Thursday, November 06, 2008

 

Um Passeio no Leste

Se olharmos para um mapa da cidade do Rio de Janeiro, somente a municipalidade, vamos ver que o Centro, ou parte mínima dele, e a Baía de Guanabara, formam a Zona Leste da cidade. Lá ninguém mora, ninguém vota, os peixes estão nadando de costas. Mas o MAM faz parte da Zona Leste - de volta ao mapa. E comemora 60 anos. Agora. O que deveria ser motivo de júbilo torna-se algo melancólico. O museu está enceradinho e entre a coleção do Chateubriand, já vista mil vezes, o que sobrou das cinzas do acervo permanente, e o que fizeram para montar a retrospectiva atual, diria que é um trabalho de Hércules. Trabalho de abnegados. Mas os próprios se auto-retratam, afirmando com coragem que não daria para fazer nem um módico de mostra com rigor e coerência artística, seja por estilo ou períodos. Ficamos sabendo do Projeto Fênix, que visa não só restaurar, mas muito mais descobrir o que pegou fogo mesmo em 1978. O museu merece mais atenção e carinho das autoridades, mas também do público, que fica em casa vendo o Faustão. Temos toda a questão da cinemateca do MAM, e o fato de que foi palco de shows históricos. Conservar o acervo. Sempre.


Aliás o MAM, não só os Centros Culturais e MNBA restaurado, pode ser uma boa esticada após a mostra sobre o “Corpo Humano” ali perto no Museu Histológico, perdão, Histórico Nacional, com essa “exibição” coordenada por uma empresa com fins lucrativos e ações negociadas na Nasdaq. Nada mais provável e plausível. Corpos humanos como isca. Voyeurismo de raio X. São muitos chineses recortados ao meio, translúcidos, dilacerados, uma espécie de Gray’s Anatomy ao vivo. Tudo isso e muito mais na Zona Leste, pois o Centro se des-locou. Está no meio das matas de Oxóssi, entre um maciço ou uma maloca. Zona Leste da Saúde, Gamboa. Zona Sudeste, descendo até o MAM. E nada mais... Literalmente.

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