Monday, March 09, 2009

 

Carne No Vale

Nosso blog saiu da rua faz tempo
BLOG, Carnaval 2009
Texto: Fernando CarneiroFotos: Jean Marc Schwartzenberg

What the porra is Songorocossongo?
Carnaval é uma festa bipolar num mundo unilateral. Ainda. Como geralmente e literalmente cai num mês bissexto, tem ano que o cara tá com vontade de ir pra esbórnia, e tem outros em que ele já faz a expiação da quaresma de véspera. Faz juras medonhas contra os pecados da luxúria, gula e todo o resto. Medita, fica mantraqueando, sei lá. Eu resolvi que ia começar minhas orações um pouco mais cedo. Mas aí mudei de idéia rapidamente. Isso aqui é o Rio de Janeiro . Tenho amigos radicalmente pró e contra. O carnaval, é claro. E fiquei oscilante, oscilando, oscilou…
Eu tava num perrengue violento. Inicialmente, a vontade era me trancar no ar condicionado e ver clips da Hebe Camargo. Queria estudar novas formas de tortura já que o Obama prometeu acabar com as tradicionais. Até falei com meu amigo lá em Londres, perguntando como é que tava aquela porcaria cinzenta que eu amo. Ele disse que tinha ido no Speaker’s Corner (tribuna livre no Hyde Park onde qualquer um sobe e começa a fazer um discurso) e viu um cara com feições asiáticas dizendo que era o Chairman Mao e que ele tinha avisado inúmeras vezes que ia voltar firme e forte. Azar dos que não escutaram.
Pedi um tempo a Deus e com essa deixa fui buscar sarna pra me coçar. Pensei em tambor e bate coxa. Vamos pro mundo. Desculpe meu Rei Arthur. Já sabia que eu mesmo ia tocar num bloco no Domingo. Então tinha que ir pra concentração. Ou ficar nela. Claro que não deu para ver tudo. Mas a minha amostra gratis é quente. Geralmente sobre as fantasias mais originais, as imagens valem mais que mil palavras, descrições e indiscrições ébrias.
Ah e esse carnaval, no que me toca – êpa - foi “mi-careta”. O que me fez achar que realmente o mundo está completamente ensandecido e alucinado. Aumentou e potencializou tudo, o calor, cheiro de urina, gente sebenta e sebosa, e coisa e tal. Nada de Sapucaí, nem sapeca um aqui. Com Lularalalalaiá jogando troianos e gregos na cabeça da plebe. Foi pé no chão, como implora Beth Carvalho no orvalho que infelizmente não caiu.
O plano era evitar todos os blocos monstruosamente gigantescos. Alguém também me disse para evitar o quadrilátero da morte composto de Gávea, Lagoa, Ipanema e Leblon. E isso consegui. Então fui de manhã cedo, hora de cafezinho com água de coco ver o Songorocossongo em Santa Teresa. Costumo me vangloriar em ser um expert em canciones latinas pois tenho duas filhas com as veias galeanamente abertas e cucarachas de pedigree colombiano.
Em primeiro lugar: what the porra is Songorocossongo? Não sei. E ontem fui nos Tocadores da Lua de candombe (sic) uruguaio, ritmo que me atrai faz tempos. Na Fernandes Guimarães, com fogueira para esticar as peles pois as tumbadoras deles não tem tarraquetas, é prego na madeira furando couro no processo.
Voltando ao Songo. A água afetou minha razão. Chegando perto do Largo dos Neves, hora de cair fora pro Gengibrinho. Fui acompanhado do uber (caiu a trema aqui então caiu lá também cacete!) carnavalesco Guilherme Studart, que sempre tem as grandes dicas para essa época. O bloco foi bom, diferente, e animou os fo-leões… Pra Zé Pereira nenhum botar defeito.
No Bloco Crú cruzei sob o cruzeiro do sul com Lois Lancaster, que me falou de um projeto pagótico interessante. Seria um bloco de zumbis? Nem f…. Ele ia no Vade Retro (e não foi). Falta bloco mal comportado, falando merda. Faz uma falta danada nessas horas. Quer beque? Fica no Canadá…. Ou a cana dá… Chega… (continua aqui)

Ah! Eu tô molusco!
Aí acabei, depois do Songo, na Urca esperando o Exalta Rei, o famoso bloco dedicado a canções do Roberto Carlos. Não o lateral esquerdo. E, como sabemos, o rei acenou do playground.
Rei, rei rei, desce para o playRei, rei, rei, o Rei é nosso rei
Depois disso o bloco murchou, não dava para dar mais uma depois do gozo apoteótico. Pô bicho, o verbo virou carne na festa profana. Jesus Cristo esteve ali debaixo dos caracóis de muito cabeludo.
Rancho Flor? Vamonos muchachos. O muvucômetro começou a bipar descontroladamente e pulei fora depois de um pastel de provolone no Aboim. Parafraseando o velho Lua, tinha nego grudado que nem piolho, tinha nega piscando olho e me chamando pra dançar… E eu não fui lá.
Fui pra casa pensando no Zoobloco no dia seguinte. Eu não sou humano nem no nome. Seria minha estréia num bloco com mil características que me agradam. Primeiro que é ali na Praça XV, Arco dos Telles. O esquenta é com canções dos Saltimbancos e o bloco é totalmente família. Até parece! Tudo que é canção ou referência a animais vale. Então a primeira fantasia original do dia: um cara vestido de Cauby Peixoto. Eu fui pronto pra briga. Como Randy “O Carneiro” Robinson. Só que não me fantaseei de telequete nem a porrada. Um Cauby já era suficiente.
Como Carneiro, fui na cara e na coragem. A caráter. De rigueur. Ainda de camisa com Ganesha no peito, caso não entendessem a fantasia de moleque gonzaguinha; e se virasse sauna meu Leão da Tribo de Judá tatuado no omoplata não me larga nem com pedra pome. Tava pronto pra bestialidade. Qual nada. Vi vaca, mas nenhuma piranha. Nem galinha. Uma ou duas gatas. Homem pra mim é cachorro. Não tinha cobra nem aranha de fora, como na “Sapecaí…” Tudo muito comportado.
O grito de guerra no final era: “Ah! Eu tô molusco!” Mas o hit que literalmente levantou a galera e fez do furdúncio um pandemônio foi uma batida super rápida de carneirinho, carneirão…. A família dó, ré, mu tava lá. Tinha um asno. E o jacaré no seco andou. Não vi urubu (devia estar jogando wiiiiiii)…
Depois desse final apoteótico vi que estamos bem servidos de blocos de todos os tipos. Fui no Bagunça, tem bloco de tudo que é jeito. O próprio Studart, chefe do Bonde do Jiló, e figura ímpar na cultura carioca, faz uma lista com uma panorama dos blocos. Tou esperando, babando como um (b)ovino…. Tira da tomada…. Saio com a pata direita….
Esse post foi publicado de quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009 às 19:31, e arquivado em BLOG, Carnaval 2009. Você pode acompanhar os comentários desse post através do feed RSS 2.0. Você pode comentar ou mandar um trackback do seu site pra cá.
Um comentário para “Nosso blog saiu da rua faz tempo”
J. disse: 28 de fevereiro de 2009 às 1:02
O Songo é demais.
Uma festa de filme de Sinbad, catarse total. O refrão Pim-Pirim-Pim-Pim-Hey!, acompanhado pela turba, foi o grande momento do carnaval 2009.
Mas não espalha.

Comments:
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