Monday, March 17, 2008

 

OFF no Nordeste ou Northeast Intelectual... O Empate no Embate....

Isso é literalmente, qualquer nota. Falo do artigo do Otávio Frias Filho (OFF), homem cujo sobrenome denota inclusive sua maneira de abordar fatos ao escrever. Seu artigo na Piauí sobre o (pós) darwinismo é primoroso. Chega a ser - paradoxalmente - caloroso. Antes de dar minha meia dúzia de pitacos mal formulados, vamos a alguns “nuggets” sensacionais. Falando de George P. Murdock, antropólogo americano, nos lembra que há congruências entre os humanos de diferente tez e inclinação relacionadas a 68 práticas. E aí lista algumas como dança, tabus alimentares, ritos fúnebres, tabu do incesto (isso é importante pra burro e pra não burro!), cosmologia, direito de propriedade e por aí vamos.... Falando então - após um passeio epistemológico sobre a sociobiologia de E.O. Wilson, mostra como até pesquisas empíricas e cientificistas não são imunes nem à de-cantada “ilusão ideológica”. Posto que “especulação e evidência” se confundem. Isso é sabido mas vale muito ressaltar mormente aqui no Brasil, onde impera – (outro) paradoxalmente – um romantismo anti-empiricista, que leva ao seu próprio contrário. Do que se vale o “criacionista” atual senão de sua respeitabilidade ao utilizar o empiricismo para derrubar os empiricistas? Soro anti-ofídico, sempre e na veia. OFF (com duplo sentido positivo, denotando isenção) inclusive fala que a “própria distinção entre a emoção e razão não se sustenta”. Isso é a pura Teoria James-Lange das emoções, sobre o que precede o quê, quase como o Ovo de Colombo, pela dificuldade da prova, e da velha conjectura entre o ovo e a galinha.

Num petardo inspirado – que espero que nenhum “criacionista” leia (ou espero que leia sim, pensando bem) – ele mata grande parte da charada darwinista, e aí peço vênia para a citação: “Como as relações de produção na doutrina marxista e as pulsões do inconsciente na psicanálise, tomada numa chave dogmática a teoria da seleção natural se converte em abracadabra para ‘solucionar’ problemas a golpe de mágica”. Que rigor! Completamente verdadeiro. Ou achamos uma rota comum entre o cientificismo e a busca do inexplicável pela tentativa da explicação (não usei a palavra religião ou o que valha de proximidade) ou só dá empate....

Há tentativas rasteiras dos que “acreditam” em se banhar no “ofurô” do empiricismo. A figura de linguagem, creio, não é infeliz, pois Henri Bergson falava do pragmatismo de William James sempre comparando o mesmo como uma imersão numa banheira quente onde a água se esquenta de tal forma, imperceptível, que não sabemos quando é a hora exata de gritar de dor. Uma dessa primeiras tentativas é o “Man’s Origin, Man’s Destiny” com o sub-título de “A Critical Survey of the Principles of Evolution and Christianity”. Tentativa péssima, sem muito rigor, mas pelo menos um livro crucial para entender como almas aflitas foram se valendo de um hiper-racionalismo (algo perigoso) para justificar o que nossos sentidos não depreendem.

Melhor ficar na discussão dos temas darwinistas, onde todos são verdadeiras “federações de genes” (sic) mas agora com um potencial de se auto-conquistar dominando esses genes. Ou eles ainda assim seriam mais “espertos” que nós e nessa própria tentativa nos encaixariam na rota da auto-ilusão? Tema muito bom. Daí vamos às inclinações. Cito OFF: “Somos dilacerados pelas trações contraditórias de cooperar, ludibriar e retaliar... (criamos um sistema jurídico e moral na tentativa de regular essa tensão permanente)”. Ou, “somos sujeitos ao ciúme sexual, porque é vantajoso não desperdiçar investimentos na progênie alheia...”.

Ou seja, no fim das contas, como houve o que OFF chama desse “assalto intelectual do neo-darwinismo”, podemos deduzir que ele é apenas uma reação ao “Segredo”, ao “Sagrado” ao próprio questionamento de “Quem somos Nós?”, onde a “turma da energia”, por assim melhor definir sem perorações pejorativas, começaram a argumentar não mais com tacapes toscos, mas com armas – senão sofisticadas – mas pelo menos com apelo e verniz de sapiência respeitável.

Fecha OFF com uma dedução bastante crível, e aqui, mais uma vez é importante citá-la: “Tudo indica que, mais cedo ou mais tarde, será tecnicamente possível interferir com segurança no repertório genético e recriá-lo. Depende das ciências humanas e não da biologia definir se esse futuro ainda envolto em névoas será mais parecido com o pior dos pesadelos ou com a maior das utopias”. Isso é exatamente uma briga entre Davi e Golias, mas não sejamos tão criativos assim para dar munição aos inimigos. Que na verdade, não existem. A guerra sempre é interna, apenas a externamos.... Somos a "federação". O caminho, o “dharma” é esse mesmo, e dele não podemos fugir, apenas descrevê-lo sem editorial e análise.

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