Friday, February 20, 2009

 

Mais Zep Ambiental



MEIO AMBIENTE? EU QUERO AMBIENTE INTEIRO...

Fernando Carneiro

Nem em Davos, nem em Belém do Pará, terra onde nasceu Jesus, eles estavam há pouco.... Quando Al Gore fez o seu documentário premiado falando sobre o apo-calipso ambiental, dias depois começaram a pulular no YouTube, qual manjubinhas em ricachuelo com falta de oxigênio, séries de vídeo-vinhetas de gente desprovando cada tese de aquecimento global, desmatamento, calor afanando a calota polar, carros arrotando gases etc… Tudo balela e catastrofismo, dizem. Mas muito persuasivo o argumento dos “contras”. E agora até a flatulência bovina é atacada. Conseguem medir o efeito da manada e do rebanho no planeta. Não me perguntem como. Não como carne, mas não fico tirando onda tampouco. Falo desse assunto mas não sou ambientalista, e tem cara fera que cospe números e fogo das ventas. Eu sou só o tocador de realejo.

Ecologia e meio ambiente. Me lembro que o problema principal – em certo momento - era a preocupação com o lixo nuclear. Agora é muito mais simples: é a interação entre a crescente matéria fecal, produção industrial, gases decorrentes, aquecimento decorrente, somado ao desmatamento do planeta que amenizaria tais problemas. (O cachimbo do meu irmão deve ter um impacto enorme...)

Muito simples. Mas agora é muito mais complexo também. Espécies em extinção, mutações microbióticas, e desconhecimento do novo bioma e suas consequências para todos. E continuamos a “discutir essa relação”, entre o planeta e o meio ambiente, mas não apareceu um terapeuta de casal com voto de minerva. Todas as pesquisas apontam que a maior ameaça ao planeta e aos seres humanos não são (especificamente) os moradores da Barra, nem os do Complexo do Alemão. São problemas ambientais. E o maior problema ambiental – pela lógica bem aparente - é o aumento desenfreado da população humana. Posso estar errado, estou no chutômetro, mas acho que a mira está certa. Nós somos os produtores de dejetos e gases - industriais ou não. Daí vem maior demanda industrial, desmatamento e aumento de emissão. Então todo mundo tem culpa no cartório, rico, pobre, seja quem for. E moradores de todos os bairros, glebas, vilarejos e países, portanto.

Pronto, falei. Eram 3 bilhões de macacos falantes, glabros e eretos até 1950. Agora dobrou para 6 bilhões e pouco. Em 50 anos dobramos o que levou mais tempo do que espera na fila do SUS. Serão 7.5 bilhões até 2050, sengundo a ONU.

(Menos gente também reduz a demanda agregada, o que é bom pra inflação, deixando Lula e Henrique Meirelles felizes, talvez.)

Mas a turma do contra fala que a preocupação é uma tolice, malthusianismo não relacionado ao malte ou a uma Guinness bem tirada. Bom o moquifo tá cheio e não cabe mais ninguém não. O maior problema ambiental? Realmente é que tudo é uma grande eme – literalmente. Tudo ou entra em transformação, ou decomposição, e emite gás.(Até discursos pró-ambientalismo, como veremos apud Anthony Burgess no final. Mais inflamado o discurso, maior a emissão)

Mais gente, mais coisa, mais consumo, mais gás. Menos gente, menos coisa, menos consumo, menos gás. Menos gente, menos consumo, menos demanda, mais desemprego, mais fome, mais miséria. Temos que pedir pra sair junto com o Zero Dois. Perdemos, playboys ou não. Vamos viver o que resta.

Quando a gente ver agora nos blocos de carnaval de Dengue City o Minc, com a Skol na mão, pulando desengonçado, com suas meias cruzando a fronteira do alto tornozelo e chegando quase ao joelho, ficaremos ainda incrédulos com o fato de que (ainda) está em Brasília. Agora quem quer desenvolvimento e crescimento econômico na porrada, moto-serra e tacape são vários companheiros que estão sentados a seu lado, despachando (com) o Lula. Vamos consumir povão. Manter empregos. Gastar. Derrubaêêê. Planta cana. Toma cana. Não fecha conosco, bota em cana. Defenestra a companheira Marina Silva. Mais uma soja? Claro que eu tou a fim....

