Tuesday, October 30, 2007

 

A Bolha ou O Bolha

Leio com estranheza a notícia no jornal de que Karl Marx foi influenciado por uma espécie de furunculose. Agora estão atribuindo o teor de sua obra às pústulas cutâneas, que o próprio disse a Engels que seria algo lembrado pela burguesia até seus últimos dias. Quando o Reinaldo Azevedo revelou que o tumor que tinha na cachola era benigno, Diogo Mainardi mostrou-se incrédulo e disse que pensava que nada de benigno poderia advir de tal sítio. Eu não sei não. A (in)disposição demonstrada no texto dos autores mais marcantes é óbvio que são influenciadas pelo estado de espírito ou de saúde de cada um. Se olharmos então para a filosofia alemã do século passado, ou para a literatura russa em geral, podemos “pustular” que nunca houve nem corpo sadio nem mente sã em tais plagas. Inclusive porque textos alegres ou otimistas são minimizados pela falta de austeridade e certo rigor intelectual. Daí a dizer que toda uma ideologia e confronto de classes surgiu como fruto de uma furunculose de um alemão, que é caso histológico e não histórico, é difícil de engolir. Mas não é de todo improvável. Em se tratando de ciências sociais é difícil realmente, a não ser em raros ramos e casos, como a antropologia, não termos um texto sisudo. A antropologia descreve as características patéticas do ser humano, suas interações com o meio e entre si. Daí sempre temos uma pitada do inusitado, do sarcasmo e do que é forçosamente jocoso e estranho. Mas essa do Marx pode abrir mil frentes de teorias de interpretação de texto. E aí os franceses vão ficar indóceis.... Deus me livre! Ou os semi-óticos, onde a própria palavra desconstruida vale mil imagens e significados e significandos, com gerúndio por favor

Thursday, October 25, 2007

 

Convento


Família Real comemorando 200 anos? Qual nada, preparem o rufar dos tambores pois ano que vem são 400 anos do Convento de Santo Antônio no Rio de Janeiro, ali no Largo da Carioca. Apesar da restauração de alguns anos, ainda há muito a ser feito que, diga-se de passagem, estão fazendo. Há dois meses iniciaram a etapa final de obras para preservação e conservação do marco histórico mais importante da cidade, ousaria dizer. Mais do que o Museu da Quinta, cujo estado precário é uma vergonha não nacional mas interplanetária. Com as obras atuais estão descobrindo matizes que não puderam ser percebidos antes nas paredes e naves. A pedra fundamental data de 1608 mas a obra mesmo ficou pronta cem anos depois.

Foi lá que Dom Pedro I redigiu o texto que leria no Dia do Fico. Há restos mortais da família real, e o Convento também é cultura: lá foi cedido o espaço em 1776 para a primeira universidade do país, leio no OESP. Enfim, durante as obras estarão em busca até de eventuais pinturas encobertas. Palmas para a coordenadora Ana Lúcia Pimentel, retauradora da Candelária e do Gustavo Capanema. Será o maior projeto de restauração do Brasil e mais de mil empregos serão criados. Vão ter que mexer no telhado do século XIX que tá maus, e existe uma mina d’água subterrânea que não ajuda; os cupins fazem a farra, bem como o mofo com a umidade.

Ao lado, na magnífica Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco da Penitência, jóia do barroco nacional, teremos a reinauguração do Museu de Arte Sacra. Sim, "rein-auguri" posto que foi criado em 1926 e depois desativado. Em torno do claustro teremos obras paisagísticas, tudo ficará primeiro mundo espera-se. O projeto é de 37 milhas de reais e bancado pelos suspeitos usuais. A patuléia, ou parte dela, agradece essa tunga bem gasta.

Esse tipo de emprego criado, aliás deveria ser a prioridade. Em Aracaju, por exemplo, cada um dos 19 vereadores têm 20 assessores técnicos. Em São Paulo são 25, com um salário a partir de $4.000 por mês. O brasileiro médio ganha $1.000 por mês. Ou seja, esses sujeitos aí da máquina mortífera do mal atrelada ao poder público ganham quatro vezes mais que um policial, bombeiro, enfermeiro, ajudante de obra em construção civil ou professor da rede pública. Onde está a fonte da corrupção? A resposta é clara...... Isso me atendo ao Legislativo; sem passar pelo leque tríptico dos poderes descritos por Montesquieu...

