Monday, July 30, 2007

 

Enfim.... Title Very Apropos...

(Portuga mais famoso do universo, tem outro? Nininina... Quem? King Sebastian? Saramago? Cunhal? Salazar? Manuel? Joaquim? No way... Galego number one, o gajo....)

Crítica/biografia

Santo Antônio ganha história erudita e clara

JOSÉ GERALDO COUTO

COLUNISTA DA FOLHA
Antônio, que nasceu em Lisboa por volta de 1189 e morreu em Pádua, na Itália, em 1231, é um dos santos mais populares do catolicismo, em especial nos países latinos. Retratado sempre com o Menino Jesus nos braços, e geralmente também com um livro (conotando sua ligação com os estudos) e um lírio (sua pureza), Antônio -que nasceu Fernando Martins de Bulhões- é invocado para questões de casamento e perda de objetos, entre outras aflições. Mas a fama de casamenteiro surgiu e se espalhou bem depois da morte do santo, como nos mostra o livro "Antônio - O Santo do Amor", de Fernando Nuno. Não se trata de uma hagiografia (biografia "autorizada" de santo, invariavelmente elogiosa e carola), mas de uma busca dos laços entre a vida desse personagem singular e a atribulada história de seu tempo. É quase uma história do cotidiano e das mentalidades na Europa do período, agitada pelas lutas contra os muçulmanos (na Reconquista ibérica e nas Cruzadas), pelo combate às florescentes heresias e pelas dissensões no seio da própria Igreja. Com uma notável erudição, mas ao mesmo tempo com discrição e clareza, o autor acompanha passo a passo a caminhada de Antônio por esse terreno movediço: a crise da adolescência, os primeiros tempos como agostiniano em Coimbra, a mudança para a então nascente ordem franciscana, a tentativa frustrada de se entregar ao martírio no norte da África, o encontro com Francisco de Assis, o combate à heresia cátara no sul da França, a fama como pregador itinerante no norte da Itália, os milagres. Durante a curta vida de Antônio, caem papas e imperadores, constroem-se catedrais, fundam-se universidades, mas sobretudo guerreia-se muito em nome da fé. A contrapelo da intolerância e da violência que dominam sua época, Antônio prega a paz e o entendimento. Em vez das armas, converte pela palavra e pelo exemplo. "Toda história é contemporânea", escreveu o filósofo Benedetto Croce, e esse livro não é exceção. Embora evite cuidadosamente o anacronismo, é evidente que o autor tem em mente os paralelos entre o mundo em que o santo viveu e o nosso, marcado igualmente pelas guerras pretensamente santas. Ao buscar compreender as inquietações de Antônio, com base em fontes muitas vezes comprometidas pelas distorções do mito ou pelas "razões de Estado" da Igreja, o autor elude habilmente o risco de psicanalisar extemporaneamente o santo. Ao tratar do extenso rol de prodígios atribuídos ao personagem, deixa em aberto a questão da sua veracidade, chamando a atenção para os conflitos entre diferentes relatos e versões. Mesmo não sendo obra de devoto, "Antônio" comunica uma profunda admiração por seu personagem, que teria conciliado o brilho intelectual e a humildade, a firmeza moral e a mansidão, a doação ao próximo e a alegria de viver. Como diz o autor no fecho de seu livro, "um homem como este Deus não fez duas vezes".

ANTÔNIO - O SANTO DO AMOR

Autor: Fernando Nuno Editora: Objetiva Quanto: R$ 38,90 (272 págs.)

Avaliação: ótimo

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