Thursday, February 08, 2007

 

Clarisse Tarran - Brasilha



Anagramas de Ordem e Progresso

Preso Segredo Mor . Gorem os Podreres.

Na cidade lisa, onde o olho pouco se fere,

sem quinas, sem perpendiculares quebras.

Olho doido, desliza redondo, inócuo,

boiando num sem tempo (como estas absurdas não construções)

Tudo flutua em ar quente, em seca e rubra atmosfera

Tudo se esconde; a vida, a carne e tudo que se espera

Homens surgem do nada. Inesperadas vezes, mergulham para o nada

Espaços ocos, em ocas moradas. Projeto clean invasor, ocas muradas

Cidade que os ocupantes, simultaneamente, devora e cospe

Em mágico movimento de existência-alinhavo

Não há lugar no mundo melhor para ilicitar

Depois da reunião, depois, depois da proposta, depois

Imunidade parlamentar, decoro, retórica palestra

Festa, infidelidade, propina, fresta

Atendimento ao público, ao meio expediente, encerrado

Orgão público, ao público, privado Brasília, cidade ilha

Poder você com vermelha poeira de flor do cerrado

Cidade deslumbrante, onde em 68 nasci,

não por acaso, morrendo, sufocada.


Comments:
fantástico...
 
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