Que bom que o Convento escapou, lá é “meu terreiro da usina” pois foi onde me criei e me interessei pelas coisas de Deus com 15 anos de idade. Lá tem todo um histórico de adoração familiar. Como diz no Bom Livro, que caiam mil à sua direita e esquerda e que ele permaneça lá no alto do morro....

Sunday, October 21, 2007

 

Ipea + 1

“O ponto é que temos a carga tributária elevada, porque praticamos juros elevados...”

Essa frase aí é do João Sicsú, subalterno do Pochmann, hoje no jornal...

A FSP o define: “...tido como desenvolvimentista entre os economistas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), João Sicsú, novo diretor de Estudos Macroeconômicos do órgão, afirma que a economia vai bem, mas existem duas fragilidades: a taxa de juros ainda é muito alta, e a taxa de câmbio está demasiadamente valorizada....”

Eu acho que eles deviam fazer no Ipea o que o Marginal Pinheiros mandou fazer no Itamaraty obrigando a leitura de pensamentos do Barão do Rio Branco e de outros. Lá no IPEA deveriam obrigar a leitura do “Brasil, Raízes do Atraso – Paternalismo Versus Produtividade – As Dez Vacas Sagradas que Acorrentam o País” de autoria do Fabio Giambiagi que é do BNDES mas está “emprestado” ao IPEA. Livro que comprei ontem e já cheguei quase no capítulo sete de tão bom que é. Como diz até o Maílson no prefácio:

“... O livro merece ser lido... pelos que desejam testar suas convicções em contrário. Estou certo de que muitos mudarão de idéia, influenciados pela agudeza das análises e pela força dos argumentos...”

Voltando a Sicsú. Voltamos à ordem dos fatores. Parece que no IPEA estão conduzindo o automóvel olhando não para o parabrisa e sim para o vidro traseiro, com o corpo contorcido, mão apoiada no banco do passageiro e a marcha à ré.

A carga tributária elevada faz com que o capital fique escasso no mercado pois ele é sugado pelo governo. Com menos capital, o “preço” ou “valor” do mesmo, aumenta. Com menos leite, o preço deste aumenta. Com menos de tudo, o valor de tudo aumenta. Esse valor é representado pelo custo do capital ou juros. Os juros são um indicador, como os centígrados no termômetro. A temperatura pode ser alta ou baixa. Se ele quiser diminuir os juros, ou o custo do capital, terá que aumentar a oferta do mesmo. Para aumentar a oferta do mesmo, terá que diminuir a carga tributária para que haja mais capital livre e em circulação para expansão de atividade econômica, mais geração de emprego, maior consumo e até maior poupança etc... Isso sim é desenvolviment(ism)o. Baixar os juros na porrada com a atual carga tributária, levará à inflação. E aí sim o custo do capital vai para os píncaros. O câmbio também é livre e apenas aponta o valor da moeda frente a outras. Há maior demanda por investimentos em reais, graças ao Bom Senhor. Se não estivessem interessados é que teríamos problema.

Enfim, que saco gastar meu tempo com isso. Mas essa gente é muito estudada e qualificada para ficar propalando essas coisas. Isso não é nem ideologia. Eu não sei nem o que é. Eu estou esperando aquele que for economista para atirar a primeira pedra. Essas idéias são verdadeiros pecados e uma afronta aos bons modos e costumes. Ou ele já se esqueceu que o velho Gasparian botou na constituição que juros tinham que ficar em não mais que 12%. Santo Deus.....

Dilma neles!!!!

 

Desapego









A Prática do Desapego

Swami Durgananda

(Trad. José Gonçalves Carneiro)


É impossível aprender o desapego num livro ou apenas numa técnica. Não existe uma receita específica para o desapego. No entanto, ao aprender a enfrentar nossos medos, começamos a ver realmente quão improdutivo é o desempenho do ego e podemos nos afastar dele e prosseguir adiante. (Para praticar isso que nós realmente não sabemos o que é já é em si mesmo uma prática de desapego).

