound film, A Severa (1931), were dramatisations of her life.

To Portugal's leading fado historian Rui Vieira Nery, the lyrics of "Fado da Severa" and "Fado Choradinho" ("Fado of the Unfortunate"), written in the mid-19th century, underline the genre's connection to the Lisbon underclass. "There are several texts that were clearly written by people who had been in jail for long periods and this zigzag between legal and illegal lifestyles is very present in those early fados," he explains. It is Nery, with his book Para uma História do Fado ("Towards a History of Fado"), who has surprised even the Portuguese with the secret history of the music they thought they knew so well. "By the late 19th century, fado was essentially a working-class song - very politically committed. You had fados talking about Kropotkin, Bakunin, Marx - and even Lenin later on." One socialist fado from 1900 begins: "May 1st!/Forward! Forward!/O soldiers of freedom!/Forward and destroy/National borders and property."

Such militant fados remained underground, although the more respectable theatrical fado revista ("revue") was popular with the middle classes. In 1882, the cartoonist Rafael Bordalo Pinheiro criticised fado singers (and by implication the Portuguese people), through the character of Zé Povinho ("Poor Zé"), for being too passive and playing whatever song was placed in front of them. The following year, however, another of his cartoons showed politicians at a fado tavern dancing to Zé Povinho's music, but knocking him over in the end. It is clear that, far from being simply nostalgic and sentimental, fado included social and political commentary.
In 1926, after years of political instability, Zé Povinho and the Portuguese people really were knocked over by a coup d'état that installed a fascist dictatorship (led by António Salazar from 1932-68) which lasted nearly half a century. "By the mid-1920s, when the coup took place, fado was for the most part a left-wing, working-class, socialist-oriented type of song," says Nery. "But of course, in a fascist dictatorship, this wouldn't do." In 1927, laws were introduced subjecting all lyrics to censorship. Songs that had not been approved could not be sung in public. "The regime didn't trust fado," Nery says. "It was originally sung by people of ill-repute - prostitutes, thieves and marginals - and that did not carry great prestige for a song of national identity." A 1927 cartoon by Alonso entitled "A Sad, Miserable Life", shows two fadistas, one of them singing, "Cry, politicians, cry", over a subtitle that reads: "O fado, you used to be fado." The implication is that fado has been emasculated. In 1936 the regime ran a series of radio broadcasts entitled Fado, the Song of the Defeated, in effect consigning the genre to history.

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