Tuesday, August 11, 2009

 

Contestando

9 de agosto de 2009
Cont-estado de espírito
BLOG, Papo dez

Por Fernando Carneiro
Muito interessante a coluna Logo do “Globo” de hoje, onde o cineasta Sylvio Back fala um pouco sobre a Guerra do Contestado em Santa Catarina, e sobre seu próximo filme em relação ao tema. Realmente é triste ver que temos poucas fontes primárias sobre uma rebelião tão importante, e que seu maior expert, Todd Diacon, seja professor da Universidade do Tennessee.
Quando fiz a resenha do livro de Diacon, ele ainda era da Univesidade Duke e isso foi em outra encarnação, no “Times of the Americas” – em inglês mesmo. O mais importante a ressaltar do Contestado é que a parte política e ideário foi ficando de lado e sobressaiu o caráter milenarista da coisa. Os protagonistas chamavam-se José Maria e Adeodato, e a própria inssurreição não era nada vanguardista – algo omitido por Back. Toda a modernidade, a estrada de ferro, o tal do progresso como alguns assim o chamam, não foi bem digerido pela caboclada e por polacos. Mais uma vez, o narrador principal de uma de nossas mazelas mais importantes é de fora.
Enfim, o mais curioso é que no seu projeto, Back nos conta que recorreu a médiuns e ao espiritismo para tentar retratar e/ou pelo menos entender o que aconteceu. Resta muito pouco. Eu acho que apesar de inusitado, alguém falar sobre esse método de pesquisa num jornal de família num domingo de inverno, ele está coberto de razão. Em primeiro lugar, a curimba é nossa como a taça do mundo. Esse país tem a síndrome da perda de memória recente. No Contestado ou no Senado – onde o caldo de sururu é indigesto. Portanto eu apóio, em se faltando fonte primária, recorrer às entidades. Filantrópicas ou metafísicas.
Os gringos ficam zilionários com filmes como “O segredo” e “Quem somos nós?”. E cientistas renomados, alguns hindus e físicos quânticos para dar a pitada xamânico-matemática, falam que é tudo verdade no docudrama da vida. Sem contar que no caso dos hindus, os royalties gerados pela yoga são incomputáveis e inimputáveis. A coisa faz um bem danado. A todos. Então acho que ao usar a mediunidade e espiritualidade, estamos abrindo uma importante frente contra os pós-positivistas de plantão, seguidores de Comte, e não de Platão.
Essa nova frente telepática pode ser inserida em outros rincões de atividades econômicas, não só fazendo trabalho de reconstituição histórica, mas prevendo colheitas para o agronegócio, dentre outras mil frentes a serem abertas. Enfim, temos que institucionalizar a curimba, pois ela é nossa. Esse nome em si se refere ao conclamar das entidades pelos ogãs, que rufam as tumbadoras chamando os mesmos.
Mas sem ministério, por favor.
Bom que ela comece a ser usada para uma reconstituição histórica. Sim, vamos abrir um precedente enorme. Mas nem pensem em contestar minhas idéias. O preto velho me protege. Fale mal da curimba correndo risco próprio.
Esse post foi publicado de domingo, 9 de agosto de 2009 às 10:52, e arquivado em BLOG, Papo dez. Você pode acompanhar os comentários desse post através do feed RSS 2.0. Você pode comentar ou mandar um trackback do seu site pra cá.
Um comentário para “Cont-estado de espírito”
Carlos Alberto Mattos disse: 10 de agosto de 2009 às 11:31
Sylvio Back já havia utilizado o recurso de médiuns em “O Autoretrato de Bakun”, mas era para evocar um pintor falecido. Agora é para levantar informações históricas, o que soa ainda mais provocador.
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