É melhor não perguntar “O que eu obtenho ao fazer isso?” ou “O que acontecerá se eu cometer um erro?” . Estas preocupações são simples distrações no que concerne praticar atos habilidosa e alegremente. É melhor estar desapegado da acão. Nós não podemos crescer sem a ação. Portanto, o desafio é bem vindo; “uma onça de prática é melhor do que toneladas de teoria .”

Nós invariavelmente cometemos erros quando agimos . Daí, nós os anotamos, corrigimos e assim crescemos. Erros são uma parte essencial do crescimento... Um praticante de yoga tem de ser corajoso e pronto para enfrentar a zombaria e pronto para enfrentar o insulto e a injúria – a mais elevada yoga. Nós temos de aprender que não somos os autores: as coisas acontecem a despeito de todos os nossos planos e melhores esforços . Nós podemos somente dar o melhor de nós e daí “adaptar, ajustar e acomodarmo-nos aos resultados.”

Não adianta dizer: “Agora eu estou completamente desapegado”, e depois continuar como antes . Nós devemos reconhecer e deixar as nossas preocupações de lado, nossos condicionamentos e nossas idéias fixas e substituí-las por pensamentos mais positivos. Para alcançarmos isto, necessitamos nos engajar na prática espiritual sob a orientação de um mestre (um professor) que possa nos inspirar e nos mostrar o caminho até que tenhamos estabelecido a nossa rota . Necessitamos de alguém a quem recorrer para pequenos ajustes e correções do mesmo modo que podemos visitar um quiroprático para ter nosso corpo realinhado. Nós sempre necessitaremos orientação sobre como corrigir nossos processos mentais. Uma vez que tenhamos aprendido a fazer isso, podemos por em prática, quando necessário, estas novas formas de pensar.

Desapego não tem nada que ver com raça, religião ou nacionalidade. Nós podemos ter diferentes constituições físicas e - à exceção de nossos temores, preocupações ou conexões com o passado de família , riqueza, posição social e finalmente com o próprio corpo – é tudo o mesmo.

Nós podemos considerar os vários mestres , trajetórias, religiões e técnicas simbolicamente como guias da luz , postados no alto em frente de nós - luz que temos meramente de seguir, sem preocupação com o objetivo. A partir do momento em que seguimos a luz nós nos libertamos do passado e do futuro e permanecemos inteiramente no presente. Isto por si mesmo já é um sinal de desapego e em seqüência já nos sentimos mais leves.

Nós sentiremos tensão e ansiedade se falharmos na prática do desapego, se permanecermos fixados no passado e no futuro, nada mudando. Veja o que acontece quando nós saímos para um feriado. Levamos conosco apenas uma mala que se torna a nossa casa. Nós esquecemos tudo o mais que deixamos para trás; acumulado em nossas gavetas e armários, todos os nossos livros e papéis, nossas moedas, selos e baixelas, nossas meias, camisas, cachecóis e capotes, e seja o que for que tenhamos acumulado. Nós estamos de fato tirando férias de nossas casas cheias de objetos indispensáveis.

Quando nós partimos com esta mala , nos sentimos maravilhosos, livres como um pássaro. Mas ao voltarmos, tão logo a chave gira na fechadura, tudo transborda novamente. Nossa vida inteira retorna com todas as nossas gravatas e cintos, camisas e sapatos. Pensamos como sempre usamos tudo isto e de qualquer modo o que fazer. Nós desejamos mandar vir uma mala enorme colocar tudo dentro e doar tudo para a caridade . Dizemos a nós mesmos , agora eu estou realmente desapegado de tudo. Estou doando tudo. Mas tão logo chega uma nova remuneração, vamos armados de nossos cartões de crédito fazer compras e voltamos do shopping carregados de substitutos do que havíamos doado. Daí, aprendemos a reduzir nossos bens gradualmente. De vinte camisas reduzimos para dezoito, depois de dezoito para dezesseis. Passo a Passo.

