Wednesday, June 28, 2006
Pessoa Cabral
Por onde estou, não penso, não faço,
Aonde sou, não sei o meu traço.
Naquilo que penso, me calo, engasgo.
E o meu estalo... Não gera um passo.
Sigo sentado, sentindo o mormaço,
De pé eu tremo, como um fino aço.
Se penso e ajo, a jato me sai,
A coisa viva que nunca me trai.
Na fala sem toque, concreta no ar
Eu sigo assim com um discreto mal-estar...
Se vejo e almejo o que é de falar,
A vida estanca e tranca o luar.
No fundo do peito, desfeito de dor,
Ainda seguem razões, segue o horror...
E se sinto falta de luz e ardor,
No coração bate sempre o tremor...
Não fera em batalhas tingidas, fingidas,
Ungido só com mortalhas feridas,
Me nego, renego o tom decantado,
Me debruço assim, atabalhoado....
Se ando em desastre, que arde tragado,
retalho do corte e atalho negado...
Na lápide fria mas sempre ardente
Se fecha o verso fiel ao repente.
Aonde sou, não sei o meu traço.
Naquilo que penso, me calo, engasgo.
E o meu estalo... Não gera um passo.
Sigo sentado, sentindo o mormaço,
De pé eu tremo, como um fino aço.
Se penso e ajo, a jato me sai,
A coisa viva que nunca me trai.
Na fala sem toque, concreta no ar
Eu sigo assim com um discreto mal-estar...
Se vejo e almejo o que é de falar,
A vida estanca e tranca o luar.
No fundo do peito, desfeito de dor,
Ainda seguem razões, segue o horror...
E se sinto falta de luz e ardor,
No coração bate sempre o tremor...
Não fera em batalhas tingidas, fingidas,
Ungido só com mortalhas feridas,
Me nego, renego o tom decantado,
Me debruço assim, atabalhoado....
Se ando em desastre, que arde tragado,
retalho do corte e atalho negado...
Na lápide fria mas sempre ardente
Se fecha o verso fiel ao repente.