Tuesday, October 28, 2008

 

Zizekeando

(Für Christina)

Slavoj Zizek, o badalado filósofo e psicanalista esloveno, hegeliano até a medula, nos faz pensar muito (latu sensu) precisamente por se utilizar dos instrumentos da dialética. Esse conceito dado como morto. Mas por ele mesmo ser dialético, está morto podendo estar vivo. A morte é parte da vida. Eis sua síntese. Sim, Zizek é o cara da paralaxe. O Caetano foi ouvir falar. Ouviu falar dele antes, claro. Segundo definição internética, a paralaxe é a medida da aparente mudança de posição de um objeto em relação a um segundo plano mais distante. Hmmm...

A leitura de seus textos nos intimida por nos levar ao espelho e observarmos que quem está do outro lado é o nosso oposto. Nada mais atual. O estatismo salvando o capitalismo

Até algo básico e comum a todos, a busca da felicidade, consagrada no supremo documento político dos EUA, leva pau. Pois Zizek lembra que na psicanálise a traição do desejo tem um nome específico: felicidade. Soa paradoxal? Pois é assim que a coisa funciona. Posto que o desejo leva a avanços sem freios perturbando o equilíbrio da síntese. Pode aplicar o teorema tanto aos mercados, como ao trabalho, esportes, cultura, política (vide Hobbes) etc...

Zizek explica esses e outros conceitos em seu imperdível “Bem-vindo ao Deserto do Real” (Ed. Boitempo). Sim, para nós brasileiros o título pode e deve ser irônico mesmo.

Falando de um ponto de vista europeu, é intrigante ver que o capital por si só não poderia – segundo Zizek – atender a demandas de pleno emprego, estado assistencialista e todos os direitos aos imigrantes. Isso provocaria e já provoca, uma postura reacionária e racista da classe operária vigente nos países onde se encontram tais problemas. Dialética? Na veia.

Hoje já sabemos que o atual valor patrimonial de várias empresas já é maior que seu valor de mercado. Uma antítese do que vivíamos faz pouco tempo.

Assim - como agora - para o mercado não morrer, seu (aparente) inimigo está prestando socorros. Mas cuidado. Foi Marx que se propôs a por Hegel de cabeça para baixo. E assim como Fukuyama previu o fim da história em tom de indagação, Marx previu o fim do capitalismo. Quem critica um teria que criticar, por definição, o outro? O Estado vive do que arrecada do mercado. E essa rima ao avesso sempre foi solução aqui no país do samba.

“Das” Eleição

A cidade do Rio e os EUA têm algo em comum no embate político, que terminou aqui, e se avizinha por lá. A retórica, ainda nos lembra Zizek, de uma luta num aparente estado de emergência retórica contra um estado de emergência pré-existente. Contradição sem solução tanto para vitoriosos como para derrotados. O elitista envergonhado de sua posição, o suburbano orgulhoso dela. Os mais velhos votaram no mais jovem e vice-versa. O mais jovem reacionário mas apoiado pela esquerda, o velho era progressista apoiado pela direita. A direita na esquerda e vice-versa.


Segundo alguns, para obtermos maior liberdade teremos que cerceá-la; para diminuir a vilolência, aumentá-la; para acabar com o clientelismo, temos que sacramentá-lo, e por aí vai. Meios e fins sem início de algo novo.

Na outra corrente, aparentamos ter um messianismo anti-messiânico, uma empáfia de (des)acreditar na dialética, onde devemos fiscalizar o fiscal, julgar o juíz, não admitir erros de estratégia, etc... Agora acabou. O revisionismo sempre chega de forma tardia, caso contrário não faria jus ao nome.

Governo paralelo? Esse já temos, não precisamos de outro. Ele já é o oficial. E o não oficial também. Uma questão de definição básica, pois estão lado a lado.

Um estado zizekiano das coisas...

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