O desapego é acompanhado de nossa experiência íntima . Se a mente e o coração não têm uma real Vairagya, o desapego, o cartão de crédito não suportará isso por um prazo mais longo. O Banco avisará : “O que está acontecendo? Sua conta está constantemente no vermelho desde que você começou a praticar yoga...” Esta não é uma experiência incomum. Muitas pessoas chegam a extremos quando iniciam a prática da yoga e jogam tudo fora. Eles dormem num acolchoado no chão sem travesseiro. Na manhã seguinte eles estão incapacitados para andar. A mente deles reage indo ao outro extremo e consumindo indiscriminadamente. Isto não é desapego.

O verdadeiro desapego consiste em desfazer-se do apego a objetos, não em ser perdulário e irresponsável . Ele não significa que devemos nos livrar de todas as nossas posses, nem significa que devemos procurar uma nova esposa ou marido porque a pessoa ao nosso lado não tem mais a aparência que desejamos. Através da prática do desapego, nós aprendemos a viver com o que a vida nos dá e ir além de gostar e não gostar das coisas. Consideremos o corpo, por exemplo. Se você deseja que seu corpo tenha a conformação apregoada pelas revistas de hoje em dia, mas, após tentar todas as dietas, ver que nada mudou, então aceite o que você tem. Se Deus quer você como você é, não fique orgulhoso nem envergonhado, limite-se a ficar contente.

Uma coisa é controlar o desejo ardente por um bolo quando olhamos para ele e outra inteiramente diferente é controlar o pensar num bolo. Não apegar-se é um estado de espírito e como tal é um processo contínuo. Necessitamos demoradamente pôr em ordem os nossos pensamentos . Um instrutor tem ânsia de tornar-se um professor. Um professor sonha com a aposentadoria. Uma modelo deseja ser uma atriz. Uma atriz quer ser uma produtora. Um produtor quer ser um escritor. Nós nunca estamos felizes, nunca realmente contentes, até compreendermos que temos de retornar ao milagre do presente. Nós nunca seremos felizes se estamos constantemente caçando a nossa própria sombra.

Nós fazemos tantos planos. Nós pensamos, “uma vez que eu tenha feito isto, então eu farei aquilo. Eu viajarei para lá , eu estudarei isto . Eu me mudarei para lá”. Se acontece qualquer coisa que nos impede de realizarmos nossos planos, nossa felicidade está perdida. Para nos adaptarmos às inevitáveis mudanças da vida , necessitamos um certo grau de desapego. Nós certamente não devemos renunciar a nossas perspectivas e sonhos, mas quando permitimos que nossas mentes corram para o futuro, não estamos permitindo a nós mesmos gozar a vida no presente. Quando nós comemos, desejamos ler o jornal, quando lemos o jornal, desejamos comer . Isto é inquietação sem desapego.

Por favor não pense que a prática do desapego se opõe ao amor e à compaixão. Embora o desapego nos ajude a aceitar e trabalhar com o nosso próprio karma, se alguém falha e se fere, nós não podemos ignorá-los pensando que eles merecem isto e que este é o karma deles. Pelo contrário, uma marca de nossa maturidade espiritual é nós mostrarmos compaixão pelo outro que está sofrendo.

Desapego significa não apenas aceitar o momento presente, mas também desfrutar o momento presente, desimpedido por memórias do passado e preocupações com o futuro. Este é um acesso para a vida meditativa e pacífica. O medo chega com o apego e os desejos. Nós não nutrimos desejos quando vivemos no presente momento. Mas a partir do minuto em que pensamos sobre o futuro, surge a questão “o que acontecerá se ...?”. Desapegue-se deste pensamento.

Se você deseja fortalecer sua habilidade no desapego, então pratique meditação. Quando você meditar tente estar no momento. Concentre-se na respiração; concentre-se no mantra; concentre-se na luz. Entregue-se a uma energia mais alta; além do corpo e da mente. Você pode chamar isso de Deus ou Jesus, Krishna, Siva, Allah ou Buda, dependendo do caminho pelo qual sua religião o guia. Isto é desapego na prática. Nós nos libertamos do futuro imaginário assim como de nossas impressões do passado. Nós acalmamos nossos pensamentos e em silêncio experimentamos uma união com a mente mais elevada.. Vagarosamente o discernimento se manifesta. “O que eu estou fazendo aqui? Por que eu estou correndo em círculos? Eu trabalho oito horas por dia para receber todo este dinheiro e depois eu fico ocupado nas próximas oito horas em gastá-lo novamente?”

