Monday, May 19, 2008
Coincidentemente, eu vi Deus de novo....
(Eu escrevi isso quando uma menina vendendo chiclete na praia sob um sol que torrava até carvão, no verão passado, me comoveu. Nesse Domingo que se foi, eu a vi de novo. Nunca me esqueci do seu rosto. E ela veio num mini-bando de crianças, dessa vez com um sorriso alegre e carregando uma sacola de plástico cheia de latinhas a serem recicladas. Nunca deixei de pensar nela e de rezar por ela. Não sei se fiquei feliz, mas fiquei em paz, ali, naquele momento. Inacreditável.... Reescrevo com mais detalhes agora de novo....)
“...Era uma menina de dez anos de idade. Sim, dez. Cravados. Desfilando com short rosa revelando a silhueta de seu biquíni e top preto como sua tez. Negra. Cabelos alinhados, desgrenhados e alisados em volumosos fios penteados para trás, com uma elegância para além de sua idade.
Taratamudeava taciturna enquanto deslizava nas areias quentes vendendo chicletes. Calor escaldante. Ela ia cair dura. O suor não era saudável. O olhar mais triste que já vi.
Os chicletes eram redondos, encouraçados, com o látex açucarado protegido e revestido, por um plástico já amolecido. Uma etiqueta de papel perfurada por grampos metálicos com a marca segurava o mini-canhão de balas coloridas. Todos arrumados na mini-caixinha de papelão colorido. A oferta era feita mimeticamente, em tom quase que inaudível. O suor lhe escorria pelos ombros e a jornada que se vislumbrava – em Ipanema, em frente ao Country até o Arpoador talvez – seria um calvário sem fim.
Com o mó amarrado às crianças que Cristo maldizia. Nem o próprio Redentor em 40 dias de deserto evocaria tamanha (com)paixão. A troca foi efetuada, ou apenas a troca parcial. O produto ficou onde estava. A desordem de todos os fatores não alteraria a soma que nunca vai bater... “Comprei” chicletes. Mas não era só.
Subi e a levei até uma barraca. E uma água ou coca-cola foi oferecida onde a escolha ficava com quem oferecia e não com ela, que nem pedia, mas simplesmente aceitava. Aceitava. Pois não se diz não. Então presenciei o assombro do alvo sorriso, do canudo sendo desemcapado e enfiado na lata. Não desses sorrisos que mexem conosco, mas que mudam uma vida, uma trajetória, que ardem como a areia quente.
Lá estava a tal da pureza... Arcanjinho negro, querubim das trevas alvas, que sumiu nas areias escaldantes deixando um rastro de terra-arrasada. Coisa mais bonita, coisa mais linda de Deus, siga protegida... Muita luz será apontada para teu ser, até o fim de todos os dias e todas as noites... Quando não serás mais que um sorriso gratificado.... Quando serás o mais alto grau de perfeição....”
(Pô essa coisa chorenguenta é séria pra burro, e apesar da formação desse blogue baseada no tripé Millôr-Francis-Ivan Lessa, eu fico comovido com essas coisas também.)
“...Era uma menina de dez anos de idade. Sim, dez. Cravados. Desfilando com short rosa revelando a silhueta de seu biquíni e top preto como sua tez. Negra. Cabelos alinhados, desgrenhados e alisados em volumosos fios penteados para trás, com uma elegância para além de sua idade.
Taratamudeava taciturna enquanto deslizava nas areias quentes vendendo chicletes. Calor escaldante. Ela ia cair dura. O suor não era saudável. O olhar mais triste que já vi.
Os chicletes eram redondos, encouraçados, com o látex açucarado protegido e revestido, por um plástico já amolecido. Uma etiqueta de papel perfurada por grampos metálicos com a marca segurava o mini-canhão de balas coloridas. Todos arrumados na mini-caixinha de papelão colorido. A oferta era feita mimeticamente, em tom quase que inaudível. O suor lhe escorria pelos ombros e a jornada que se vislumbrava – em Ipanema, em frente ao Country até o Arpoador talvez – seria um calvário sem fim.
Com o mó amarrado às crianças que Cristo maldizia. Nem o próprio Redentor em 40 dias de deserto evocaria tamanha (com)paixão. A troca foi efetuada, ou apenas a troca parcial. O produto ficou onde estava. A desordem de todos os fatores não alteraria a soma que nunca vai bater... “Comprei” chicletes. Mas não era só.
Subi e a levei até uma barraca. E uma água ou coca-cola foi oferecida onde a escolha ficava com quem oferecia e não com ela, que nem pedia, mas simplesmente aceitava. Aceitava. Pois não se diz não. Então presenciei o assombro do alvo sorriso, do canudo sendo desemcapado e enfiado na lata. Não desses sorrisos que mexem conosco, mas que mudam uma vida, uma trajetória, que ardem como a areia quente.
Lá estava a tal da pureza... Arcanjinho negro, querubim das trevas alvas, que sumiu nas areias escaldantes deixando um rastro de terra-arrasada. Coisa mais bonita, coisa mais linda de Deus, siga protegida... Muita luz será apontada para teu ser, até o fim de todos os dias e todas as noites... Quando não serás mais que um sorriso gratificado.... Quando serás o mais alto grau de perfeição....”
(Pô essa coisa chorenguenta é séria pra burro, e apesar da formação desse blogue baseada no tripé Millôr-Francis-Ivan Lessa, eu fico comovido com essas coisas também.)