Isso porque até exatos 1980, os ambientalistas – “das” então não existentes ONGs dos países industrializados - se preocupavam quase que exclusivamente em acabar com a energia nuclear, pesca de cetáceos (e outros temas vistos agora como periféricos). Já eram vistos como radicais! Na época, a palavra de ordem (parecida com a do governo hoje em dia) seria mais congruente saindo da boca de um Maluf. A agenda do Greenpeace já começava a ficar mais difusa e outros companheiros se engajaram no confronto armado. O nascimento e crescimento do Partido Verde alemão deixou todos perplexos. A questão ecológica atropelou o resto do noticiário. Viva o Panda da World Wildlife Federation. O mundo mudou, a muda verde vingou.

Temos até aqui o nosso valioso Partido Verde. Já se institucionalizou de certa forma, mas qualquer discussão que foge inteiramente da esfera da auto-regulamentação, e cai na arena ou no emedebê político, fica complexa. A pauta fica fragmentada, quando tratamos do tema mais importante de todos. Deveria ser supra-pratidário e apolítico. Mas palmas para os bravos guerreiros lutando a boa luta, seja em que partido for. E a luta é tanto do governo como do setor privado, não pode ficar restrita a sesmarias institucionais. Tem que ser espalhada como sementes no solo arado.

E hoje em dia? Mais precisamente aqui no balneário? Como vamos no quesito salubridade?

Na Zona Sul, neste momento, tem muita gente de alto poder aquisitivo com cisto de ameba, giárdia e lombriga. No balneário, chove, a água desce as encostas e penetra nos poros até durante a chuveirada. Bando de imundos, somos. E o aquecimento global se existe ou não, ou se teremos um esfriamento, é muito culpa do tchaca-tchaca indiscriminado. Repito. Esse é o maior problema ambiental. Limpa-se Guana-bay de metais pesados, mas o crescimento da matéria orgânica não cessa. Aliás fossa antisséptica em inglês é “cesspool”. Piscina de encerramento das atividades.

Bem, mas saindo da polis e voltando ao mundo, pois parecemos estar fora dele....

Por que toda essa preocupação giárdica e metânica? Tudo balela, dizem, com prova científica, acrescentam. Tudo gente simpática a George Bush, publicando suas esquisitices na editora Regnery. Basta olhar o catálogo da dita cuja para que os pelos faciais sob as narinas cresçam perfilados em mini-retângulo. Importante mencionar a editora, pois lá foi publicado o maior manifesto inicial do “deixa rolar” na natureza. Do laissez-faire do campo majoritário. Pode jogar papel na rua e não precisa limpar (a eme do) seu cão. Foi o embasamento “teórico” para Bush não assinar o Tratado de Kyoto, anos mais tarde. E das vinhetas anti-ambientalistas do YouTube. Eles são alinhados aos setores mais conservadores que não gostam de nenhum tipo de planejamento familiar, e dizem que não há aquecimento global, as provas não são conclusivas. Curioso. Causa ou consequência?

Mas podemos apontar o dedo para uma responsável de peso – com duplo, please – pela situação. Lá atrás, mas não muito, e talvez com trocadilho – no caso. Quase que tudo culpa do trabalho de Dixy Lee Ray, a gorduchinha da foto, que publicou pela editora já mencionada, o seminal “Trashing the Planet” (Sujando o Planeta) e depois “Environmental Overkill” . Ela é a madrinha, desde 1980, quando era governadora do estado de Washington (terra do Nirvana e do movimento grunge), da turma anti-Marina Silva e dissidências. Professora de zoologia, foi a primeira a vaticinar em canais científicos importantes que os movimentos ambientalistas, anti-energia nuclear, de então, eram um bando de ecoterroristas. Ela antes foi chefe do Comitê de Energia Atômica (!!!) em 1974.

Ironia das ironias. Hoje o mundo endoideceu tanto que a energia nuclear pode ser até uma boa saída, segundo algumas cabeças enriquecidas de Urano. Para sermos honestos intelectualmente, temos que admitir que conceitos sempre devem ser revistos. A questão nuclear pode até ser de valia atualmente. E tecnologia de ponta é fundamental também. O mix não é mutuamente exclusivo.

De volta a Dixy (sic). Depois, como governadora, perdeu a reeleição para um psiquiatra. Hmmmm. Mas essa mulher-pentelho, agora no Céu (com Deus, claro), continua incomodando e muito, pois para cada urro de proteção ambiental, reverbera um bumerangue de idéias opostas, onde regurgitam axiomas revestidos de cientificismo. E Deus castiga. O vulcão no “Monte” St. Helen, em Washington, entrou em erupção durante seu mandato, jogando na atmosfera 910 mil t de dióxido de carbono e 220 mil t de dióxido de enxofre. (Dados dela). Mas aí os justos pagam pelos ímpios.