Nosso tempo livre é devorado até o fim pelo consumismo. Nós nos mantemos ocupados, correndo por este ou aquele caminho tentando freneticamente atender a nossos desejos. Então, assim que tivermos comprado alguma coisa, nós a jogamos numa gaveta. E ao sairmos para desfrutar de um feriado novamente nos esquecemos completamente dela.


Se alguém quer dar um presente a você, diga : “Obrigado mas, de fato, eu não necessito isso.” Ou como Swami Sivananda costuma fazer, aceitá-lo e depois doar a alguém, sem desrespeito – naturalmente nós ainda sentimos o amor por trás do presente – mas talvez porque alguma outra pessoa necessite realmente mais dele. Nós não temos de nos tornar colecionadores. Muitas posses criam peso e dependência, nós começamos a crer que não podemos viver sem elas.

Tão logo você começa a considerar o tempo para viver no presente, é relativamente fácil renunciar a objetos materiais. Ainda assim, isto é só o começo. Ser você naturalmente, completamente livre, é o mais elevado desapego. Como professores de yoga devemos praticar o desapego. O coração da yoga é desapego e auto-conhecimento. Eles são o cerne da prática da yoga e de nosso ensinamento. Muitas vezes você pode imaginar o que um estudante pensa ou diz sobre você. Você deve doar-se completamente quando estiver diante de outros. Ser simplesmente você, honesto e humilde, demanda um nível elevado de desapego. Pratique esta abordagem no trabalho com seus colegas. Você progredirá bem se, como parte de seu sadhana , ou prática espiritual, você praticar libertar-se da falsa identificação com o trabalho. Para treinar a mente no desapego, primeiro tente simplificar sua vida e desenvolver um estilo de vida puro. Se você vem praticando por vários anos um estilo de vida yogi, agora é a hora de praticar desapego da identificação com o ego.

Isto não é fácil, mas continue a fazer o que tem feito como sempre, dê o melhor de si sem identificação com o ego. Seja simplesmente você mesmo, cheio de amor, paciência e respeito, sem dissipações, sem muita galhofa, sem muita disposição de tomar liberdades com os outros. Isto é a nossa constante escola de desapego.

Swami Sirvananda diz que desapego de Viveka, discriminação e Vairagya , são os mais importantes sadhanas que podemos praticar através de toda a nossa vida. Porque a mente está sempre ativa e tem novas experiências, o ego está sempre pronto para nos apanhar na armadilha de novos apegos. A luta com o ego pode ser comparada a uma guerra. Por esta razão é que muitos casos espirituais são baseados em torno de guerra. Os ensinamentos éticos e espirituais de Bhagavad-Gita são baseados durante uma guerra: a guerra está acontecendo dentro de nós, uma luta entre o bem e o divertido. O bem nos conduz numa direção e o divertido nos leva a outra direção. A Guerra começa imediatamente ao acordar: devo despertar ou devo permanecer na cama? O que comerei? O que usarei para ir ao trabalho, algo elegante ou na moda? Ou será que deverei ir mesmo ao trabalho? Talvez eu devesse telefonar e dizer que estou doente. Estas são as guerras que todos nós vivenciamos; a mente pratica esse jogo com todos nós. Swami Vishnu-Devananda poderia dizer : “as tendências de descida da mente gostam sempre de pedalar a bicicleta colina abaixo, enquanto as tendências a subida dizem: não, vá colina acima e pratique o desapego”.

O verdadeiro desapego é capaz de aceitar seja o que for que a vida nos trás. Se as coisas podem ser mudadas então mude-as mas se não podem, então aceite-as. Diga simplesmente à sua mente: você pode dizer o que deseja, mas eu farei o que tiver de ser feito e me rejubilarei com isso”. Este é o verdadeiro desapego .


 

Surian



 

Beleza....


You beautiful patooties, hope you are well... It's sunny outside, it's sunny inside. Thanks for writing lately. Let's rock in peace in this bittersweet symphony that's life with verve (pun intended and thanks Richard Ashcroft). Keep sending those vibes... I am keeping my mode... Tonight I will be on my knees... Letting the melody shine...

