Tuesday, July 31, 2007

 

Biro-Biro

“Aquilo que não sei é a minha melhor parte” (Clarice Lispector)

Mário Sérgio Cortella, filósofo da PUC-SP, lembra onde a filosofia tangencia a física quântica com a asserção de Heráclito: “Esse mundo, nenhum homem o fez, nenhum deus o fez. Ele é um fragmento eterno, que se acende e se apaga segundo uma medida desconhecida...” Cai-se então em Platão, no que é, como ele diz, a realidade e a aparência, ou seja, essência e aparência. Coisa com que talvez Oscar Wilde pudesse divergir um pouco. Mas Cortella, não se atendo à alegoria da caverna, lembra que essa tangencialidade com a quântica nos leva de volta, ironicamente, à percepção religiosa. Como ele diz, das coisas não serem exatamente o que aparentam ser. Ou seja, múltiplas dimensões e suspeitas do que parece ser evidente. Ou seja, ainda seguindo seus passos, ele diz que isso nos acolhe no mistério, que, curiosamente nos leva a noções clássicas de teologia medieval. Então caímos no círculo meio doido onde a filosofia não nos auxilia; não ser apaixonado por ela, por aí vai Cortella, mas por ter com ela uma relação amorosa, pois definiu ele a paixão como a suspensão temporária do juízo – o que é bom, ao meu ver. O juízo é de julgar, o que jamais devemos fazer, mas aí já filosofo demais... Discordo também quando ele fala que tem que manter essa relação respeitosa para ter uma certa objetividade no trato com a questão. Ora o pressuposto é lidar com as mil-faces exatamente da subjetividade. Aí caiu ele numa arapuca. Como a “quimera” do filme “Saneamento Básico”. Falando da arte concordo com ele, que ela e a filosofia tem o papel de “inventar o mundo”. E de brincar com conceitos como o que é exotérico(sic) e esotérico. Mas aí caímos no que ele chama de certa religiosidade ou pelo menos a tentativa de saída do provisório para a entrada no permanente.

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