Friday, October 13, 2006

 

A Noite de Hermógenes...

Trucco tocando no Estrela da Lapa. Não sabia que era do dono do Mistura Fina. Vozes diziam ser um tal de Zé Galinha. A banda basicamente toca rock e prog rock. O lugar é a nova papa fina, localizado na diagonal do Teatro Odisséia no começo da Mem de Sá. Os alternativos talvez devem crer que se trata de um local burguês. Mas camponeses e operários eles tampouco são. Então sempre é mais agradável um ambiente limpo e bonito, por que não?

A banda em si toca covers mas o repertório era até um pouco obscuro para os incautos que pediam Led Zeppelin, Stones e essas coisas. Apesar do obrigatório Deep Purple, Pink Floyd e quejandos aqui e ali, teve muito Uriah Heep com faixas só para os PhDs da banda. Na mesa com um exímio guitarrista que havia tocado com alguns deles e o Lanzarini, grão-vizir do prog nacional. Como eu amante do Yes. Gostei do fato de que fugiram das faixas de trabalho. Do Yes tocaram Starship Trooper e só dois pares de lábios se moviam com a cadência bonita do não-samba.

O som deixou a desejar, faltando agudos, a guitarra mal equalizada, sem peso, mas não se pode criticar detalhes. No que um companheiro falou que era uma pena pois faltava uma formação com duas guitarras. No que o outro casmurro retrucou que faltava até uma.

Eu pedi minha comanda com o nome Hermógenes com agá por favor para o olhar incrédulo da funcionária da casa, e assim incorporei. Fui com minha camisa do Peter Gabriel. E todos estavam a meia bomba. Até que finalmente chegou o primeiro Genesis com “I Know What I Like” e puxei o cântico e palmas de balbúrdia se alstraram pelo salão como “yellow fever climbing up the bathroom walls...” como diria o bardo escocês. E beijei a parte esquerda da camisa agradecendo os deuses, num gesto que nos remete ao que fazem jogadores de futebol ao marcar um gol.

Interlúdios e silêncios entre canções e gritos sincopados ou isolados pedindo isto ou aquilo. Geralmente bandas famosas, e principalmente Led Zeppelin. Cada um com seu. Minha mesa pediu Marillion, Fish, mais Genesis. Não íamos entrar em Van Der Graaf... Aí Hermógenes urrou: GILSON DE SOUZA!!!!

Mas não é que me vieram com Robert Fripp instrumental do King Crimson? Teve Cream, Queensryche para a turma da mamadeira (Nos anos oitenta tinha que se ouvir Clash e não rock pompadour de agadir), Kansas, Rush (as duas faixas de trabalho e não baixou nem o Neil Peart nem o Steve deu seu sinal de Morse)

Aí consumiu-se o esbulho. Os elementos embriagados de idade avantajada puseram-se a se embalar num St. Vitus Dance, não do Black Sabbath, mas da doença mesmo, pois estava engraçada a falta de jeito de corpo e ninguém acompanhou. Eu era Renato Aragão e Zacarias carinho, pássaro no ninho....

Veio Focus com “Sylvia”.... Veio Jethro...

Veio Gentle Giant, coisas totalmente inesperadas. De Floyd tocaram até Dogs... Muito boa escolha. Banda divertidíssima na heterodoxia de meter lado b. A mesa era mefemeira faltando dois integrante impedidos geograficamente de comparecer. Mas ela deu seus passos enquanto harmonizávamos e cantávamos mais alto do que a banda, enquanto os cidadãos ao redor olhavam curiosos. Lá fora chovia. Cotovias dormindo nas moitas concretas. Pardais arrecadando divisas para o governo estadual.

Constat-ei que estamos ficando velhos. Falamos de George Michael e do seu excepcional Older.... Fizemos enquetes em que vários foram eleitos os melhores de todos os tempos. Na guitarra o rei foi deposto vinte vezes. Acho que terminou ganhando o Richie Blackmore. A melhor banda do mundo foi deposta setecentas vezes, mas nessa é fácil pois o Genesis antigo sempre ganha de goleada. E no telão uma foto de Peter Gabriel em “still” misturada com desenhos de Roger Dean. Mas Peter, jovem, ficou lá conclamando o povo, dizendo que o jantar estava pronto. Mas a banda não chamou ninguém....

Eu vou ver esses caras de novo no Sabadoyle lá na casa em frente ao bondinho do Corcovado.... Não levem relógios Movado... Talvez baixe o Syd Barrett...

Comments:
Isso aí, tirando o que foi ruim, foi muito bom. Para esse próximo show lembrem que ele falou que aceitavam pedidos pelo site e e-mail. Talvez sim algum marillion, mais genesis, e outras diferentes do pink floyd.

Pra quem não conhecia o Queensryche, e quiser conhecer um pouco, coloquei a Silent Lucidity na montanha do Gmail. Caso alguém goste, posso colocar outras, como Empire.

Dez chopps depois e emocionado de ouvir tantas músicas que eu gosto, só me sinto mal de não conhecer tantas outras que foram tocadas.
 
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