 

The Good...The Bad...and The Ugly...




Como vemos na epígrafe do Tropa de Elite, a situação é mais importante do que o caráter ao determinar as ações de um indivíduo. Notícias recentes indicam que Rudolf Nureyev, Günther Grass e Che Guevara, para me ater apenas a três “celebridades”, tinham certas “lacunas” - por assim dizer - em suas respectivas biografias e trajetórias. Isso é comum, pois em não se tratando de hagiografia, as pessoas vão fazer o que Victor Farias, o chileno, fez com Heidegger. Trazendo à baila o fardo nazista, gora logo o leite. Não importa o brilhantismo. Só mesmo Daniel Barenboim para tocar Wagner em Jerusalém e ainda por cima saiu chamuscado. O mesmo ocorreu com Grass, no caso com uma auto-revelação tardia de participação “voluntária” na SS, e de levar o segredo por toda a vida e em todos os cantos. Mormente com a reviravolta ideológica que deu-se em sua cabeça, pois Grass posteriormente cultuava Willy Brandt e estava longe de parecer um carnívoro. Coisas teutônicas.... Ernesto Guevara Lynch já tinha essa pitada e cadinho irlandês no sangue, e ainda por cima calhou de vir ao mundo e encarnar-se para além das províncias austrais e cisplatinas, lá embaixo onde no imaginário popular acredita-se que o povo é caracterizado pela arrogância e soberba. Esses dois ingredientes somados à idéia da “revolução permanente” e metida de bedelho no que é alheio, levam a crer que o médico obviamente tinha seu lado de monstro. Situação ou caráter? O caráter é estático ou a situação pode encontrar-se também numa constante? O que vem a ser o mesmo....? E por fim, Nureyev, o grande, parece que não era flor que se cheirasse, abusava de alunos e tinha um sadismo especial em relação às mulheres. Em se tratando de bailarino, Freud explica sim... Mas essas tintas gastas e árvores abatidas para exibir textos onde a canaille humana se expõe de forma mais visceral é uma grande perda de tempo. Idealizamos figuras que viram verdadeiros avatares de divindades superiores. Mas das grandes três religiões monoteístas devemos nos lembrar que o cristianismo é a única que estabelece um vínculo direto entre o Absoluto e a figura humana do se-mítico homem nazareno. E ainda assim o Absoluto encarnado andou cometendo seus erros, perdeu a cabeça em algumas situações, se aborrecia com a falta de rapidez dos alunos no aprendizado, caiu na lábia do DEM, enfim... Como era o Absoluto encarnado, vai ver que essas condutas específicas eram necessárias para mostrar o outro lado da moeda, da redenção, da epifania, de fazer e escolher o errado, para depois acertar o rumo e prumo da embarcação. Senão não teríamos norte. Livre arbítrio mas sabendo que o dedo no fogo queima e dói. Ainda assim alguns são incorrigíveis. Por isso vivemos no universo. Onde não podemos descontar a possibilidade que muitas vezes o caráter do indivíduo é o que na verdade determina a forma, cheiro, gosto e rumo de uma situação e não o contrário. Mas em geral escolhemos a “univisão” e não “onivisão” pois a primeira é menos dolorosa....



Thursday, October 18, 2007

 

Pessoa(s)

I am the escaped one

I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
My soul seeks me,
Through hills and valleys,
I hope my soul
Never finds me.

Fernando Pessoa


Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: Fui eu?
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Wednesday, October 10, 2007

 

Vallejo

Tao Lin

A stoic philosophy based on the scientific fact that our thoughts cause our feelings and behaviors

We have our undesirable situations whether we are upset about them or not
if we are upset about our problems we have two problems: the problem and our being upset about it; with thoughts as the cause of emotions rather than the outcome the causal order is reversed. The benefit of this is that we can change our thoughts to feel or act differently regardless of the situation.

I need to win a major prize to shove in people's faces...

Note the similarities with buddhism:

A buddhist who has achieved nirvana is not sad primarily because it does not know the concept of sad; the sole problem of an undesirable situation is the absence of a philosophy allowing it to be desirable. The cessation of desire in western civilizations often coincides with the onset of severe depression.

