Thursday, December 13, 2007

 

Notecom

A definição básica de como recursos escassos são alocados, fundação da economia, é uma idéia de Lionel Robbins com sua definição de economia como “a relação entre fins e meios que têm usos alternativos”. Realmente a escassez torna-se acentuada em certos aspectos e menos em outros, com o advento da reciclagem de materiais etc... Temos então o “paradoxo do diamante” de Mark Skousen, economista um tanto quanto lunático, dado que suas idéias são mais libertárias que as de qualquer libertário que já viveu. Mas vá lá. Realmente o mundo não tem uma escassez de diamantes, há vários, em várias lojas e são encontrados facilmente. Poucos compram pela precificação, mas que eles estão ali em vitrines, lá isso é verdade. A demanda é menor que a oferta no caso.

Mormente, se existem esses mínimos paradoxos no qual se tocam em vacas sagradas, caras tanto a desenvolvimentistas (novo nome para a esquerda ou intervencionistas, ou mesmo keynesianos aloprados) como a liberais, temos que ver a aferição da geração de renda no nível macro. Daí poderíamos observar o custo dessa produção, ou seja, em vez de um Produto Interno Bruto, teríamos um índice nacional bruto de despesas (Gross National Outlays). Um estudo do próprio Skousen avalia que em 1980 um PIB americano de U$3 trilhões saltaria para U$5.9 trilhões com a nova “medida”.

Isso implica que antes de tomarmos qualquer decisão, temos que ver o custo. Ou seja, a alavancagem tão propalada, que gera a crise do subprime hoje em dia, já demonstra que é regra há antanhos. O custo para produzir os ativos já ultrapassaram os mesmos há anos. Então mais uma vaca sagrada vai para o brejo. Melhor olhar para a margem operacional (e isso vale para governos) do que para preços relativos.

Então nem sempre a verdade propalada é o que é. Aqui podemos falar do papel de bancos centrais, ora vilipendiados, ora exaltados. Há economistas que eximem o choque do petróleo como causador do difícil período econômico vivido pelo mundo nos anos 70. Michael David Bordo, em seu estudo, demonstra que houve uma tendência deflacionária nos EUA e Grã-Bretanha de 1800 a 1913. E que desde a instituição da idéia de bancos centrais no início do século XX a situação se inverteu. A expansão da base monetária, via bancos centrais independentes ou não, é uma constante em momentos de crise. Talvez apenas alguns economistas mais escolados saibam, mas Hayek era total opositor da idéia de bancos centrais, creditando os ciclos econômicos, algo visto como tão natural como o sol nascendo no leste, aos mesmos. Ele propunha a “desnacionalização” e competição até na emissão de dinheiro.

Portanto, no âmbito global pode-se inferir que o choque de petróleo da Opep ocorreu após uma grande expansão monetária, ou seja o problema estava mais no lado da demanda. Tanto é que quando Paul Volcker promoveu o já famoso arrocho nos anos 70 o preço do petróleo despencou de forma espetacular. Que sirva de lição atual para que tiremos a fúria e som de se regular toda a economia via política monetária apenas, esquecendo-nos da política fiscal, esta, coitada, escamoteada no armário.


Hagiografando Giambiagi…

Não importa se o que houve no Ipea recentemente, com o afastamento de quatro economistas lotados na casa, foi expurgo ideológico ou apenas uma solução por “métodos administrativos”, codinome para ação gerencial que já daria frios na espinha e revelaria a carta na manga dos jogadores mandatários. A expressão foi usada pelos próprios como defesa do ato. Este, aliás, falho – latu sensu. Freud vive.

O que vale a pena é ver o potencial de cada um dos envolvidos, já que o serviço público se fia na meritocracia e consurso. Por essa ótica, mesmo deixando a ideologia de lado, seria difícil que os atuais mandatários do Ipea entrassem por concurso. Um dos que saíram seria aceito na máquina pública com louvor. Somente por comparar o que dizia o empregado e o empregador.

As quarto primeiras citações na apresentação do último livro de Fábio Giambiagi são exatamente de Montesquieu, Bette Middler, Ralph Waldo Emerson e Keynes. Nenhuma novidade para a obra de um economista, stricto sensu. Mas a frase mais reveladora e relevante advém da incongruente citação da atriz e chanteuse americana que nos diz que quando é 3 da tarde em Nova Iorque é 1938 em Londres, ou, na paráfrase do autor, é 1950 no Brasil. Vale até ver o que ele tirou do escaninho dos supracitados, onde lemos que o que é verdade numa época é erro noutra, que um partido político é apenas um eufemismo elegante para poupar um homem do vexame de pensar, e que o tempo é o melhor professor mas infelizmente mata todos seus alunos. Nenhuma dialética marxista resistiria. Ironicamente são idéias minoritárias no Brasil atual do ufanismo tosco. Como vemos, só pela introdução já se aprovaria as idéias do brilhante economista e seu posto governamental onde quisesse....

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