Que a calota polar está derretendo, não há dúvidas. Mas o contra-argumento meio comme Goebbels (e nada sotto voce) é que o aquecimento global já chegou a Bangu desde “hace mucho”. Da vero. Mas não é por aí a coisa. Derrete porque está quente. Está quente pois há mais emissão. Mais emissão porque tem mais gente. E a água? O boi bebeu...

Vamos ao aquecimento pois.

1 - O argumento recorrente é que as erupções de Krakatoa na Indonésia em 1883, Monte Katmai, no Alasca em 1912 e Hekla na Islândia em 1947, “poluíram” a atmosfera com partículas e gases tóxicos em quantidades superiores às produzidas pela raça humana desde o início da Revolução Industrial.

2 – De 1900 a 1940 houve um aumento médio da temperatura global. De 1940 a 1965 – período de acelerada industrialização e altos níveis de emissão sem técnicas modernas de filtragem, tivemos um (r)esfriamento. Desde 1975 a temperatura vem subindo. Mas se eliminarmos do cálculo o efeito das cidades, que são ilhas de calor, não houve aquecimento global.

Pergunta. Como é que eles sabem disso? Principalmente o número um. (Já que a minha tese central é que tudo está virando um grande número dois nesse mundo?)

Isso são argumentos da turma que diz que não há chuva ácida em Pequim, pois o pH pluvial oscila entre seis e sete. Não deve ter poluição tampouco, pois faz pouco tempo todos andavam de bicicleta.

O problema da falácia, falta de lógica e manipulação de estatísticas é gritante. A última corrente filosófica que abalou os alicerces – no pós existencialismo e estruturalismo - é a volta do empiricismo radical. Que está nas páginas dos jornais e na mídia, onde estatísticas são compiladas e citadas sem a verificação necessária. Daí a lisura e charme do cético. Pois quem cai na esparrela deve estar dando dinheiro para (a) Renascer. Melhor é ser a-traído pela forte correlação entre fatores.

No caso ambiental, isso é gritante. O governo Bush se pautava – ironicamente - pelo ceticismo tosco. E Obama demonstra maior preocupação. Sim, a energia nuclear foi uma grande vitória do lado oposto, e é usada na medicina e salva vidas. Mas voltamos ao problema central. O problema é o lixo. Tanto nuclear como o orgânico. Lixo é dejeto. Esse é o grave problema. E quem fabrica mais dejeto são os humanos e seus pet shop boys and girls. Então o custo para o processamento do lixo e a menor necessidade de exploração da natureza, passam necessariamente pela estabilização da taxa de natalidade, e por maior uso de tecnologia de ponta.

Blairo Maggi e Minc nem precisam brigar. Ora, a mata (atlântica) é necessária para mitigar as emissões e tem até valor estético, artístico e cultural. Quem gosta de serra pelada, não sei não... Tem um quê de pedofilia ecológica.

Para o meio ambiente, a atual desaceleração e crise econômica caiu como maná dos céus. O desmatamento vai despencar pela falta de demanda. Portanto o crescimento econômico desenfreado e consumista é tão “demodê” (sic) como o Chevette 74 circulando pelas ruas de Paracambi. Sejamos corajosos. Se não se falar desse problema, e o empurrarmos para debaixo do tapete, vai dar eme. Das grandes. Que toquem a marcha das valquírias e Duvall enalteça o Agente Laranja matinal. Eu, de minha parte, repito: I hate the smell of shit in the morning…

Agora essa pensata é escrita. O grande Anthony Burgess definia a linguagem e a maneira oral de expressar ideias no seu brilhante livro “A Mouthful of Air”. Ou seja, uma boca cheia de ar, com espasmos verticais e laterais, contrações da glote e interação de músculos, como que no movimento de pistão de motor, consegue exprimir ideias. Mas então observamos que mesmo “falando” sobre o assunto, estamos aumentando a emissão seja lá do que for. Então não vamos mais falar sobre isso. Meditação e silêncio. Ajuda a consumir menos e diminui a emissão, seja de ideias questionáveis ou simplesmente de gás carbônico. Depois teremos outro problema ambiental que será maior que o atual. Meio ambiente não. Inteiro.

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