A cessation or increase of suffering in relationships often effects increased focus on work or art. Let's compare the person shot with a rifle who worries about who manufactured the bullets rather than staunching the wound, with the person shot with a rifle who distances himself from the situation until the focus is on the distance itself.

.......

Like the buddhist concept of the cycle of birth and rebirth let me conceive a temporary philosophy to justify my behavior involving the dissemination of literature while maintaining and strengthening our identities. We should be aware that identity is a preconception. The purpose of that is yet unknown at this point. I felt a little sad this morning but was able to block it out
and now i feel better; implicitly we trust that once we discover what it is we are doing we will return to let ourselves know; the realization of what we are actually achieving will manifest from an as yet unoccupied perspective, a perspective with no metaphysical, temporal, or physical connection to our current situation with the understanding that thoughts are the cause
of emotions, pain, and the experience of time; and that thoughts can be extinguished with other thoughts or states of thoughtlessness.

We become wholly irrelevant to what already exists in the universe
all of which can be valuable tools in recovery

from Coconut Poetry

 

Yiiipie Ipea...


Todos os governos têm em geral vozes discordantes no que concerne as diretrizes gerais políticas e econômicas. Não poderia deixar de ser. Fala-se num referendo para desprivatizar a Vale do Rio Doce e, de tacada, o governo privatiza importantes rodovias. Isso partindo de negociações diretas de Dilma, amparada em estudos de técnicos da Fazenda, indicando que podiam sobreviver com pedágios menos salgados. Muito bom. Obrigado.
Um órgão curioso do Governo é o IPEA, Insituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que ficaria tecnicamente sob a tutela e chancela da Sealopra do Mangaunger. Sobrou estilhaço do Caso Renan para o Bostonbaiano, coitado e, enfim, Lula está resolvendo a legitimização da Secretaria na marra. O IPEA tem à frente o economista Márcio Pochmann. O BNDES tem o Luciano Coutinho. São áureos tempos para a Unicamp pois. Ainda bem que Belluzo e João Manuel estão meio fora de combate.
Mas o IPEA sempre primou pela independência e para cada Pochmann lá residente temos uma Giambiagi como contraponto de ironia. Mas Pochmann já vinha escrevendo uns artigos heterodoxos, com dobradiças novas na velha arenga. Tentar pensar algo novo é meritório. Mas hoje em entrevista, ele veio com uma que impulsionou meus dedos ao teclado com um terrível comichão. Aí vai a pérola:

“No pensamento comum (sic), se eu poupar meu salário, vou ter mais dinheiro para gastar ou investir em alguma coisa. Do ponto de vista macroeconômico, o investimento não é resultado da poupança, é a poupança que equivale ao investimento.”

Já que o doutor entende do riscado deve ter se esquecido de suas aulas básicas de economia lá atrás com cabelos mais fartos e quando não tinha o PC. Nenhum deles, nem o Faria, nem o IBM. Só o Cajú.

Savings = total income less all purchases and costs (outlayings)

Acho que com essa não precisamos editorializar. Fica aí a palavra do presidente do IPEA. Ah, ele diz que no Brasil cerca de R$1 trilhão de recursos aplicados no sistema financeiro não se transformam em investimento.... Quanto a isso não vamos perder tempo.

Então em relação a suas considerações sobre poupança.... Como ele é professor, doutor – imagino - recomendo o último volume do Quarterly Journal of Economics entitulado “A Formula for Total Savings”. E olha que nem entrei em considerações indeológicas... Foi ali, na bucha.
Ah, ele disse que com menos juros teremos menos impostos... A ordem dos fatores altera o produto. Ou por acaso o guarda-chuva molhado provoca chuvas?

