Tuesday, July 31, 2007

 

Amor e Filosofia

(Resenha pessoal da Revista Filosofia - Ano 1 - No. 3)

Fabio Cardoso Maimone, da PUC-SP, explica que “... até mesmo na palavra Filosofia há relação com este sentimento: amor pela sabedoria. Sofia é sabedoria e Filia é um tipo de amor, que não é carnal, mas o amor da busca, do desejo; é o amor da inquietação...” Hmmm. Subjetivemos pois. Pode ser expresso de várias formas. Mas todas são gestuais. Existe o gesto não físico também. Mas o paralelo está na inquietação, não conformação e busca por saber mais. Busca do objeto ou sujeito, obviamente. Sem duplas intenções, queria dizer que está tudo no Banquete de Platão, claro. Maimone lembra a influência pitagórica em Platão, onde há gritas contra a desmedida e o desequilíbrio, ou contra o gostar do objeto do desejo mais do que do próprio desejar.

Cai-se na dicotomia entre Eros e Afrodite, mas voltando ao livro, o banquete é oferecido em homenagem ao próprio amor. Maimone lembra que o Eros do desejo, ou melhor o desejo de Eros, logo ganhou a conotação da profana (para alguns) trindade da paixão, libido e sexo. Ou seja cai-se numa certa vulgaridade – no sentido estrito sem conotações maiores. Dos convivas Fedro e Pausânias (êpa!), observam-se colocações (double êpa!!) bem instigantes, como a de que “as ações que temos em relação àquele(a) que amamos nunca serão ridículas, e mesmo que exista a possibilidade de agredir um deus, seremos perdoados porque estamos amando”. Maimone lembra da intervenção - quiçá cirúrgica - do médico Erixímaco sobre a questão da cara-metade, androginia e a legitimidade de todas as relações – onde não se trata de viadagem, mas do ser humano completo de tanto amor que encontra em sua natureza única. A androginia visando atingir um estado de deidade onde o verdadeiro Deus separava os dois (no ápice do clinche do boxe) em homem e mulher para serem estes reunidos novamente através do amor.

Sócrates lembra do mito (Diotima de Mantinéia) no qual o amor é filho de Poros (abundância) com Penia (pobreza). Poros, Penia, esse Sócrates não era fácil, disso já sabemos... Ou seja, conclui-se que então não seria o sentimento mais perfeito ou sublime. Maimone diz – nessa vertente - que “quem ama busca o outro para tornar-se perfeito... O dia em que for perfeito cai na tolice...na posse... que não é mais o amor e sim a paixão...” Hmmm, não sei não. Daí vamos ao platonismo mesmo de lembranças, não materialização objetiva, essas coisas onde diz-se que é até um sentimento da alma quando ela sente que perdeu sua condição divina – que é uma coisa literalmente rasteira... O amor platônico assim seria, pelo contrário, uma coisa eterna. Há os que sustentam que o amor é possível somente para os fortes. A questão é se ele leva à virtude, pois no começo tudo é belo, mas temos expectativas e cobranças e aí o trem (altamiro) descarrilha. Nisso muitos conceitos são mal compreendidos, na intensidade da expectativa que leva a conversas, estas sim, vulgares e banais. Maimone lembra que Santo Agostinho pregava que “pecar é você amar as criaturas com o amor de Deus. Ou amar Deus com o amor das criaturas”. Esse cara é bom. Ama-se cada pessoa de cada forma e com intensidades distintas. Maimone se considera aristotélico e não vê com bons olhos o plano idealizado. Daí que “todo ato humano tem em si duas características: a imprevisibilidade e as irreversibilidades”.

Então chegamos novamente à física, talvez, pois pressupõe-se o magnetismo ou essa busca pela fusão, que poderia ou não ser compatível com outro conceito caro à filosofia que seria a liberdade. Então temos talvez Hobbes, Rousseau, Hume e Mill afirmando que há uma compatibilidade, ou seja, o ser humano é dono de seu nariz. Por outro lado, mesmo sem jogar o amor no meio, temos o determinismo kantiano pois trazemos formas e conceitos a priori. Vícios e coisas afins. Assim que Bergson sintetizou bem dizendo que a liberdade é você ser você mesmo - genuinamente. Lembrando que a vida em sociedade e o contrato social são fatores inibidores também. Marco Antônio de Paiva (PUC-MG) lembra que “o exercício da liberdade ‘desejada em sua totalidade’ pode aniquilar a própria liberdade”. Ou seja, com a ausência de limites, do horizonte de Nietzsche, não sabemos o que é o próprio conceito de limite. Então o amor enquanto amor é sempre ambivalente pois vive em tensão e distensão, metafísica ou não.

Comments:
o amor é filosófico?
 
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