Monday, July 21, 2008

 

Baltimore

Crônica de Baltimore

Hoje foi o último dia da faxineira. Acabou. Ela se chama Milagro, bom nome, e é salvadorenha. Grande diáspora destes nas redondezas da capital depois das cacetadas políticas dos Anos 80. Farabundo ou Furibundo Martí. O meu amigo falou: vamos nos despedir de Baltimore? Putz é uma coisa carregada, estudei e me formei lá no campus dois da U. of Maryland, cidade de Mencken, Billie Holliday, John Waters, Divine, Barry Levinson, Michael Hedges, Dennis Chambers, Tom Nugent (meu mentor) e muitos mais. Cidade onde Poe tá enterrado e um maluco desconhecido sempre bota uma rosa e garrafa de conhaque no aniversário da morte do mesmo, e ninguém sabe quem é.

Já teve romances da Laura Lipmann sobre isso. Com a Tess Monaghan, mezzo Irlanda, mezzo Itália no sangue. Sempre a imaginei um colosso. A menina era jornalista e remava todo dia. Isso no tempo que eu assinava o Sun, e Lipmann era repórter metropolitana, antes de virar romancista

Tom Nugent já não bebia quando o conheci. Um Zé Lino Grunewald americano. Steven Vicchio, jamesiano até a medula, Johns Hopkins, a melhor escola de medicina do mundo. Hoje em dia resta o porto, Legg Mason e T. Rowe Price; serviço, foi-se a indústria.

Já ao chegar fomos a Federal Hill, do lado do Harbor, fomos no Mother, onde o lema é LIQUOR UP FRONT, POKER IN THE BACK, ou seja: LICK HER UP FRONT, POKE HER IN THE BACK. Hmmm…

Depois fomos ao Kislings, bar do nosso outro amigo, o trio calafrio. Três amigos de Hammond High School.... Guinness a rodo, a cidade melhorando mas ainda é a capital mundial da heroína e tem dois lemas e motos combinados em um.

O dito cujo é Charm City, The City That Reads. Em muitos bancos de praça e muros, aparece a palavra: BELIEVE.... Uma mensagem pra quem quer parar de usar heroína, smack. Cidade quase que cem por “centro” afro-descendente e não rolou crack. Aqui queriam ficar de guaiamum, de caranguejo, manguetown total, smack city.


No Kislings, em Canton, bairro redneck, white trash, um cara doidão de Jack Daniels me cutucou e pediu pra saber se a cerveja Sierra Nevada era boa, se era tão pesada como a Guinness. E eles têm o sotaque arretado. “Warshington D.C.”... “ Warshing Machine”... "I am going danny ocean" (I am going down to the ocean - beach) e todo mundo é hon. Hi hon. Hi hon. Yes hon.... Meio mel.... Cidade muito maluca.

Eu adoro essas cidades americanas medianas, tipo Richmond (curioso Poe nasceu lá mas morreu em Be-more), Sin-sinatti (sim), essa duca, alemão pracas, doideira, cacete racial, lei marcial.
E aí vou fechando meu ciclo americano, Bye Bye América Ves-prepúcio....

Leiam American Mercury se tiverem acesso a registros antigos, leiam Mencken, não morreu, vivaldino da silva, lá na teia de amianto e asfalto.... De Johnny Unitas a Ray quarterback...

Eu estribilho atribulado e tributado sem tributos a Balti-muros dando urros e murros....

Comments:
Interessantemente sonoras. As palavras.
 
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