Wednesday, October 03, 2007

 

Radiohead e Freakonomics


(O Levitt escreveu nos lembrando disso. Esse caso simbólico do Radiohead de fazer neguinho pagar o que quiser pelo download do disco novo, foi provado não com teoremas econométricos e sim com empiricismo: a honestidade se paga. O “sistema de honra” do Feldman deu certo. Quem leu o livro se lembra bem. Vamos ver os resultados pois o Thom Yorke já falou impropérios contra a indústria. E além do Creative Commons e a postura do Ministro Gil - que é sábia e budista que nem ele, com seu jeitão de baiano-monge, com sorriso de lagarto - vale a pena ver no que vai dar esse treco do Radiohead. Pois eles têm cacife pra bancar... Como disse toda a indústria fonográfica quando eles lançaram o Kid A... Que estavam doidos.... Ali eles tomaram banho de banheira atonal e partiram pra longe daqui e venderam pra burro. O que prova que no peito dos desafinados mentais bate um surdo de terceira, que fica na batida do de primeira. Aposto nos cabras. Isso pode ter implicações revolucionárias na disseminação e proteção da propriedade intelectual que não pode ser mais vigiada por um sentinela esquelético com uma 22 no coldre.)

October 2, 2007, 9:53 am

How Much Do You Think Paul Feldman Will Pay for the New Radiohead Album?

By Steven D. Levitt
In Freakonomics, we wrote about Paul Feldman, an economist turned bagel delivery man who began charging his customers based on the honor system. From the experiment, he found that, all in all, people were pretty honest.
Now the band Radiohead is borrowing a page from Feldman’s playbook, but on a much grander scale. One of the most popular bands in the world, Radiohead has decided to go it alone for the release of their seventh album. As Time.com reported:
[S]inger Thom Yorke told TIME, “I like the people at our record company, but the time is at hand when you have to ask why anyone needs one. And, yes, it probably would give us some perverse pleasure to say ‘F___ you’ to this decaying business model.”
So how much will it cost you to download their newest album?
Whatever you want to pay. Following other artists we’ve blogged about in the past, like Jane Siberry and Devin Brewer, the band has embarked on a radical social experiment, and is letting fans choose their own price. In the 2.5 years that we’ve been writing this blog, only one or two times have we gotten so much email about a specific topic — which happened to come hot on the heels of our quorum about the future of the music industry. Read more …

 

Dando.... no New York Times....


Agora que o New York Times online voltou a ter o acesso totalmente aberto podemos nos deleitar principalmente com Maureen Dowd e Tom Friedman de novo. As duas últimas colunas estavam imperdíveis. A mulher com seu sangue hibérnico, trucidando gentilmente e, depois de enfiar a faca ventre adentro, dá aquelas retorcidas com um sorriso sensual no rosto. E Tom só com os fatos. E estes são assustadores e não muito noticiados aqui nestas plagas. Vamos começar por Mo Dowd. Esse grupo de “segurança” particular Blackstone que está aprontando no Iraque é o caso mais agudo de terceirização tresloucada. O moleque dono da empresa tem 38 anos, ele e o pai contribuem maciçamente para os Bushes e fazem parte de um grupo evangélico ultra-conservador. Ele foi um NAVY Seal, espécie de Capitão Nascimento dos gringos. Um dos funcionários confundiu tudo. Estava de porre e atropelou uns locais. Outros saem dando tiro a esmo e aos inocentes pagaram quinze mil doletas por presa. Inacreditável. As casualidades se amontoam e o Congresso olha o abismo que nos fita de volta, apud Nietzsche apud Dowd...

Tom Friedman dá um pito na Toyota. Sempre na vanguarda na produção de modelos mais eficientes, juntou-se aos dinossauros gringos de Detroit, que, sob a batuta da delegação de congressistas e senadores locais, tenta impedir limites no consumo e emissão de gases de veículos ali produzidos. Mas por quê? Ora, a Toyota não quer que eles ganhem competitividade nessa tecnologia. Deixem os dinossauros em Bedrock. O turismo nos EUA cai barbaramente bem como o investimento estrangeiro. Clamavam pelos pobres e desvalidos e agora acrescentam que querem destes as digitais.... Até a Microsoft abriu uma sede gigantesca em Vancouver, de saco cheio das amarras burocráticas para importar cabeças pensantes. E o debate presidencial nos deixa a impressão de que ninguém vai mexer nos vespeiros gigantes. Eles têm lá os Renans dele e rabo preso é o que não falta entre Virgínia (Lane) e Maryland.

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