Monday, July 30, 2007

 

Tite

(Fragmentos de Tite de Lemos, botafoguense, já que existe um certo zunzum de reviver os setenta; como todos os seres humanos ou não, conseguiu momentos de perspicácia e beleza naquilo que fez, entre uma fézinha num cavalo ou noutro... Em voga temos o rigor métrico, das emoções, da costurada final, da editada sem fim... Rigor mortis.... Mas adoro a ordem sim.... Certas vezes o esguicho já vem correto, apropriado, intenso e perfeito..... E só naqueles momentos é que seguramos a mão de Deus... Ele decide quando, mas temos que estar abertos à graça.... Dedico todos à musa e unzinho ali à amazona; curiosamente chama-se Fortuna....)


Seus olhos índios
Toda insurgente flor será bem-vinda
Ali ou em nenhuma parte estarão as fronteiras
Dos trêmulos cosmos
Nós pensamos diverso mas somos o mesmo



Esboça um caçador a sua caça
A cores sobre os muros de uma gruta.
No exterior a nuvem chumbo passa
Mãe grávida do seu rebento, a Bruta
Chuva, presságio de celestes raivas
Das estações nascendo sem cessar.
O escuro firmamento faiscava.
Criaturas aéreas bebem ar
Que um criador lhes serve qual champanhe
Nos profundos copinhos. Não me estranhe,
Disse-me face a face a onça pintada
Nas minhas quatro ou mais interiores
Paredes. Eu apenas sou seu lado
Do avesso a te seguir aonde fores...


Um último poema é uma fragata
Avizinhando-se do cais do porto
Uma canção que nos consola e mata
Alegremente o coração já morto
Lembra-me gypsies, margaridas; chuvas
Ressurreições. A brisa bruxa acorda
As donzelas princesas e as viúvas
Senhoras dos seus mestres e corpos
Os adeuses têm gosto de suspiros
São doces brevidades souvenirs
Ursinhos de pelúcia de esquecimentos.
Quando nos visitar a inconhecida
Visitante estaremos longe, ausentes
E ao mesmo tempo sempre, sempre, aqui.


FORTUNA


Tão alto é o muro e a casa tão celeste
Nem sei se os olhos meu desvela ou veste
Querer-te quando chega amazona
Ó fortuna mortal e doce peste
Dizimadora transfiguração
Fulgores incas tangos sustos sonos
Ou se algum repentino despertar
- nada que alguém pudesse decifrar
uma vez mais um horizonte azul
inalcançável nos convida a ser
o amigo do mais doido marinheiro
no rastro do teu rastro fugitivo
te sitiar enfim meu unicórnio
no mais leve verão queda de neves

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