Sunday, October 22, 2006

 

Nome de Guerra

Como medir o desenvolvimento educacional de uma nação? Muito fácil. Uma hipótese me veio à cabeça de forma forte e peculiar, como que psicografada. Basta ver o registro de nomes das pessoas. Se Pedro, João, Maria e Rita – e nomes afins, estiverem ganhando de Maílson (serei doravante “persona non grata” na Tendências), Gedimar, Valdebran e correlatos, é sinal de que estamos no caminho certo. A redução de bizarrice é sinal de maturidade e maior nível educacional. Não conheço os nomes bizarros da Noruega, Tanzânia ou da Indonésia. Mas devem ser parecidos. Só podem ser. Aceita-se até nomes de origem estrangeira, como Nicolau e Olga. Até nada tenho contra os ingleses. Mas por favor, batize o menino de Michael, assim mesmo, com essa grafia, e não de Maicon. Nos EUA já tinham começado com nomes de lugares como Brooklyn e Paris. Agora o capitalismo pirou de vez pois já tem gente chamada ESPN, Timberland e Chevrolet.

Como no exemplo tirado do site “Behind the Name” os afro-americanos gostam de usar prefixos ao combinar nomes: DeAndre, DeJuan, DeShawn, JuMichael, Keyshawn, Latonya, Lashonda, Lashawn, T’Keyah e YaSheema são alguns exemplos. Ou então usam substantivos ou adjetivos como Ebony, Precious, Justice ou Unique, que deve ser irmã de Monique. Fala-se até de variações como Kimothy e Natthew, que trata-se de "spoonerism", brincando com os nomes Timothy e Matthew.

Eles têm suas razões para dar tal apodo aos seus rebentos. Mas isso gera discriminação racial quando o postulante ao cargo manda um currículo com o nome Aundray. Já de antemão a pessoa se auto-discrimina, no sentido original do termo. De todo modo, há uma certa coerência com a nomenclatura dos norte-americanos de forma geral.

No Brasil temos um verdadeiro, literal e insolúvel samba do crioulo doido. Fora os nomes exóticos, temos a banalidade da violência nominal “tipo” Hannah Arendt, como no caso de Adolpho (sic) Hitler de Oliveira ou daquelas brincadeiras de infância quando foi provada a existência de Um Dois Três de Oliveira Quatro. Ou de outros mais peculiares e bizarros, em que se cria uma identidade através do nome de guerra eleitoral, como Jorginho Banerj ou Suely Country. Até aí nada demais. Alguns são pleonasticamente engraçados até, como no caso de Antônio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado.

Agora outros nomes são, literalmente, impronunciáveis. Fui no site de acasos do humor, que para mim é uma coisa muito, muito séria. E constatei que isso tudo é uma grande sacanagem com as crianças, alguns já adultos ou mortos, talvez. Tal como Última Delícia do Casal Carvalho. Agora Soraiadite, Radigunda, Mijardina, Finólila, Piaubilina, Kêmula Katrine, Lynildes, Guelery, Eulâmpio, Horinando, Fridundino e Gravitolina é realmente um ato incompreensível de escolha de nomes por parte da mãe que lhes pariu. Eu acho que isso deveria ser um sub-ítem importante (e agora vocês percebem a gravidade do problema) na grande cruzada educacional preconizada por Cristóvão, perdão, Cristovam Buarque. E os políticos, sob a tutela do defensor do Saci Pererê, deveriam dar o exemplo. Pauderney na terra do Ancelmo quer dizer... deixa pra lá....

Homenagens podem e devem ser prestadas, mas os agentes de cartório e os tabeliões precisam ficar atentos. Hericlapiton da Silva não deveria existir. Não com esse nome. Tampouco Tospericagerja (em homenagem à seleção do tri: Tostão, Pelé, Rivelino, Carlos Alberto, Gerson e Jairzinho). Tampouco é aceitável Sudene Fátima. Eu no outro dia fui aferir e testar pessoalmente a gravidade do problema ao entrar no Estrela da Lapa. Ao receber minha comanda, indiquei que meu nome era Hermógenes com agá. Foi muito bom, pois surtiu um efeito de choque. Como alguém pode ter esse nome? Isso é um grande sinal. Apesar do nome em questão ser absolutamente aceitável.

Eu acho isso um barômetro confiável e deveria ser utilizado pelo Marcelo Néri na FGV, ou pelos estudiosos do IPEA. Como sou pluralista e democrático, acho que esse fenômeno tem que morrer de morte morrida e não por decreto.

Caso não tenha jeito, vou apelar para um de meus patrícios chamado Padre Filho do Espírito Santo Amém.

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